Terminou sexta-feira(12), em Maputo, o 9º Festival Internacional de
Publicidade, que decorreu de 9 a 11 de Setembro.Ao longo de três dias,
realizaram-se palestras e exposições, e, no encerramento, foram expressas
algumas preocupações dirigidas aos publicitários e aos órgãos de comunicação
social.O jornalista e apresentador de Rádio e Televisão, João de Sousa, que foi
o vencedor do “Grande Prémio Carreira 2014”, aproveitou a ocasião para chamar a
atenção de que “hoje uma grande fatia da publicidade que se produz em
Moçambique não obedece a regras e normas”.João de Sousa considera que “hoje há
mais quantidade, mas não há qualidade” na maneira como são apresentados os
suportes publicitários.“Há problemas na forma, no conteúdo, na concepção, na
linguagem, na leitura. Há erros gramaticais, há erros de sonorização e
montagem”, observou João de Sousa, acrescentando: “Neste mundo moçambicano em
que vivemos, poucos, muito poucos mesmos, conhecem o significado de valorizar a
arte de fazer publicidade”.
Entende que há erros de palmatória que deviam ser corrigidos, e não são.
São erros que, segundo afirma João de Sousa, estão a acontecer por razões
culturais. Acrescenta que são atropelos gramaticais provocados por erros de
concordância entre masculino e feminino, entre singular e plural, ou erros de
conjugação verbal no modo imperativo, principalmente quando se trata do uso de
“tu” e “você”, ou ainda quando, para o espanto de muitos, se pretende convencer
o público ouvinte de que o plural de “fim-de-semana” é “fins-de-semanas”, como
se veiculou, em tempo recente, num anúncio da Rádio Moçambique.Segundo João de
Sousa, o erro passa pelo cliente, pela Agência de Publicidade, pelo órgão de
informação que veicula o anúncio.“E ninguém actua. Antes pelo contrário. Todos
pactuam com este tipo de barbaridade”, declara João de Sousa, e afirma que “os
meios de comunicação social têm de ter a coragem de rejeitar esses anúncios”.“Têm
que ter coragem de dizer ‘não’. Infelizmente não fazem isso e deixam andar o
que está mal, e o que está mal chega aos ouvidos e aos olhos dos nossos filhos,
dos nossos netos”, lamentou aquele profissional de comunicação.Ele afirma que
as pessoas, inevitavelmente, ao lerem, ao falarem ou escreverem seja o que for,
vão fazê-lo tal como o órgão de informação veiculou. “Acho que alguém devia
pensar em ‘colocar o guizo ao gato’.”Também disse que não pretende generalizar,
porque reconhece o que se faz de bom. E referiu a existência destes festivais
que a Associação Moçambicana das Empresas de Publicidade, Marketing e Relações
Públicas (AMEP) tem vindo a promover desde há nove anos. “Felizmente, aqui há
espaço para fazer desta plataforma a plataforma de qualidade, do empenho, da
dedicação, do conhecimento e da vocação”, disse João de Sousa.Concluiu
desejando “que os bons exemplos de cada uma destas mostras anuais sirva de guia
para rectificar o que de mal se faz, e permita ajudar os que anunciam com menos
clarividência, poupando desta forma os que têm de escutar, ver ou ler toda esta
avalanche de coisas sem sentido”.
Na edição deste ano, os prémios “Concha Bronze” na categoria de Rádio
foram atribuídos a algumas agências de Angola e das Maurícias; na categoria de
Internet, às Maurícias; na categoria de TV e Cinema, a Angola, Portugal,
Maurícias e México.No grau de “Prata”, à Agência Arcos. No grau de Ouro, na
categoria de TV e Cinema, a Portugal.O “Prémio Carreira” coube ao jornalista e
apresentador João de Sousa, e o “Grande Prémio TV” foi para Portugal.A próxima edição, o 10o Festival Internacional de Publicidade, vai
realizar-se em Maputo de 8 a 11 de Setembro de 2015.O Festival Internacional de
Publicidade, segundo a presidente desta 9a edição, Anabela Adrianopoulos, vem
decorrendo desde 2006. Segundo disse, contrariamente aos anos anteriores, em
que o festival tem decorrido no mês de Maio, este ano, devido a
constrangimentos, apenas aconteceu em Setembro.Por outro lado, dois aspectos
especiais marcaram o evento, ao ser anunciado a indicação de Anabela
Adrianopoulos e de Mário Ferro para presidente e vice-presidente,
respectivamente, de dois órgãos latino-americanos ligados à Publicidade.No
próximo ano haverá mais, mas, tal como disse Rogério Serrasqueiro, o português
que dirigiu o júri internacional, vai ser preciso inscrever o festival nas
ruas, promover o interesse de participação activa de todas as agências de
publicidade, bem como a sua união em torno do festival. (B. Álvaro)
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