Mesmo o Ministério dos Transportes e Comunicações reconhece que os preços
dos bilhetes da LAM são elevados e o serviço pouco fiável. Na verdade, o
Primeiro-ministro já interveio aconselhando a LAM a realizar uma auditoria
completa. Durante uma visita do Primeiro-ministro a LAM, o Ministro dos
Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita afirmou que todos devem fazer
sacrifícios para garantir que a LAM continue a operar.
Se o governo optar por gastar o dinheiro dos contribuintes para subsidiar a
LAM como uma questão de orgulho, essa é uma questão para o eleitorado. No
entanto, as pessoas devem ter a possibilidade de optar em gastar o seu próprio
dinheiro em bilhetes mais baratos, num provedor de serviços mais fiável e uma maior escolha de destinos de voos. Deve estar ao
critério das pessoas decidirem se querem sacrificar tempo e dinheiro, a fim de
voar na LAM.
No geral, os consumidores devem ter escolhas. Se uma pessoa decide que
prefere pagar mais, voar numa companhia aérea não fiável para uma série
limitada de destinos, a fim de apoiar a transportadora nacional de bandeira,
essa é a sua escolha. No entanto, os muitos milhares de passageiros que
gostariam de pagar um preço razoável e chegar a tempo, tendo uma escolha de
destinos para negócios ou lazer também devem ter essa opção.
De todas as formas subsidiem a LAM e usem-na como uma marca de orgulho
nacional. Mas reconheçam que é improvável que a companhia alguma vez seja
rentável ou eficiente – esse não é seu objectivo. Ao mesmo tempo, permitam que
os contribuintes, que já contribuem para a LAM através dos subsídios, e os
visitantes, tenham a opção de voar em outras companhias aéreas. Permitam que os
turistas voem directamente para os principais destinos turísticos, como
Inhambane, Vilanculos e Pemba, em vez de encerrar esses aeroportos para voos
internacionais. Permitam que os homens de negócios voem directamente para os
principais centros de negócios, como Tete e Pemba. Ao tornarem mais fácil e
mais barato para os empresários e turistas visitarem o país, iremos fazer
crescer a economia. Ao tornarem mais fácil, mais barato e mais fiável voar
domesticamente, iremos desenvolver o turismo doméstico. Uma economia em crescimento
significa mais impostos, e, portanto, mais dinheiro disponível para subsidiar a
LAM se essa for a escolha que o governo fizer. A limitação de escolhas e a
obrigação das pessoas a usarem a LAM irá apenas reduzir o número de viajantes,
tanto nacionais como internacionais e, em última instância prejudicar a
economia.
O trabalho do SPEED sobre a liberalização do transporte aéreo conclui que
há fortes evidências em todo o mundo de que a liberalização do transporte aéreo
tem importantes benefícios para o sector do turismo e toda a economia de um
país. A liberalização dos serviços aéreos entre países gera significativas
oportunidades adicionais para o crescimento económico e criação de emprego.
Vários estudos têm sugerido que haveria uma expansão de tráfego e crescimento
como resultado de uma redução das barreiras para entrada no mercado de
transporte aéreo de Moçambique. Moçambique inicialmente tomou alguns passos
importantes no sentido de uma política de espaço aéreo liberalizado, mas agora
parece estar recuar novamente para uma maior protecção da LAM. Esta é uma
política arriscada num momento em que a economia está em contracção. A abertura
do sector dos transportes aéreos iria enviar sinais importantes para o mundo de
que Moçambique está empenhado em atrair investimentos e receber turistas. Este
por sua vez, impulsionaria a deficiente economia.