Antes de expor quem
é o Manuel de Araújo que me leva a rotulá-lo de um mau e perigoso político, que
neste caso é o foco deste meu artigo, é imperioso que explique primeiro porque
é que chamei à colação o ditado do povo chope, que reza que ‘’os problemas
nunca apodrecem’’. Cito este ditado, porque grande parte do que vou relatar
para sustentar que Manuel de Araújo é um mau e perigoso político, são factos
ruins que ele protagonizou no ano de 2000, quando eu e ele vivíamos em Londres.
São, pois, problemas que datam há 19 anos já, mas que irei usá-los para provar
que ele não tem nada de santo que se diz ser, e que agora está a vender, por
assim dizer, essa sua falsa imagem ao eleitorado da sua província para o eleger
como seu governador. Espero provar com eles, porque é valida a tese do filósofo
e pensador italiano, Geovani Papini, de que ‘’o passado nos explica o presente
e nos faz antever o que será o futuro’’.
Depois deste
intróito, passo a expor o que é que Manuel de Araújo fez em Londres, e que para
mim é bastante e suficiente para se saber quem é afinal este político que agora
faz tudo de lícito e ilícito para ver se é eleito. Aqui vai o relato do que ele
fez: Quando as populações do Sul de Moçambique, e grande parte das do seu
Centro estavam a ser afectadas pelas cheias que ocorreram em 2000, e que são
até aqui consideradas como tendo sido as piores de que há memória em toda a
Historia milenar do nosso País, Manuel de Araújo viu nisso uma grandíssima
oportunidade para o seu próprio rápido enriquecimento.
Para concretizar
este seu Plano macabro, Manuel de Araújo foi à Embaixada de Moçambique e lá
conseguiu como mestre da lábia, convencer o então Embaixador moçambicano em
Londres, Koloma, a designá-lo como ponto focal e recebedor de todas as doações
monetárias em cash e em espécie que entretanto já estavam sendo canalizadas
pelos milhares de cidadãos britânicos e doutras nações que nessa altura
residiam naquele País. Há que dizer que os britânicos são um dos povos mais
sensíveis ao sofrimento de outras pessoas e, por isso, quando há uma tragédia
num certo país, eles doam muito dinheiro. Para garantir que as doações fossem
canalizadas para aquela Embaixada sempre ao seu cuidado, Manuel de Araújo fez
questão de elaborar com o seu próprio punho, uma mensagem que distribuiu depois
via e-mail para milhões de endereços informando a todo o Mundo, como dizem os
brasileiros, que todas as doações deviam ser enviadas para a Embaixada de
Moçambique ao cuidado dele pessoalmente’’. Eu próprio recebi então no meu
e-mail essa sua informação/instrução, e confesso que fiquei logo perplexo e
disse cá para os meus botões ‘’aqui há gato escondido’’, porque era mais do que
óbvio que ele queria se apoderar das doações. Ter sido ele próprio a narrar
essa mensagem e não a Embaixada foi o que acabou ‘’deitando por fora o seu rico
caldo’’, como se sói dizer na gíria popular.
Por feliz acaso,
enquanto eu matutava sobre esta sua ‘’boa’’ vontade de ser o recebedor das
doações para as então vítimas das cheias, outras tantas pessoas pensassem
afinal da mesma maneira que eu assim que liam essa sua informação. Isto ficou
provado quando minutos depois recebi um outro duma britânica que não havia
gostado nada desse correio electrónico do agora candidato pela RENAMO a
Governador da Zambézia.
Essa senhora, de
nome Kate Gifford neste caso, reagiu da seguinte maneira: ‘’Depois de ler este
e-mail de Manuel de Araújo instruindo-nos a enviar as nossas doações à
Embaixada de Moçambique a seu cuidado, só me apeteceu chamar a polícia. Que
confiança somos obrigados a ter com ele a ponto de enviarmos as nossas doações
em nome dele? Estará ele a nos considerar idiotas? '’, fim da citação. Kate e o
seu marido Tony Gifford foram grandes apoiantes da luta do povo moçambicano
pela independência que foi liderada pela FRELIMO entre 1964 e 1974, como têm
continuado a apoiar o desenvolvimento do nosso País.
Pouco depois de ler
esta colérica mas justa reacção da Kate, e antes de terminar a minha reflexão,
eis que recebo uma chamada telefónica de Salomão Machaieie, um moçambicano que
reside em Londres há décadas já. Em tom irritado e de repulsa, Salomão quis
saber se eu havia recebido já o e-mail de Manuel de Araújo e o da reacção da
Kate. Respondi-lhe que sim, e que ainda estou pasmado com o seu nível de
oportunismo.
Recordo-me ainda
como hoje o espanto e choque com que Salomão questionou esta ousadia de Manuel
de Araújo. Tive que lhe dizer, para tranquilizá-lo, que ele é assim mesmo.
Disse-lhe que sei que é assim, porque o conheci em Maputo quando eu e ele
éramos estudantes do ISRI, agora Universidade Joaquim Alberto Chissano, ou JAC
simplesmente.
Salomão estava tão
preocupado, porque tal como eu e outros que haviam recebido esse seu e-mail,
estávamos certos de que essa sua predisposição era envenenada. Não tínhamos
dúvidas que era para ele poder se apoderar das doações para o seu próprio
benefício e não para canalizá-las depois para Moçambique em prol das vítimas
das cheias como ele havia dito ao Embaixador Eduardo Koloma.
De tão preocupados
que estávamos, concluímos logo que era urgentíssimo que fizemos algo para
desfazermos este esquema de Manuel de Araújo. E foi então que ligamos à
Embaixada para solicitarmos uma reunião de emergência em que iríamos pedir que
não fosse mantido como ‘’ponto focal e colector de todas das doações’’. Para
tal, falamos com Geraldo Saranga que era um dos diplomatas daquela nossa
Embaixada então e agora um dos Directores e porta-voz do Ministério dos
Negócios Estrangeiros e Cooperação aqui em Maputo.
Felizmente, o Dr.
Saranga não se fez de rogado e aceitou que tivéssemos essa reunião no mesmo dia
em que Manuel de Araújo havia circulado esse seu e-mail e que pedia que os que
o recebessem o redistribuíssem também para que chegasse a mais potenciais
doadores. Dissemos ao Saranga que era imperioso que Manuel de Araújo estivesse
nessa reunião, ao que ele concordou. E de facto ele o convocou e fez-se
presente com o seu ar manhoso como sempre. A reunião teve lugar nas instalações
da Embaixada moçambicana a partir das 18 horas locais. Já não me recordo dos
nomes de todos os presentes, mas além do próprio Dr. Geraldo Saranga, eu e o
Salomão, estava também uma das filhas do agora falecido escultor moçambicano,
Alberto Chissano. Tratou-se duma reunião bastante tensa dado o problema que se
estava a debater. O próprio Manuel de Araújo estava zangado e com ar leonino,
porque é um dos que não gosta de ser contrariado e muito menos desafiado. Ele
gaba-se de ser um cultor e praticante fervoroso da Doutrina de Maquiavel.
Apesar da tentativa
de Manuel de Araújo de que devia ser mantido como ponto focal e colector de
todas as doações, incluindo as libras que eram enviadas nos envelopes,
conseguimos inviabilizar essa sua estratégia, e decidimos que a Embaixada devia
abri sem mais delongas, uma conta bancária onde os doadores iriam depositar os
valores que fossem doar.
Confesso que este
nosso esforço só conseguiu fechar apenas uma grande porta mas não conseguimos
fechar todas as portas em que Manuel de Araújo recorreu alternativamente depois
para se apoderar de algumas das doações dos britânicos e de todos os que viviam
na Inglaterra e que também queriam ajudar as vítimas das cheias em Moçambique.
MANUEL DE ARAÚJO
CRIA UMA SUA PRÓPRIA
RECEBEDORIA E CONTINUOU A RECEBER DOAÇÕES
RECEBEDORIA E CONTINUOU A RECEBER DOAÇÕES
Depois de lhe
inviabilizarmos o esquema da Embaixada, Manuel de Araújo decidiu a solo criar a
sua própria recebedoria de donativos. Para tal, ele viajou de imediato para
Moçambique, para urdir uma nova estratégia que lhe permitisse continuar a
amealhar doações. Nesta senda, ele criou um novo e-mail já não com o seu
próprio nome, mas com outro que começava com a palavra ‘’AJUDA’’ seguido de uma
arroba (@). Para conseguir as doações, Manuel de Araújo centrou a sua acção nas
instituições académicas onde passou a organizar eventos e reuniões em prol das
vítimas das cheias em Moçambique.
Esses eventos
consistiam mais por eventos, como a promoção de espectáculos e noites
dançantes, em que os participantes se predispunham a contribuir com alguns
valores convencidos de que seriam depois canalizados para as vítimas das
cheias. Pessoalmente estive em pelo menos três desses eventos que Manuel de
Araújo co-organizou com mais dois amigos dele, um dos quais respondia, se a
memoria não me falha, pelo nome de Charles ou Carlos em português. O que me
leva a assumir que o valor que amealhou era para o seu próprio benefício é que
nunca se fez acompanhar por nenhum membro da missão diplomática de Moçambique
em Londres e nem fazia-se registos do que se contribuía. O próprio Manuel de
Araújo é que recolhia os valores.
Mais tarde, para dar
um ar de legitimidade à sua iniciativa de liderar a recolha das ajudas a
Moçambique, assaltou a Presidência da Associação dos Moçambicanos Residentes na
Inglaterra e na Irlanda do Norte. Aliás, é sua especialidade liderar
associações. Mesmo no ISRI foi Presidente da nossa Associação dos Estudantes do
ISRI. E sempre tem em vista tirar benéficos para ele próprio tal como tem sido
nos partidos políticos em que se tem filiado.
Ora, do mesmo modo
que abortamos o seu esquema na Embaixada porque não podíamos assumir cegamente
que ele seria um portador honesto, não posso acreditar que ele tenha canalizado
as doações que foi recolhendo em todas as universidades por onde promoveu tais
noites dançantes na Grã-Bretanha.
Ademais, tenho
fontes dignas de crédito, que me afiançaram que ele não canalizou também esses
valores à Embaixada e muito menos à entidade moçambicana que estava incumbida
de apoiar as vítimas das cheias de 2000. Se ele acha que as minhas fontes
mentiram, então o desafio a provar documentalmente que canalizou tais doações
que eu o vi recolher em Londres, incluindo na SOAS, uma das Escolas da
Universidade de Londres onde ele era um dos estudantes em 2000. Alguns dirão
porquê só contar agora estes casos sobre o Manuel de Araújo, quando passam
quase 20 anos! Decidi contar agora para que as pessoas possam compreender que
ele é capaz de tudo quando quer atingir um certo objectivo.
É por isso que estou
mais convencido que terá sido ele próprio a queimar a casa da sua própria mãe,
para que seja visto como uma vítima do regime da FRELIMO e do seu Presidente
Nyusi como ele próprio acusou já na mesma noite sem apresentar provas, em que
anunciou que a casa da sua mãe foi incendiada. Fez essa acusação para catalisar
a sua hipótese de ser eleito Governador da Zambézia. Decidi contar agora também
para que os eleitores que o não conhecem bem, se baseiem desta parte do seu
passado, para o avaliar melhor, e saber que ele é de facto um desses políticos
que, segundo Papini, diz o que não pensa, e pensa o que não diz, como faz o que
não diz e diz o que não fará. Revelei este seu episódio de Londres, porque
acredito também na tese do Cícero, de que ‘’o passado nos explica o presente e
nos faz antever o futuro’’. Com base neste seu passado podemos antever que
tipos de Governador terão os zambezianos caso seja eleito.
Manuel de Araújo é
de facto um mau político, porque o que o move são os seus interesses e não os
do povo que ele diz de boca cheia que quer servir. O que ele quer é servir-se a
si próprio. É por isso que desde 2004 tem estado a saltar de um partido para
outro. Aproveito dizer que quando lá em Londres me mostrou o cartão da FRELIMO
em 1998 na minha casa, eu disse-lhe que ele não era um membro genuíno e que só
havia se filiado para poder ter benefícios. Alguns dos que estavam também na
minha casa nesse dia, acusaram-me de estar a exagerar, mas em 2004, Manuel de
Araújo pulou da FRELIMO para a RENAMO. Foi então que um dos que acusara-me de
estar a exagerar deu-me razão retroactivamente. Estou a falar de António
Matonse, que mais tarde serviu como Embaixador de Moçambique em Angola.
Desde aquele 2004,
Manuel de Araújo saltou da FRELIMO para a RENAMO, depois desta para o MDM e
agora deste partido para a RENAMO de novo! Obviamente que não está à procura do
melhor partido como um jogador de futebol que procura o melhor clube para
brilhar. Ele está à procura sim das melhores oportunidades para se enriquecer.
Quando deixou a FRELIMO em 2004, é que estava certo de que teria uma boa
colocação na RENAMO que não estava a ter na FRELIMO. E teve essa colocação.
Ficou um dos deputados da RENAMO entre 2005 a 2009.
Mas quando deixou a
FRELIMO para a RENAMO é que estava convencido que a PERDIZ iria vencer as
eleições de 2004 e dizia em surdina a amigos que Dhlakama o nomearia Ministro
dos Negócios Estrangeiros, já que é formado em Relações Internacionais. Há quem
diz que foi mesmo para garantir essa nomeação que ele casou com uma das irmãs
da Ivone Soares que como sabemos, são sobrinhos do agora falecido Dhlakama.
Para os que conhecem bem Manuel de Araújo, ele nunca dá um passo sem que seja
por uma razão bem calculada. Ele é um excelente caçador de oportunidades e sabe
como tirar máximo proveito em devido tempo. De todas as vezes que se filiou num
Partido, era para ter a melhor fatia do bolo e não para esperar na bicha. Até
saltou as bichas…que o digam os membros mais antigos do MDM e da RENAMO!
É por isso que
quando se apercebeu que o salário de deputado na bancada da RENAMO nunca o
faria rico, ele filiou-se ao MDM, porque tinha na sua mira o cargo de
Presidente do Município de Quelimane, onde não só teria um salário mas, acima
de tudo, um GORDO Orçamento à sua disposição que ele podia se apoderar de parte
dele usando certos esquemas a que todos os corruptos se valem para roubar os
fundos públicos.
Agora tem o seu olho
e gula focados para o prestigioso e não menos lucrativo cargo de Governador
Provincial, e por isso mandou passear o MDM e atrelou-se de novo à RENAMO,
porque sabe que além da FRELIMO, é a PERDIZ que tem maior probabilidade de
ganhar na Zambézia do que se fosse concorrer como cabeça de lista do MDM. Como
se pode depreender, Manuel de Araújo é um caça-fortunas e não alguém que busca
os melhores partidos para melhor servir os seus compatriotas como ele tem
apregoado. Ele é do tipo desses políticos bem descritos por Frantz Fanon, que
usam os partidos como instrumentos para a sua própria realização pessoal, como
dos seus familiares, amigos e até das suas concubinas. Não são para servir as
massas como apregoam aos quatro ventos. O que ele apregoa é uma isca para
pescar os votos dos eleitores. Nada mais que isso.
Antes de terminar
este artigo que já vai muito longo, quero dizer ao Manuel de Araújo que se
continuar a se deixar levar pela sua excessiva ambição de acumulação, acabará
parando um dia na cadeia. Digo isto porque é valida a tese que reza que ‘’não
há nada oculto que não haja de se revelar um dia’’. Tenho a certeza se de facto
tem estado a desviar fundos como o terá feito em relação às doações que segundo
as minhas fontes recolheu em Londres entre 2000 e 2001, virão ao de cima um
dia, e será levado à barra do Tribunal. Mesmo que venha a ganhar a 15 de
Outubro e seja coroado Governador, tal não apagará os milandos que terá causado
lá em Londres como no Município de Quelimane e os que poderá causar em caso de
ser eleito.
Sei que de tanto
teres feito das suas e nunca ter sido exposto ou ir parar à barra do tribunal,
já acreditas que és tão bom que nunca será apanhado. Mas cuide-se amigo, porque
como bem dizia a Galiza Matos Jr, os moçambicanos não são assim tão patetas:
Galiza fez-te esta pergunta há uma semana num excelente artigo que publicou:
(Será que acredita que) somos todos tão burros e patetas para não percebermos
que este indivíduo (Manuel de Araújo), o mesmo de sempre, usa as mesmas máfias
infantis para ganhar votos como se de uma vítima se tratasse?’’ Como disse, os
problemas nunca apodrecem, e por isso acredito que um dia virão ao de cima,
porque como bem disse o académico português Augusto de Castilho, ‘’quem tenta
enterrar as verdades, semeia-as, e mais cedo ou tarde sempre germinam’’.
Um dia poderá se
saber que terá se apoderado dos fundos doados em Londres. Também um dia poderá
se provar que foi você mesmo que mandou queimar a casa da sua mãe para colher
dividendos políticos. Mais não disse, citando um grande zambeziano e amigo que
foi o grande escriba Manuel Txuma. Que Deus o tenha e que o mesmo Deus salve
Moçambique dos abutres políticos que proliferam neste Terra de Mondlane e
Samora, mais agora que estamos em campanha eleitoral como tem sido recorrente
em momentos como este.
(Gustavo Mavie in Facebook)
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