O processo que investiga a morte do antigo edil da cidade
nortenha moçambicana de Nampula, Mahamudo Amurane, vai à instrução
contraditória no dia 24 deste mês, depois de ter sido remetido ao tribunal pelo
Ministério Público.Mahamudo Amurane foi assassinado defronte da sua residência
pessoal, na periferia daquela cidade, no dia 04 de Outubro de 2017, depois de
celebrar o Dia da Paz na Praça dos Heróis em Nampula.“O País” teve acesso ao
processo e revela que são arguidos no mesmo duas pessoas muito próximas ao
malogrado. Trata-se de um empresário da área de construção civil e de um seu
vereador com que estivera reunido antes de sua morte.Na instrução preparatória,
que levou um ano, foram ouvidas mais de 70 pessoas nas províncias nortenhas de
Nampula e Niassa, bem como na cidade da Beira, centro do país. Da informação
recolhida pelos investigadores, os indícios fortes recaíram sobre as duas
pessoas com quem Amurane esteve até aos últimos segundos da sua vida, os mesmos
que são os arguidos do processo , submetido em finais de Janeiro deste ano ao
Tribunal Judicial da Província de Nampula.
Dos documentos que o jornal teve acesso consta que na fase
de audição, isso na instrução preparatória dirigida pela Procuradoria, os
indiciados disseram que o assassino efectuou os disparos de frente para traz.
Todavia, o lauda da Medicina Legal, bem como o exame balístico revelam que os
tiros foram feitos de traz para frente, a uma curta distancia e inclusivamente
uma das perfurações deu uma abertura no tórax com uma especificidade que prova
que os três tiros foram à queima-roupa, ou melhor, a uma curta distância.Outro
elemento que alimenta a suspeita do envolvimento dos dois homens é o facto de
terem saído do local do crime sem prestar socorro à vítima. Foi preciso fazer a
reconstituição do crime no local por duas vezes por peritos do Serviço Nacional
de Investigação Criminal para melhor produção de prova. Um dos mistérios em
torno deste crime é que a perícia médico-forense concluiu igualmente que os
projecteis perfuraram o corpo numa posição obliqua, de cima para baixo, dando a
entender que, ou o atirador era mais alto, ou que estava num nível mais elevado
em relação à base e que Amurane se encontrava.
A pedido da defesa, o Tribunal marcou o dia 24 de Abril
corrente para a instrução contraditória. Trata-se de uma fase do processo em
que os advogados procuram trazer argumentos probatórios para enfraquecer a
acusação da Procuradoria e é com base em todos os elementos processuais que o
juiz decide pronunciar ou despronunciar os arguidos.
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