Numa altura em
que Moçambique ainda
estava num longo
processo negocial com
vista a pôr
termo ao conflito
decorrente dos resultados
eleitorais das eleições
gerais de 2014,
o país foi
surpreendido, a 5
de Outubro de
2017, com notícias
de um ataque
armado às instituições do Estado na vila-sede de
Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. Per-petrado por
um grupo desconhecido,
com reivindicações da
prática de um
Islão radical, este
ataque armado era
um fenómeno novo
no processo político
moçambicano e trazia
uma série de questões não só do ponto de vista da natureza do grupo e
suas motivações, como também no que se refere às implicações políticas, sociais
e económicas do próprio fenómeno para o país. Apesar de
vários órgãos de
comunicação social nacionais
e estrangeiros terem
dedicado atenção ao fenómeno,
desde o primeiro ataque, a informação disponível sobre o assunto ainda continua
escassa. Tem sido cada vez mais difícil, por parte de jornalistas e
pesquisa-dores, o acesso aos locais assolados pelos ataques. Aliás, desde o
início dos ataques arma-dos em Outubro
de 2017, foram
detidos, pelo menos,
seis jornalistas: três
estrangeiros e um moçambicano, em 2018, e dois moçambicanos,
em 2019 (DW, 2019). Além disso, foram
instaurados seis processos-crimes contra indivíduos suspeitos de estar ligados
aos ataques. Dois desses processos, com cerca de 221 arguidos, foram concluídos
pelo Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, tendo resultado em 57
condenados a penas de prisão, que variam de 16 a 40 anos.
Os restantes quatro processos, visando 50 arguidos, ainda não fo-ram concluídos (Achá, 2019). Entretanto, a situação na região, particularmente na zona nor-te da província de Cabo Delgado, continua tensa. Com efeito, contrariamente ao discurso governamental, que sublinha a ideia da acalmia e do controlo sobre a situação, a realidade mostra que os episódios de ataques continuam com alguma regularidade, causando medo e clima de terror, particularmente nas aldeias afastadas dos centros urbanos e vilas. Neste contexto, pesquisadores do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) e da Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (Fundação MASC) desenvolveram uma pesquisa exploratória com o objectivo de analisar a natureza e os factores explicativos da violência com incidência, inicialmente, em Mocímboa da Praia e, mais tarde, em outros distritos circunvizinhos. Este relatório de pesquisa resulta do trabalho de campo desenvolvido entre os meses de Novembro de 2017 e Fevereiro de 20181. Nesta fase, a pesquisa procurou centrar as aten-ções, essencialmente, para as origens do grupo, a sua natureza, mecanismos de financia-mento e reprodução. Concretamente, a pesquisa procurou recolher e analisar informação à volta das seguintes questões:
Os restantes quatro processos, visando 50 arguidos, ainda não fo-ram concluídos (Achá, 2019). Entretanto, a situação na região, particularmente na zona nor-te da província de Cabo Delgado, continua tensa. Com efeito, contrariamente ao discurso governamental, que sublinha a ideia da acalmia e do controlo sobre a situação, a realidade mostra que os episódios de ataques continuam com alguma regularidade, causando medo e clima de terror, particularmente nas aldeias afastadas dos centros urbanos e vilas. Neste contexto, pesquisadores do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) e da Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (Fundação MASC) desenvolveram uma pesquisa exploratória com o objectivo de analisar a natureza e os factores explicativos da violência com incidência, inicialmente, em Mocímboa da Praia e, mais tarde, em outros distritos circunvizinhos. Este relatório de pesquisa resulta do trabalho de campo desenvolvido entre os meses de Novembro de 2017 e Fevereiro de 20181. Nesta fase, a pesquisa procurou centrar as aten-ções, essencialmente, para as origens do grupo, a sua natureza, mecanismos de financia-mento e reprodução. Concretamente, a pesquisa procurou recolher e analisar informação à volta das seguintes questões:
Saiba mais clicando em O que leva a
aliar-se ao grupo? na coluna da direita do blog
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