Tal
como fez a Flandres, em janeiro, a região belga da Valónia decidiu, a 1 de
setembro, proibir o abate de animais para consumo que não recorra, previamente,
a atordoamento, para que não sintam dor. Foi retirada a exceção para os ritos
religiosos, como o muçulmano e o judaico, que designam a sua carne de halal e
kosher, respetivamente.
"A
partir desse momento, teremos que fechar a porta dos nossos talhos. Não podemos
vender carne que não seja halal", disse um talhante da comunidade
muçulmana entrevistado pela euronews.
Estas
comunidades religiosas fazem um corte na garganta para sangramento do animal,
sem antes usarem uma técnica anestesiante.
Bem-estar animal ou direitos das minorias?
Os
apoiantes do atordoamento dizem que não se trata de um ataque à tradição, mas
de proteger os direitos dos animais.
"Não
se trata de todo de uma proibição do abate com preceito religioso. É uma
proibição do abate que não use antes o atordoamento, porque mesmo que se sigam
as regras da "arte", usando uma lâmina muito afiada e tudo o que
manda a tradição religiosa, o animal vai sempre sofrer", Michel
Vandenbosch, presidente da delegação na Bélgica do grupo Ação Global para a
Defesa dos Animais. Vários
países da União Europeia exigem o atordoamento, com ou sem exceção religiosa, o
que depende do tamanho das comunidades minoritárias nesses países. No caso da
Bélgica, a comunidade muçulmana alega que é uma manobra anti-imigração.
"Este
regulamento está na agenda islamofóbica na Europa. Essas pessoas passaram,
também, a visar as organizações judaicas. Penso que muçulmanos e judeus devem
queixar-se, juntos, na justiça", afirmou Mustapha Chairi, presidente do
Coletivo Contra a Islamofobia na Bélgica. O Tribunal Constitucional da Bélgica
já enviou um caso para apreciação num tribunal da União Europeia, referente à proibição
decretada em janeiro, na Flandres. Espera-se uma decisão dentro de dois anos,
que poderá estabelecer precedente para o resto da Europa.
0 comments:
Enviar um comentário