O director do Programa África do
Instituto Real de Assuntos Internacionais do Reino Unido defendeu que o tema
central do congresso da Frelimo deve ser a utilização das receitas do gás de
Moçambique para combater a pobreza.“A inflação desceu face ao ano passado,
o metical fortaleceu-se, o governador do banco central trouxe confiança, há
alguma estabilidade a curto prazo, mas a pobreza e a crescente desigualdade
mantêm-se um problema, e isto terá de ser a discussão central no congresso da
Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique]”, disse Alex Vines.Entrevistado pela Lusa em
Londres, na sede da Chatham House, o analista vincou que o tema central do
congresso deve ser “como mudar isto e dar um desenvolvimento mais equitativo ao
país no contexto das autárquicas de 2019 e dos desafios que os governos de
libertação nacional enfrentam na região”.
Para o analista, “a grande
preocupação sobre Moçambique é que, apesar dos desenvolvimentos económicos
positivos nos últimos tempos, a pobreza aumentou no centro e norte do país, a
desigualdade e a pobreza estão a aumentar e, mesmo em Maputo, com o corte dos
subsídios, haverá muitas dificuldades e uma classe média mais descontente”.
O congresso do partido no poder
será, por isso, muito importante para a política interna de Moçambique, e Alex
Vines prevê que o poder do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, seja reforçado
de forma mais assertiva que em 2015, quando chegou à Presidência.
“Este congresso vai fortalecer
Nyusi e permitir que ele aplique a sua visão e a sua agenda para o país, porque
em 2015, quando tentou fazer isso, não conseguiu; afastou Guebuza da
presidência do partido, mas não era ainda suficientemente forte para imprimir a
sua agenda”, considerou. Questionado sobre a importância
da assinatura do Acordo Final de Investimento pela petrolífera ENI, no final de
maio, o que deverá garantir uma receita fiscal de 16 mil milhões de dólares nos
próximos dez anos, Vines admitiu que “é importante que um investimento tão
significativo como este vá em frente, porque o Governo ganha previsibilidade
nas receitas”, mas alertou que o executivo está a ser demasiado otimista nas
metas. “O início da exportação não será
tão cedo como o Governo espera, nem as receitas serão tão altas, penso que só
lá para 2023 é que a exportação vai começar a sério”, disse, vincando que,
ainda assim, “em termos de receitas futuras, qualquer progresso é importante”.
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