O Comité Central da Frelimo reúne-se neste fim-de-semana, na escola Central do partido na Matola. No topo da agenda está a análise das eleições Gerais de 2019, ganhas pelos camaradas, em todos os círculos eleitorais. Na expectativa está a batata quente de sucessão do actual presidente do partido, Filipe Nyusi, na chefia do Estado visto que pelos imperativos constitucionais, não pode concorrer para mais um mandato. No entanto, por enquanto, o partido nem sequer quer ouvir falar de substituto de Nyusi, numa altura em que a sua imagem está deveras desgastada tanto dentro assim como fora da organização.
Na sala de espera estão perfilados alguns nomes sonantes para suceder Filipe Nyusi, como candidato do partido Frelimo nas próximas eleições gerais. Como sucedeu com Guebuza, tudo leva a crer que a Frelimo vai puxar a questão de sucessão para o último suspiro, tal como apurou o nosso semanário junto de algumas figuras sonantes do partido, essencialmente por duas razões.
A primeira é que o actual presidente do partido não quer apagar a sua imagem faltando ainda alguns anos para o seu reinado. A ideia é evitar o que aconteceu na sucessão de Joaquim Chissano em que faltando largo tempo para terminar o seu mandato viu Armando Guebuza, nessa altura secretário-geral a ganhar posição de destaque e, acima de tudo a ser ele o mais “bajulado” pela ala que via oportunidade para cimentar o poder tanto no Estado assim como o partido.
O segundo motivo, segundo nossas fontes é que na verdade o próprio presidente do partido ainda não encontrou alguém de total confiança que o possa suceder. Há várias figuras do partido que nos últimos anos tem estado ao seu lado, mas o receio é que anos após a sua saída não poderão continuar a garantir o seu bem-estar, sobretudo em alguns negócios de Estado, estando as opções políticas de gestão de guerra no topo das preocupações.
Verdade é que tarde ou cedo Filipe Nyusi será obrigado a debater a sua sucessão principalmente porque os dois últimos presidentes do partido, nomeadamente, Joaquim Chissano e Armando Guebuza não estão felizes com a condução do Estado. Se Guebuza tem o feito, publicamente entre linhas, Chissano, bom diplomática que é, prefere o silêncio.Na lista de espera para suceder Nyusi estão Jaime Neto, Luísa Diogo, Basílio Monteiro, Tomás Salomão. Porém nunca se pode deixar de lado os outros candidatos que em 2014 concorreram com Nyusi, nomeadamente, José Pacheco, Eduardo Mulembwé e Aires Ali.Entretanto, o porta-voz do partido, Caifadine Manasse, disse esta terça-feira na conferência de imprensa dos preparativos da IV Sessão Ordinária do Comité Central, que não faz parte da agenda desta sessão, discutir a sucessão de Nyusi.
Caifadine Manasse disse que o partido está focado em assuntos de capital importância, tais como o desenvolvimento do país, na perspectiva económica política, social, e não ouvir fofocas, que são alimentados por pessoas que não são parte integrante do partido muito menos conhecem a agenda desta organização.Ainda no mesmo diapasão disse que esta organização política continua forte e coesa e que todos os seus membros apoiam a governação de Filipe Nyusi até ao fim do seu mandato.“A Frelimo é um partido orientado com base em princípios e orientado pela comissão política e central que é dirigido pelo Filipe Nyusi. O debate sobre a sucessão não é foco, mas o foco é acompanhar a governação de Nyusi e acarinhar o que estamos a fazer e discutir as dinâmicas da governação do país e preparar as próximas eleições”, referiu a fonte. A reunião magna é antecedida pelas sessões dos comités centrais dos órgãos do partido, nomeadamente, a OJM, a OMM e a ACLLN, respectivamente. Num outro desenvolvimento, Caifadine Manasse disse que depois de tantos adiamentos desta sessão por causa da pandemia, o comité central, vai realizar a sua sessão, depois da decisão do último decreto do conselho sobre as medidas de prevenção contra coronavírus.“ Nós a Frelimo submetemos o nosso pedido ao governo, nesse caso a ministra da justiça de pedido de autorização para que começássemos com as nossas sessões dos comités ao nível de base”, disse. (In Zambeze)
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