O partido Renamo, embora minoritário na Assembleia da
República (AR), conseguiu adiar a eleição dos membros da Comissão Central de
Ética Pública por discordar da indicação do jornalista Gustavo Mavie, proposto
pelo partido Frelimo. “Como é que é possível o Parlamento apostar numa pessoa
que já foi penalizada pelo Tribunal Administrativo por gestão danosa” afirmou,
na passada sexta-feira (22), o deputado Venâncio Mondlane que recordou falta de
idoneidade do antigo director da AIM.
Servindo-se da maioria de deputados que possui na AR a
bancada do partido no poder impôs na Comissão dos Assuntos Constitucionais,
Direitos Humanos e de Legalidade que, tal como Páscoa Julião Buque e
Leovilgildo Buanancasso, o jornalista Gustavo Lissetiane Mavie reúne os
requisitos legais, é personalidade idónea, integra e tem reconhecido mérito
para integrar a comissão criada para administrar eventuais conflitos
decorrentes da aplicação da Lei da Probidade Pública em Moçambique.
O deputado
da Renamo, Venâncio Mondlane recordou aos deputados a vasta lista de actos de gestão
danosa cometidas por Mavie quando era director geral da Agência de Informação
de Moçambique (AIM). “Como é que é possível o Parlamento apostar numa pessoa
que já foi penalizada pelo Tribunal Administrativo por gestão danosa devido a
qual foi alvo de sindicância e obrigado a pagar multas?”.
Durante uma auditoria realizada em 2012 o Tribunal
Administrativo detectou quase três dezenas de actos de gestão danosa na AIM,
dentre eles: realização de despesas sem prévia emissão de requisição, desvio de
aplicação de fundos; falta de justificativos na realização de despesas, compra
ilegal de equipamento informático, pagamento de despesas a terceiros.
O chefe da bancada do partido Frelimo, que começou por
defender Gustavo Mavie caracterizando-o como sendo “pessoa culta e com
conhecimento profundo da realidade moçambicana e que sempre denunciou os
horrores da guerra civil dos 16 anos, ele tem todas qualidades para fazer parte
da Comissão Central da Ética Pública”, acabou por pedir o adiamento da sessão
plenária. “Havendo necessidade de garantir uma melhor análise do assunto, a
minha bancada achou por bem requerer a interrupção da presente sessão”,
declarou Sérgio Pantie, sem avançar qualquer outra data para a eleição. A Comissão Central da Ética Publica é constituída por
nove membros dos quais três designados pelo governo, outros três pelos
conselhos superiores das magistraturas e mais três pela Assembleia da
República. Devido a este impasse foi também adiada a eleição dos Membros do
Conselho Superior da Magistratura Judicial Administrativa para onde estão
indicados António do Rosário Grispos e José Manuel Roque Gonçalves, pelo
partido Frelimo, e Daniel João Daniel, proposto pela bancada do partido Renamo.
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