sexta-feira, setembro 04, 2020

FIFA: 55 mil Meticais por Clube e, em espécie

Os clubes do futebol moçambicano, inscritos para tomar parte no Moçambola e nos Campeonatos Provinciais contestaram na tarde desta terça-feira, 1 de Setembro, a distribuição do valor de um milhão de dólares do fundo de solidariedade da FIFA, cujos critérios foram anunciados há uma semana pela Federação Moçambicana de Futebol (FMF).  Numa conferência de imprensa, os clubes deram conta que segundo um estudo realizado pelos consultores da FIFA os principais “players” do futebol perderam entre 30 a 100% das receitas, pelo que estes entendem que devem ser os principais beneficiários do valor que vai ser alocado para aliviar o impacto da Covid-19. 

“Os clubes entendem que o apoio é para eles embora venha via federação, a FIFA não iria distribuir o valor clube a clube”, começou por dizer Jeremias da Costa, Presidente do Costa do Sol para depois sublinhar que “se olharmos para aquilo que a FIFA disse 90% dos prejuízos estavam nos clubes, então era expectável que a FMF pegasse 90% do valor entregasse aos clubes e 10% para os seus programas internos, seria o razoável e nós não estamos a dizer que o valor todo tem que ir para o Moçambola, mas também repartido pelos clubes do provincial”.  Os clubes entendem que não é justo que a FMF use os fundos da FIFA para pagar dívidas do elenco passado. “Sendo o apoio para os clubes não era justo que eles [FMF] usassem o valor para pagar dívidas do passado, o apoio que a FIFA dá é para aliviar o impacto da Covid-19, se uma dívida for criada derivado do impacto da Covid, essa sim tem que ser paga, mas se é uma dívida passada os clubes  nao aceitam que os fundo de solidariedade  sejam usadas para isso. Constatamos que as dívidas absorvem 49 a 50% dos fundos e isso é muito agressivo para nós”, disse o porta-voz dos clubes. 

Jeremias da Costa avivou a memória dos amantes do futebol em relação ao anúncio feito pelo presidente da FMF, Feizal Sidat, que “há três meses anúncio que parte significativa das dívidas do anterior elenco já foram saldadas, mais uma vez não faz sentido desviar a aplicação dos Fundos da FIFA de apoio a Covid-19 para o pagamento das dívidas passadas”. Em relação aos critérios de elegibilidade, os clubes contestam o facto de se exigir o licenciamento para que os mais de 300 clubes possam beneficiar destes fundos, pois é uma exigência não consentânea com a realidade do futebol nacional.“Se olhamos para a nossa geografia do futebol vamos chegar à conclusão que nem 20% dos 300 clubes vai conseguir o licenciamento e muitos dos clubes não conseguem o licenciamento porque falta-lhes a quitação porque está a dever o INSS, está a dever o IRPS e precisa deste dinheiro para pagar a quitação de forma a que obtenha o licenciamento, pelo que pedem para que estes critérios sejam revisto e a nossa perspectiva passa pela inscrição na associação, dos seniores as camadas de formação, e no final o clube justifica a utilização do valor ao critério de cada um”, explicou Da Costa. 

O facto de a FMF destinar 150 mil dólares para o apoio em espécie aos clubes dos campeonatos provinciais é contestado pelas colectividades que querem receber o valor em dinheiro. “A Federação vai dar bolas, apitos, mecos, ou seja os clubes já têm esse material se calhar precisam de um equipamento alternativo e com o dinheiro pode ir comprar, pelo que pedimos que esta situação seja revista e cada clube receba o seu quinhão e vai fazer o que bem entender, obviamente com a obrigação de justificação de acordo com a instrução da FIFA que exige auditoria da utilização do valor. Nós não aceitamos que nos deem máscaras, álcool e gel comprado com o valor da FIFA para alívio da Covid-19”, comentou o Presidente do Costa do Sol. 

Na esteira da revisão dos critérios de acesso aos fundos, os clubes do Provincial apresentaram a sua proposta e não concordam que sejam exigidos requisitos apertados.  “Para nós os critérios aceitáveis seria ter estatutos em dia e publicados no Boletim da República, ter sede própria, com conta bancária em nome do clube por fim ter a acta da reunião da Assembleia Geral da época 2018/2019”, propôs Miguel Vaz, representante dos clubes que militam nos provinciais.   A proposta de os clubes receberem 55 mil Meticais em espécie foi considerada por Miguel Vaz, representante do Maxaquene, como insultuosa. “Não quero passar nenhum atestado de incompetência ao responsável da área de contabilidade e Finanças da FMF que pode ser bom técnico nessa área, mas para outro tipo de actividade não é, pois demonstrou não conhecer bastante as nuances daquilo que é o futebol, julgo que os “players” do jogo de futebol são os clubes e estar a dar 55 mil Meticais em espécie isso é dar “peanuts”, mesmo que fosse em dinheiro isso seria insultuoso e essa é uma das várias formas de enganar aos clubes e nós como Maxaquene já tínhamos decidido que não iríamos receber esse apoio, portanto haja mais respeito pelos fazedores do futebol”, comentou Vaz.  Recordar que o organismo responsável pelo futebol nacional alocar perto de metade desta verba de um milhão de dólares americanos (485.714 dólares americanos ou seja 34 milhões de Meticais) para o pagamento das dívidas da Federação e cerca de 150 mil dólares americanos (perto de 10 milhões e 500 mil Meticais) na aquisição de material desportivo diverso para a atribuição a mais de 130 clubes que movimentam o futebol no país. (LANCEMZ) 

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