Der Tagesspiegel (Alemanha):
Os programas
jornalísticos do Brasil alertaram os telespectadores sobre os muitos palavrões
que seriam ouvidos na noite de sexta-feira. Eles não foram ocultados por razões
de transparência. Foi então transmitida a gravação de uma reunião de gabinete
do governo do presidente Jair Bolsonaro. Tratava-se de uma avaliação geral do
estado do país e do governo. As 3 mil mortes que a pandemia de covid-19 havia
provocado até aquele momento foram abordadas apenas marginalmente.O presidente
se concentrou em atacar, ameaçar, demonstrar raiva. Passou a impressão de um
presidente nas trincheiras, jogando granadas verbais ao seu redor. Ele usou os
termos "bosta" e "merda" dezenas de vezes.Apesar dessas
declarações reveladoras e dos muitos palavrões, é improvável que a reunião do
gabinete que se tornou pública mude politicamente qualquer coisa no Brasil. O
país está extremamente dividido entre apoiadores e oponentes de Bolsonaro.
Ambos os lados devem usar o vídeo para justificar suas teses.
Welt (Alemanha), com agência AFP:
O vídeo de uma reunião de
gabinete no final de abril mostra vários detalhes sujos que podem causar sérios
danos ao governo. O presidente Jair Bolsonaro fala palavrões diversas vezes.Como
parte de uma investigação sobre o chefe de Estado brasileiro Jair Bolsonaro, um
juiz do Supremo Tribunal Federal divulgou um vídeo que reforça alegações de
interferência policial. No entanto, o vídeo, registrado em 22 de abril, revela
outros detalhes sujos que podem causar sérios danos ao governo do presidente
radical de direita, que está no cargo há 18 meses.O ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, por sua vez, propôs usar o momento em que "a mídia está
apenas falando da covid-19" para "mudar todos os regulamentos"
que impedem a mineração e a agricultura em terras protegidas na Amazônia. Os
opositores do presidente reagiram ao vídeo na sexta-feira com fortes panelaços
nas janelas.
Die Tageszeitung (Alemanha):
Na reunião de gabinete de
duas horas, o político de direita afirmou, entre outras coisas, que havia
tentado trocar guardas de segurança no Rio de Janeiro. Supõe-se que ele quis
dizer Polícia Federal ao falar de "segurança". "Eu não vou
esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não
posso trocar alguém da segurança", rugiu Bolsonaro no vídeo.O vídeo mostra
mais coisas. Um Bolsonaro colérico lança palavrões obscenos e insulta a mídia e
oponentes políticos em uma ofensiva geral. Segundo Bolsonaro, os governadores
de São Paulo e Rio de Janeiro implementaram medidas estritas para conter a
covid-19 por razões ideológicas. O Brasil agora tem o segundo maior número de
infecções no mundo.No entanto, a gravação pode alimentar ainda mais o
comportamento "é agora ou nunca" de seus seguidores. Os ataques
diretos de Bolsonaro apelam para as vísceras de seus seguidores radicalizados.
São brasileiros que dificilmente seriam receptivos à mídia tradicional e que
obtêm informações quase que exclusivamente pelas mídias sociais. Eles são leais
a Bolsonaro, apesar dos inúmeros escândalos e crises.
Financial Times (Reino Unido):
O inquérito que aborda
ações de Jair Bolsonaro teve uma nova reviravolta na sexta-feira com a
divulgação de um vídeo explosivo, que mostrou o presidente brasileiro
aparentemente admitindo que tentou proteger sua família de ser
"fodida" em investigações.
Na sexta-feira, o Supremo
Tribunal Federal divulgou um vídeo de uma reunião ministerial ocorrida no mês
passado, durante a qual Bolsonaro disse: "Eu não vou esperar foder a minha
família toda."Conforme os desafios políticos para o líder brasileiro
aumentaram nas últimas semanas, também aumentou a preocupação com a
radicalização de sua base de apoiadores. Em manifestações, alguns apoiadores
parecem estar adotando uma postura paramilitar, vestindo uniformes e pedindo o
fechamento do Congresso e do Supremo.
The Guardian (Reino Unido), com AP:
Bolsonaro sofre abalo
após juiz ordenar liberação de vídeo repleto de palavrõesUm vídeo repleto de
palavrões que mostra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, expressando
frustração diante da sua incapacidade de obter informações da polícia e
ameaçando trocar ministros, se isso fosse necessário para proteger sua família,
foi divulgado por ordem do Supremo Tribunal Federal, provocando um novo abalo
para o presidente de extrema direita.A popularidade de Bolsonaro tem caído em
parte devido à saída de Moro – que é amplamente encarado como um cruzado
anticorrupção – e pelas tentativas do governo de minimizar a pandemia de
coronavírus, que já matou mais de 20 mil brasileiros em um ritmo crescente.
El País (Espanha):
Alguns fragmentos do que
foi dito foram divulgados nas últimas semanas por meio de vazamentos para a
imprensa, mas agora cada um dos 210 milhões de brasileiros pode ver o vídeo em
suas TVs ou telefones. E julgar por si mesmos.Vale ressaltar que, embora a
reunião tenha durado mais de três horas, houve algumas menções ao coronavírus,
mas nenhum debate sobre como lidar com a pandemia. O Brasil se tornou nesta
sexta-feira o segundo país com mais casos confirmados no mundo, atrás apenas
dos Estados Unidos.
Em outro trecho do vídeo
transmitido pelas redes de televisão, Bolsonaro fez um ardente discurso
favorável à compra de armamento pelos cidadãos. "Por isso que eu quero que
o povo se arme! Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor
uma ditadura aqui! Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema,
e deixa todo mundo dentro de casa", diz o presidente que, desde o início
da crise da saúde, insiste que as consequências econômicas serão muito mais
graves do que os efeitos diretos da covid-19.
Diário de Notícias (Portugal):
"Vou interferir e
ponto final", diz Jair Bolsonaro durante uma reunião com os seus ministros
no final de abril."Noutros pontos do vídeo, Bolsonaro chama os governantes
do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Manaus, todos favoráveis ao confinamento,
de "bostas" e de "estrume". Diz ainda que quer "armar
o povo" para "evitar uma ditadura". "É fácil impor uma
ditadura aqui, facílimo." O ministro da Educação, Abraham Weintraub,
afirma querer "prender os vagabundos dos juízes do STF".
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