O ENREDO ESTÁ
A FICAR CLARO JÁ
Fomos
roubados.
Fomos mentidos.
Fomos, como povo, julgados, condenados e estamos
neste momento a cumprir a pena: estamos há 4 anos sem o programa do FMI, sem as
“cartas de conforto” e o nosso nome como país lá fora está na lama.
Era uma vez
um grupo de dirigentes gulosos, certos de que até 2015 “Palma” iria jorrar gás,
decidiram contratar uma enorme dívida, à margem das regras de jogo e do mercado
internacional. Fizeram-no movidos pela inveja que nutriam dos moçambicanos,
mesmo sendo eles também moçambicanos e gula excessiva. Nos seus cálculos,
contratavam a dívida e depois seriam os donos das empresas a serem criadas e
viveriam para sempre faustosamente enquanto os proventos do gás pagariam o
resto do serviço da dívida.
Para tal,
criaram uma história. A narrativa da segurança nacional. “O pais deve se
preparar para os desafios da segurança nacional”. Fruto de alguma
intransigência e exclusão, criaram a segunda narrativa. A segunda guerra civil.
E também identificaram um “peixe” chamado Atum. Disseram que era para comê-lo e
vender.
O QUE É
VERDADE e onde reside a mentira? Tudo isso é verdade: na altura, o país
enfrentava ameaças de segurança sim. No nosso mar, há sim atum para pescar.
Existe sim necessidade de nos preparar para os grandes projectos de hidrocarbonetos
e deles tirar proveito. Todavia, não foi necessariamente isso que os moveu a
irem emprestar dinheiro. ELES ESTAVAM ANSIOSOS EM ROUBAR e essas condições
conjunturais todas apresentavam-se ótimas oportunidades a não perder. Queriam
sair da governação ricos e provavelmente mais ricos que qualquer outro cidadão
moçambicano vivo e por nascer.
O que
fizeram?
Foram ter
com suíços e russos, contraíram a divida à margem das regras de jogo e
internamente, à margem da autorização pelo parlamento. Os suíços que aceitaram
tal negócio estavam conscientes de que iriam lucrar com o negócio. E os
moçambicanos, também sabiam que iriam lucrar de qualquer jeito. O dinheiro
chegou, compraram bugigangas a preços de ouro, inflacionaram preços, ganharam
comissões, prenderam pessoas, insultaram outras, defenderam-se até que no dia
29 de dezembro de 2018, alguém foi detido. No dia 03 de janeiro de 2019, outros
quatro, um franco-libanês, um britânico, um libanês e um suíço foram também
detidos. Os suíços e britânicos disseram que irão colaborar; os defensores
locais, da cúria dos lesa-pátria falaram de autoestima e da falta de proteção
do estado.
A acusação
que pesa sobre Andrew Pearse, Surjan Singh e Detelina Subeva Safa é de que eles
conspiraram para contornar os mecanismos e procedimentos internos da Credit
Suisse com objectivo de se beneficiar do dinheiro emprestado. E a prova é de
que depois do dinheiro sair, eles deixaram a Credit Suisse.Os promotores
americanos disseram que pelo menos US $ 200 milhões foram desviados a favor dos
acusados e outros funcionários do governo moçambicano. Eles afirmam que os
acusados fizeram uso indevido dos fundos e enganaram os investidores no
exterior, incluindo nos Estados Unidos sobre a credibilidade creditícia de
Moçambique. As empresas perderam mais de US $ 700 milhões em pagamentos de
empréstimos depois da inadimplência em 2016 e 2017. E ISSO É VERDADE.
E porque a
acusação é verdadeira?
1. Primeiro,
porque internamente o parlamento confirmou que a dívida foi ilegal; se depois
votaram para a sua inscrição no OE ou não, este é outro assunto.
2. Segundo,
porque as armas que disseram terem comprado, não existem; ninguém as viu. Pelo
menos não estão nas mãos das FADM. O relatório da Kroll não conseguiu apurar
tais armas. E tinha que ser tão estranho que, armas compradas para as FADM não
tivessem sido compradas pelas autoridades do Ministério da Defesa e do
Estado-maior das FADM.
3. Terceiro,
porque as compras de barcos de pesca e outro equipamento, para além de caras,
estão até hoje inoperacionais;
4. Quarto,
porque outros aparelhos de patrulha só servem para patrulhar o fecalismo a céu
aberto ao longo da orla marítima pois não são capazes se quer de perseguir
malfeitores e piratas até o alto-mar.
Não estou a
dizer nada de novo aqui. Tudo vem no relatório da Kroll, a que todos tivemos
acesso. Agora, outros dados clarificam e confirmam as suspeitas.
Com o
dinheiro desse roubo, muitas famílias aqui em Maputo mudaram de vida. Adquiram
viaturas que normalmente não seriam capazes de adquirir; construíram casas que
normalmente não seriam capazes de construir; iniciaram negócios que em
condições normais não seriam capazes; casaram muitas mulheres que nós as
conhecemos; viajaram para o exterior mais que um americano. Nós os conhecemos.
Nós sabemos quanto ganham. E conhecemos os preços mínimos dos produtos e
serviços que adquiriam e da vida que levam. Apesar de a PGR ter uma lei contra
o enriquecimento ilícito, nada faz.
Sinto-me
enganado por quem sempre considerei fonte fidedigna; de quem conhece as
entranhas dos casos; de quem sempre achei patriota. Esse, ajudou-me a fazer
abordagens totalmente à margem da verdade.
Existe uma
verdade em todo esse enredo. Mas também existem bandidos e canalhas que,
tirando partido da conjuntura, simplesmente roubaram, em vez de resolver o
problema.
• Com o
dinheiro emprestado em nome do povo, a nossa situação de segurança não
melhorou;
• Com o
dinheiro emprestado em nome do povo, nenhum barco de pesca da EMATUM voltou ao
mar;
• Com o
dinheiro emprestado em nome do povo, não se comprou o material de guerra que se
afirmou ter-se comprado;
• Com o
dinheiro emprestado em nome do povo, o material de “segurança marítima” não funciona.
ISTO
SIGNIFICA QUE NÃO SE COMPROU O QUE DEVIA SER COMPRADO. Seja por incompetência,
seja por malandrice.
Mas o que de
“bom” aconteceu com o dinheiro emprestado em nome do povo?
Poucas
famílias moçambicanas, ligadas ao governo anterior enriqueceram...muito.
Esta é a
verdade. Este é o enredo.
(Por Dr. Egidio V.Raposo in facebook)
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