sexta-feira, abril 06, 2018

Juízo!!!

Imagem relacionadaNos últimos 90 dias usei métodos jornalísticos para aferir a tendência política dos moçambicanos residentes nas cidades municipais como Maputo, e notei que há um crescente número deles que acha que a Frelimo já não é um bom partido, e alguns dizem que nas próximas eleições autárquicas de Outubro próximo, votarão noutras formações políticas da oposição.Entre os que responderam às perguntas com que me baseei para diagnosticar o ambiente político prevalecente neste momento, houve também muitos que disseram que não votariam em nenhum candidato ou partido, porque não vale apena. Alegam que todos os políticos moçambicanos são mesma farinha que só difere em estar em sacos diferentes. Alguns sustentaram que tal se viu agora na segunda volta da Intercalar de Nampula, onde todos os partidos da oposição apoiaram o candidato da Renamo. Isto provou que o que todos eles querem é destronar a Frelimo do Poder mesmo que para tal tenham que entrar num Pacto com o Diabo. Durante as conversas que entabulei com vários compatriotas, notei também que tanto os que dizem que continuarão a votar na Frelimo, como os que apostarão na oposição, o seu somatório tende a ser pouco em relação à totalidade dos que revelaram que não irão votar simplesmente. Entendem que mesmo votando não mudará o marasmo em que para eles o país está mergulhado.

Imagem relacionadaFiquei com a percepção de que caso não se faça nada de vulto que altere a atitude pessimista e negativista, particularmente entre os jovens, haverá um grande absentismo, tal como se viu agora naquela Intercalar de Nampula a 14 deste Março, em que 75% dos que deviam votar não votaram simplesmente. Aliás, esta Intercalar confirmou grande parte do que já havia apurado nesse diagnóstico jornalístico com que baseei-me para elaborar este artigo. Já o meu colega Paul Fauvet aduzira assim que se divulgaram os resultados da Intercalar de Nampula, que também nas eleições municipais de 2013, o absentismo foi igualmente tão elevado quanto na primeira e segunda voltas da Intercalar de Nampula. De resto, mesmo nas gerais realizadas entre 1994 e 2014, registou-se em quase todas um acentuado absentismo. Para os simplistas, isto prova que os moçambicanos já se aperceberam que os políticos não os servem. 
Resultado de imagem para nampulaSó que o problema é mais complexo que exige uma análise mais aturada.Para tentar perceber porquê há cada vez mais moçambicanos que já acreditam que a Frelimo está a governar mal, ou que optam por não votar simplesmente, porque assumem que não mudaria as suas sôfregas vidas, fiz um estudo comparativo com os eleitores dos países cujos povos não se confrontam com problemas tão básicos como os que asfixiam a maioria dos moçambicanos, que neste caso consistem em salários baixíssimos que os condena à fome e outros problemas que os tira a paz do espírito e até o sono.
Resultado de imagem para gra bretanhaNo estudo escolhi a Grã-Bretanha, que conheço mais ou menos bem, dado ter vivido lá um bom par de anos, a Alemanha, porque e lá por algum tempo, é lá onde fiz alguns estudos profissionais e, finalmente, a Noruega, que foi proclamado este ano como o único país do Mundo cujo seu povo se considera agora feliz, dado ter as suas necessidades básicas já completamente satisfeitas. Basta dizer que a partir deste ano, mesmo os seus desempregados passam a ter um salário calculado em função do que custa um cabaz normal e o do arrendamento duma habitação condigna.

Mas por incrível que pareça, o que apurei no tocante ao seu sentimento politico e tendências eleitorais, surpreenderam-me bastante também pela negativa, e levou-me a dar mais razão ainda ao agora falecido jornalista português, Augusto de Abelaira, quando dizia que Governar é Desagradar. O que apurei convenceu-me tambem da validade da tese do nosso ex-Presidente, Joaquim Chissano, de que a tendência do ser humano é ser sempre insatisfeito com tudo.
Resultado de imagem para transporte publico beira mocambiqueO que prova tanto a veracidade das teses de Abelaira e a do Presidente Chissano, é que apesar dos povos destes três países não viajarem em My Loves, mas em transportes públicos de luxo se não for no seu próprio, apesar de que vão à cama tendo comido o suficiente e não pouco comida ou nada, como acontece com a maioria dos moçambicanos, apesar de que os seus governos não contraíram dividas ocultas, apesar ainda de que todos eles têm hospitais públicos de grande qualidade, apesar de que os seus filhos estudam em escolas e universidades públicas que têm todas as condições…apesar ainda de que os seus povos recebem dos seus governos quase tudo o que precisam, ainda assim a maioria tem votado cada vez menos nos partidos que estão no poder, como o provam os dados eleitorais que passo a revelar, referentes às ultimas eleições realizadas o ano passado em cada um dos três países.
Resultado de imagem para partidos alemãesPor exemplo, nas eleições gerais do ano passado, apesar de que o partido no poder de Ângela Merkel teve sempre um bom desempenho durante todos os três consecutivos mandatos que já teve desde que ganhou pela primeira vez há cerca de 20 anos, o certo é que desta vez, não conseguiu votos suficientes que a permitissem formar sozinha um governo, sem ter que se coligar com outro(s) partido(s).Na verdade, o país esteve durante mais de seis meses sem governo, porque nenhum dos partidos que se posicionaram a seguir aceitavam coligar-se com a União Democrata Cristã (CDU), de Ângela Merkel. O CDU teve apenas 33% dos mais de 61 milhões dos que votaram, de um total de mais de 81 milhões de alemães. Não conseguiu constituir o executivo porque o SPD, de Schulz, que neste caso averbou 20,8% dos votos, se recusava a coligar-se com a CDU.
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O mesmo cenário se passou na Grã-Bretanha, onde o Partido Conservador da Primeira-Ministra Theresa May empatou quase com o seu eterno adversário, o Partido Trabalhista, dado que a diferença de assentos entre os dois foi de apenas 55 parlamentares. Este desfecho de 317 deputados para os Torys contra 262 dos trabalhistas forçou May a se coligar com o Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte, para puder somar com os 10 assentos deste, e assim puder ter uma maioria parlamentar para governar com alguma estabilidade.Onde se prova que os seres humanos nunca se sentem satisfeitos com nada que têm já, é na Noruega, onde nas últimas eleições de 2017 o seu Partido Trabalhista (PT) no poder teve apenas 27% dos votos ou 49 dos 169 assentos do Parlamento, e que teve de se coligar com mais cinco partidos para poder formar um governo representativo.\
Resultado de imagem para Emmanuel MacronO PT teve que se coligar com o Partido Conservador, que teve 25% dos votos correspondentes 45 assentos, com o Partido do Progresso, que obteve 15,2% ou 27 assentos, com o Partido da Esquerda que arrecadou 19 lugares correspondentes a 10,3% da totalidade dos votos validos e, finalmente, com o Partido Liberal, que averbou 11 lugares, o que equivale a 4,2% dos que votaram. Esta tendência de se punir os partidos no Poder ou antigos é geral, como se viu na França onde o seu eleitorado atirou para o lixo as formações políticas históricas e elegeu o recém-formado partido de Emanuel Macron ou mesmo nos EUA, onde se assume que todos os seus cidadãos têm tudo, catapultaram o empresário e apolítico Donald Trump à Casa Branca.
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Como se pode ver, mesmo os povos cujos países são Paraísos na Terra quando vistos pelos olhos de nós que estamos ainda na estaca zero do nosso desenvolvimento, e que faz com que o que temos a mais sejam problemas e sofrimento, não estão em consenso sobre quem os deve governar, daí que os seus votos estejam dispersos em mais do que um partido. Isto prova que é válida a tal tese de Abelaira de que Governar é (de facto) Desagradar, ou essa de Chissano de que os seres humanos são sempre insatisfeitos com tudo. Minha mãe diz sempre que se os que morreram antes da nossa independência pudesse ressuscitar e ver como está o nosso país, diriam que o transformamos num autêntico paraíso. Ela diz isto sempre que vê crianças e jovens de cor irem massivamente às escolas e universidades quando no tempo dela tal era nos negado deliberadamente pelos colonialistas, sempre que vê jovens de raça negra de ambos os sexos ao volante dos seus carros, sempre que vê jovens a viveram em casas de alvenaria e não mais nas de caniço e capim…Ela remata sempre que nunca pensou que isto fosse acontecer aqui no nosso país. Por isso, ela fica muito ofendida quando ouve alguns jovens formatados pela Quinta-Coluna proclamarem que temos que nos libertarmos dos nossos libertadores.
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Já Nelson Mandela contou no seu mais famoso livro A Longa Marcha para a Liberdade, que quando viajou na Etiópia em 1962 num avião pilotado por negros, ficou perplexo, e sentiu-se mais impelido a lutar contra o regime racista do apartheid. Mandela vinca que este facto levou-o a concluir que Independência é sinónimo de se passar a ter direito a tudo o que nos era negado pelos regimes coloniais ou racistas, incluindo o direito à saúde e educação.


Portanto, assumo que os moçambicanos que dizem não irão votar ou que só optarao pela Oposição, podem estar a provar também uma tese de Giovani Papini, que reza que a tendência dos humanos é gostar mais do ignoro, isto é, do que é novo ou que nunca antes provaram.É este gosto pelo ignoto que faz com que mesmo os quem teem belíssimas esposas, se sintam atraídos pelas outras mulheres, mesmo que não sejam mais bonitas ou ajuizadas que as suas. É este mesmo gosto que faz com que apreciemos mais a mobília da loja mesmo que não seja melhor que a que temos nas nossas casas. 
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É este gosto que fará com que alguns de nós votemos nas próximas eleições nos partidos que de partidos não têm nada, incluindo os que são assassinos por tendência, só para satisfazermos a vontade de mudar por mero capricho, ou como dizem os ingleses, for sake of change. Não é por acaso que o conceituado sociólogo e analista Elísio Macamo nos alerta para não apostarmos em mudar por mudar, no seu último artigo que publicou nas redes sociais este fim-de-semana, com o título TER JUÍZO.
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É imperioso que tenhamos juízo, para que não sejamos levados a preferir aqueles que nuca fizeram nada de especial senão terem feito do nosso país um autentico inferno, e terem retardado o nosso desenvolvimento.
Temos que TER JUIZO porque há todo um esforço coordenado e consertado pelas chancelarias dos países que não toleram ver os povos cujos países estão abençoados por imensuráveis riquezas naturais desfrutarem delas. Temos que TER JUIZO, porque se desejassem o nosso bem, não aplaudiriam os tais partidos que nos têm submetido no belicismo infernal, e depois atribuirem sistematicamente culpas ao nosso governo ou sempre que são perpetrados crimes pelos malfeitores, como o estão fazendo agora que o meu colega Ercílio de Salema, foi raptado e brutalmente mal tarado. No lugar de nos providenciarem com os meios sofisticados de que dispõem para que a nossa polícia descubra os seus autores, o que fazem é apregoar a tese de que o seu rapto foi mais uma obra do regime sem apresentem provas.
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A única prova que dão é que ele foi alvo do rapto porque criticou a conduta de Florindo, um dos filhos do presidente Nyusi. Isto é falácia, porque há muita gente que tem diabolizado o próprio o presidente Nyusi e que tem indignado muitos moçambicanos pelos insultos que proferem contra ele nos seus jornais, mas que ele nunca se vingou contra nenhum deles. Porque será agora que ele se vingaria contra Salema por ter criticado o seu filho?
A maneira leviana com que se tem feito as acusações contra os sucessivos governos da Frelimo, é como se Moçambique fosse o único país onde ocorrem crimes ou raptos. Qualquer um que fazer uma busca na Google dar-se-á conta que há raptos em quase todos os países, incluindo nos que têm máquinas que filmam quase tudo que ocorre, como os EUA e outros ocidentais, mas que mesmo assim não conseguem esclarecer todos os crimes que são perpetrados. Mas já querem que seja a nossa polícia a apanhar todos os raptores, não obstante seja um facto notável que já tivemos momentos em que os raptos ocorriam todas as semanas de dia e de noite, mas que agora reduziram quase para zero, graças ao trabalho da mesma polícia que se acusa de nunca fazer nada.Temos que nos indagar da razão que leva os que culpam recorrentemente o nosso governo, mas já não culpam aqueles políticos da oposição que de facto são assassinos por tendência e assumem publicamente que o são. Porquê é que nunca os acusam, e em contrapartida os aplaudem e os apoiam por todos os meios, para que sejam cada vez mais os preferidos pelos eleitores incautos. Porquê será? Será mesmo porque nos querem o bem, ou é para que tenhamos no futuro governos que os dêem de bandeja todas as nossas riquezas?

Resultado de imagem para mocambiquePara que não sejamos empurrados para a lixeira política, temos que TER MESMO JUÍZO, como nos alerta Elísio Macamo, para que não caiamos no abismo em que os nossos multiplicados inimigos e seus aliados da Quinta-Coluna, nos querem atirar. Temos que ter em conta que o que fizemos nos 43 anos da nossa independência infernizada por esses nossos multiplicados inimigos É MUITO, e teríamos feito muito mais, se não fosse porque nos devastaram pelas guerras que nos foram movendo.Acima de tudo, temos que saber donde partimos e com que meios humanos, materiais e financeiros em 1975. Com isto não quero dizer que não se cometeram erros e não houve roubos, mas não há país que os não se cometem. O importante é afinarmos o método de escolha dos que nos devem liderar, e mudarmos os que continua montado sem justa causa os nossos cavalos de guerra, e não os próprios cavalos que já provaram que são bons corredores.

Por: Gustavo Mavie

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