Angola terá eleições gerais em agosto deste ano (2017).
Eleições que irão decorrer numa conjuntura pouco favorável para o partido “comandante”
MPLA devido à queda da renda petrolífera, com repercussões em toda a economia,
e à descapitalização da banca. A incerteza que rodeia a situação económica não
será suficiente para causar uma surpresa eleitoral. A única dúvida será a
dimensão da vitória do partido no poder desde 1975 e o grau de
representatividade alcançado pelos principais partidos da oposição, UNITA e
CASA.
Aqui será interessante ver como se arrumarão entre si, em matéria de peso
eleitoral, os dois partidos. Do lado governamental, o presidente angolano e
líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, estabeleceu a meta clara de uma
"maioria qualificada ou no mínimo maioria absoluta".
Ambição que não
se concretizando (cenário algo inverosímil), dirá muito sobre a conjuntura
angolana. Mas a saída de Eduardo dos Santos da presidência, que ocupa desde
1979, não deixa de conter uma série de incógnitas na esfera política. Se
anunciou João Lourenço como o candidato às presidenciais não declarou nada, até
agora, sobre o seu futuro estatuto no MPLA. Poucos duvidam que não mantenha a
presidência do partido.
Mas terá deixado a presidência "livremente",
como notava no início de dezembro uma análise do África Monitor e
"pode mesmo passar à história" por isso, referia o texto - em África
continuam a ser raros estes casos. Por outro lado, o candidato do partido no
poder, o ministro da Defesa, João Lourenço, considerado muito próximo do
presidente, foi aprovado pela direcção do MPLA, sob proposta de Eduardo dos
Santos, iniciou a sua pré-campanha a Presidente de Angola. Mas há uma ténue "cortina de fumo" que esconde
algo mais real que é o reforço da presença dos próximos do presidente e da sua
família em posições-chave da economia angolana, cuja diversificação continua
por avançar. Exemplo deste processo foi notado, em Dezembro passado , pelo Africa
Confidential, que refere terem sido ganhas oito das dez primeiras licenças
de exploração petrolífera onshore por empresas de dirigentes
do MPLA ou de familiares do presidente. Sinal de que nada mudará na matéria,
apesar de todas as incertezas e desafios atuais e futuros.
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