Segundo conta a
BBC Brasil, o ex-presidente acompanhou a sessão do Supremo Tribunal
Federal a partir do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, onde
chegou às 11h25 (hora de Brasília). Centenas aguardavam o antigo líder do
Partido dos Trabalhadores, mas Lula da Silva foi diretamente para o segundo
andar, sem cumprimentar os apoiantes. As janelas do edifício estavam forradas,
impedindo as câmaras de ver os passos de Lula.
Durante a primeira hora no
local onde seguiria o início da sessão, Lula reuniu-se com líderes de
sindicatos e políticos. Passado quase uma hora, Dilma Roussef, também
antiga presidente do Brasil, chegou ao sindicato. Luiz Marinho, membro do
PT, vai falar aos apoiantes: “Temos a confiança de que o Supremo vai ser o
guardião da Constituição”, disse.
Por volta da uma da tarde, Lula
almoçou. A imprensa brasileira detalha a refeição: “Arroz, feijão e bife”. Como
companhia, contou com Dilma, Luiz Marinho, e outros políticos. Alguns apoiantes
almoçam no restaurante do sindicato, outros levaram farnel e comeram no salão
principal. Durante o almoço houve tempo para falar do golo de pontapé de
bicicleta, de Cristiano Ronaldo, conta o mesmo meio.
A sessão começou com sete
minutos de atraso, às 14h07. O almoço Lula ainda decorria. Eram 14h30 quando
uma banda que tocava entre os apoiantes pára de tocar para ver a
sessão: “Lula guerreiro, do povo brasileiro”, entoavam. Primeiro votou o juiz
Edson Fachin, contra o habeas corpus. Depois, após uma intervenção de uma hora
e 20 minutos, foi a vez de Gilmar Mendes votar. Voto a favor. Resultado:
1-1. A banda voltou a tocar. Ouviu-se: “Lula, presente, eterno presidente”.
Houve um pequeno intervalo e os
apoiantes aproveitaram para declamar poesia. Lula estava “sereno”, disse Luiz
Marinho, tendo ido falar novamente com os apoiantes. O antigo presidente
continuava a assistir numa sala a votação.
Às 18h40 é dito aos apoiantes
que vai ser servido um jantar. “Vamos precisar de todos vocês aqui. Quer o
resultado seja bom ou ruim”, conta a BBC. Não foi suficiente, vários apoiantes
já saíam do local. A juiz Rosa Weber votou contra o habeas corpus. O silêncio
mandava no Sindicato dos Metalúrgicos. Lula da Silva continua na sala sem
televisão com Dilma e outros amigos políticos.
Chegavam as oito da noite e era
a vez do jantar. Se o almoço teve arroz e feijão, o jantar foi mais prático:
uma pizza e coca-cola foram levados para a sala onde estava Lula, que
continuava sem sair para cumprimentar os apoiantes.
Faltava meia-hora para a
meia-noite quando fogo de artifício foi lançado perto do local onde estava
Lula. Faltavam dois votos, mas o desfecho já era previsível. Neste momento o
antigo presidente do Brasil vai para a garagem e sai de carro. Não falou como
os apoiantes. Um amigo disse: “Ele estava tranquilo”.
No entanto, a desistência da
corrida às eleições de outubro é um cenário que Lula da Silva não descarta, a
avaliar pelas notícias divulgadas pela imprensa brasileira após o julgamento. O
Estadão revela que, logo
após o voto decisivo de Rosa Weber, o antigo presidente comentou junto do
pequeno grupo que o acompanhou enquanto assistia ao julgamento de habeas
corpus que “não iam dar o golpe para me
deixarem ser candidato”.
Uma declaração que os dirigentes
do partido estão a interpretar como uma possibilidade de desistência das
eleições presidenciais, marcadas para o próximo mês de outubro. Ainda assim, o
PT mantém o discurso de que Lula da Silva — que se mantém à frente nas
sondagens — continua na corrida eleitoral, mesmo que a ordem de prisão se
concretize e o antigo chefe de Estado do Brasil acabe na prisão.
Isso foi para tentar tirar o
Lula da eleição, mas podemos registar a candidatura dele, mesmo preso. Acredito
que Lula vai ficar pouco tempo na prisão”, afirmou o deputado estadual José
Américo Dias, do PT, citado pelo Estadão.
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