Desde meados do ano passado, a moeda moçambicana
perde valor e as importações estão mais caras, factor que já preocupa a
sociedade moçambicana, cujo consumo é assegurado, em grande medida, pelas
importações. Esta semana, “o País económico” procurou pessoas entendidas na
matéria de câmbios, entre economistas e empresários, para melhor interpretar o
fenómeno do ponto de vista de causas, impacto e soluções . A depreciação do metical já está a níveis
preocupantes. De Julho do ano passado a Junho deste ano, um dólar passou de
30.66 meticais para cerca de 40 meticais. Num espaço de 11 meses, as compras
dos moçambicanos no exterior, através do dólar, ficaram mais caras na mesma
proporção.O facto é que a economia moçambicana, sendo potencialmente
importadora, é sufocada não apenas do ponto vista de grandes importações, mas
também de produtos básicos, incluindo alimentares. Olhando para as grandes
importações, cálculos simples relativos à factura de importações de
combustível, por exemplo, mostra que os custos de importação anual de cerca de
350 milhões de dólares, ao câmbio de 30 meticais, correspondiam a 10.5 biliões
de meticais. Hoje, com o dólar na casa dos 40 meticais, os mesmos 350 milhões
de dólares equivalem a 14 biliões de meticais.
O economista Nuno Castel-Branco
diz que a exploração de recursos naturais não vai melhorar a qualidade de vida
da população, enquanto não houver investimentos na diversificação da base
produtiva. Defensor da revisão dos contratos com os mega-projectos,
Castel-Branco é a favor de mudanças na abordagem actual da política de
desenvolvimento para que haja participação de toda a sociedade.O economista,
investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), considera que
a riqueza em recursos naturais não deve, em si, orgulhar os moçambicanos.
Disse, inclusive, que é melhor que os moçambicanos comecem a orgulhar-se de
desenvolver boas estratégias de desenvolvimento, e não da riqueza em recursos
que ainda não foram explorados e impõem grandes desafios.
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