Mais uma sessão, desta feita a oitava da Assembleia da República
decorre desde ontem(16) em Maputo. São sessões quando acontecem todos viramos
os olhos e ouvidos para a chamada “Casa do Povo”, pois são de muito interesse
para nós na perspectiva de que os nossos respeitados deputados debatem
problemas que dizem respeito à nação moçambicana. Por conseguinte, pessoalmente
terei orgulho, tal como pode acontecer com os outros concidadãos, do nosso
parlamento pluripartidário se os grandes debates políticos, económicos, sociais
e doutra índole que acontecem nele, forem feitos efectivamente, num ambiente de
confiança e respeito entre os políticos das três bancadas. Todavia, se os
debates forem feitos com qualidade e alto espírito construtivo e principalmente
patriótico, mesmo que as posições dos deputados não tenham sido convergentes ou
de consenso, até porque numa Assembleia da República como aquela, isto é,
multipartidária nem sempre há consenso, por exemplo, na aprovação de uma lei. É
que, há situações que acontecem em tempo de sessões na nossa AR que, por vezes,
deixam os cidadãos atónitos e incrédulos, dando a transparecer uma certa
“sufocação” democrática e desvio da função primordial dos ilustres
representantes do povo àquela casa, com o fim de aparentemente se valorizar
mais a militância política do que propriamente a defesa dos interesses de toda
a nação.
A falta de serenidade por parte de alguns deputados tem levado à
intolerância, neste caso política, o que igualmente leva à subida de tom a
propósito disto ou daquilo, que em momentos “quentes” dos debates estes atingem
por vezes rudeza na linguagem. O nosso desejo é de termos um parlamento que
passe a ser, a partir de agora, verdadeiro centro de vida política nacional,
não apenas a nível simbólico, onde há menos retórica, mas sim, melhor
dialéctica e sobretudo mais eficácia.
Um parlamento onde todos os deputados tenham uma consciência
suficientemente adulta para debater com maturidade os assuntos constantes nas
agendas de cada sessão que se realiza tendo conhecimento de que, por exemplo, a
reconfiguração da Renamo, o maior partido político da oposição em Moçambique,
implica a capacidade e vontade de construir uma perspectiva alternativa de
poder, sem que tenha assumido uma postura de ameaça ou incitamento à violência
ou desobediência civil.
Que haja civismo e cultura democrática no nosso grande parlamento,
pois, se temos a necessidade, até convicção em nos apresentarmos como arautos
da verdade política ou democrática, então não nos comportemos com uma aparente
inabilidade política. Esperamos que desta vez os nossos ilustres deputados, não
enveredem por um caminho de maior crítica descabida que aumente as tensões
políticas na “Casa do Povo”, pois o povo moçambicano é digno de respeito.
Independentemente das suas preferências partidárias, esperamos que os
parlamentares mantenham atitudes positivas que façam com que todos sejam
centrados numa visão democrática do país e se interessem mais no debate dos
assuntos que têm a ver com a vida política, económica e social de Moçambique, e
não àquilo que sempre mereceu indignação e repúdio dos eleitores. Que reine
acima de tudo, a sensibilidade e o bom senso político, na perspectiva de melhor
servirem o eleitorado moçambicano que, no dia 20 de Novembro, volta a votar nas
eleições autárquicas nas suas cidades e vilas.( Mouzinho de Albuquerque)
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