Por causa da crise da Covid-19, cerca de
16% dos inquilinos na África do Sul não pagaram a renda referente ao mês de
abril, segundo a organização não-governamental sul-africana "Rede do
Perfil do Inquilino". A previsão para o mês de maio é de agravamento do
número, devido ao desemprego causado pelo novo coronavírus e pelo confinamento
obrigatório.O Governo sul-africano proibiu despejos em tempo de crise, mas
vários proprietários de residências já enviaram cartas de aviso aos seus
inquilinos. Joana Muthemba, uma moçambicana radicada na
África do Sul, conta à DW África que não consegue pagar a renda pelo segundo
mês consecutivo, e recebeu uma dessas cartas.
"Os donos da casa mandaram-me uma
carta de aviso para que pague o mais urgente possível a renda e com multas.
Dizem que, se eu não cumprir, irão me mandar embora da casa. Estou a pedir
ajuda, porque não sei o que fazer."
O regresso definitivo a Moçambique é uma
medida cogitada pela moçambicana Amélia Matusse. Pede ao Presidente Filipe
Nyusi "transporte ou alguma coisa" que ajude no regresso ao país
natal. "O dinheiro [dívida da renda] está a acumular-se, a gente não tem
dinheiro, não sabemos como é que vamos pagar. Quando isto acabar só quero ir
para casa. Cansei de sofrer aqui." Prevê-se que, por causa da crise, a taxa de
desemprego na África do Sul ultrapasse os 29%, registados antes da pandemia.O
eletricista moçambicano Josefa Machaque está desesperado devido à falta de
trabalho nos últimos tempos."Nós estamos aqui à base do trabalho, agora
fechamos o trabalho e não temos nada para fazer. É só trancarmo-nos em casa e a
alimentação acaba, e os donos da casa também querem o dinheiro para pagar a
renda".
A África do Sul já registou mais de 6.700
casos de Covid-19, e 131 mortes. O país transitou a 1 de maio do nível de
alerta 5 para o 4: algumas restrições foram levantadas, e a economia está a
reabrir de forma faseada - é o caso de fábricas e minas, que podem voltar a
funcionar com um terço dos empregados.O Tesouro Nacional da África do Sul
estima este ano uma quebra na economia na ordem dos 5,8% do Produto Interno
Bruto (PIB).O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou entretanto um
pacote de ajuda de 26 mil milhões de dólares para apoiar os trabalhadores do
setor informal.
O Governo prevê também reabrir as escolas
paulatinamente, a partir de 1 de junho. Mas há quem tema as consequências de um
levantamento demasiado brusco das medidas de contenção contra o novo
coronavírus. Uma providência cautelar movida por duas ONG é ouvida esta
terça-feira (05.05) no Tribunal Superior de Polokwane, para prevenir o regresso
às aulas durante o nível 4 do confinamento obrigatório.
(Por: M. Maluleque (Joanesburgo)
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