Foi isso mesmo! A
passagem dos 55 anos de elevação de Pemba à categoria de cidade foi três vezes
mais animada, igual ao número de dias que durou, do que em todas as ocasiões em
que, uma vez ao ano, temos de nos preparar para o que vier no dia 18 de Outubro.
As razões podem ser reunidas num saco chamado coincidência, noutro de nome
organização, bem como numa algibeira que os mais optimistas poderiam dar o nome
de crescimento.Admitindo que o
facto de o dia 18 de Outubro ter calhado numa sexta-feira se possa considerar
coincidência (como se fosse possível colocá-lo numa quinta-feira, como no ano
passado ou num sábado, como será no próximo) a localização da data teve o
condão de encontrar citadinos que tinham à sua frente um fim-de-semana
prolongado para trás (e não para frente como tem sido habitual), tendo a coisa
fervido desde a montante.Não parecia que
houvesse festa, porque, estranhamente, o executivo autárquico havia feito tudo
aparentemente às escondidas, quase todos os viventes da zona de cimento
gritavam a pés juntos que “desta seria uma vergonha”, na explicação errada de
que cidade seja simplesmente essa parcela urbana e na mania de que festa
poderia ser ver muitos cartazes a anunciarem o que iria acontecer e quem viria
da estranja ou das outras paragens do nosso país.Ninguém se lembrou
que os bairros estariam, todos, envolvidos numa preparação sem paralelo,
organizados para três festas, como a seguir nos poderemos aperceber. E foi o
que aconteceu. Ao fazê-lo, a edilidade terá inovado essa maneira de ser cidade,
principalmente município, principalmente autarquia…
E no dia 18 aqueles
que esperavam pelos cartazes foram surpreendidos pela festa, vinda de todos os
bairros, que encheu os recintos públicos existentes e ela (a festa) foi sendo
distribuída pelas alamedas, tendo regressado incompleta à sua origem (de novo
aos bairros), onde tudo estava feito, incluindo o tradicional arroz e carne de
vaca.Esta festa iria
contagiar uma outra a seguir: lembrar Samora Machel, na terra onde ele gostava
de gozar as suas férias e, por essa ocasião, o festival da Capulana, que, não
fosse a forma como o Conselho Municipal voluntariamente assumiu o evento,
corria o risco de ser um fiasco.
Todos ouviam falar
de 15.000 mulheres com capulanas a desfilar. Todos ouviam gratuitamente a
palavra mundial ou internacional e todos ouviam que Pemba seria apenas
hospedeira, e por aí participante privilegiada.Ninguém sabia que, para lá da
publicidade, estava a verdade de que tudo poderia ser Pemba, desde os
participantes até ao uso e abuso dos termos mundial e internacional. Ninguém
chegou de fora das fronteiras, para desfilar no festival, nem de outras
províncias para o mesmo fim.Como que a sonhar e habituados às manias de coisas
pensadas e dirigidas a partir de Maputo, o município desconfiou em absoluto e
organizou-se a ponto de assumir a totalidade do festival, entanto que festa.Por isso,
preparou-se para que todos os bairros fossem ao festival, nem era necessário
pedir que fossem de capulanas – sempre estão! Espontaneamente lá estiveram
quantas capulanistasquanto os olhos não puderam mais! Por isso, as cerca
de 7000 beldades no desfile.
Vimos capulanas
feitas de tudo aquilo que a imaginação conseguiu, cobrindo as diferentes formas
de ser bela, diferentes e exuberantes traseiras, vistosos e gingadores peitos,
a elegância da mulher na sua mais íntima vaidade e estilos, tanto tradicionais,
quanto modernos, outros ainda forçados a coabitarem com a era informática, a
caminhar para a digital. Capulana!
Na verdade, a
capulana é muita coisa: é beleza, é riqueza, é alegria, é traição, é tradição e
de facto é cultura, para o que não foi necessário algum seminário com algumas
apresentações empower point, para que ela aparecesse em cheio e enchesse
todo o perímetro chamado Pemba, principalmente, a bela praia do Wimbe.
Acabou sendo a
nossa festa, de tal ordem que da próxima contemos connosco mesmos. Samora foi
celebrado da melhor maneira, que contagiou o dia seguinte, em que entrámos na
terceira festa: apuramento do Ferroviário de Pemba para o Moçambola/2014, donde
poderemos não voltar cedo, se a razão for a falta de um campo relvado, segundo
garantem as autoridades.
É dos sucessos que,
por causa dos quais, não merece elogios, a quem quer que seja, porque devia ser
sempre assim… (P.Nacuo)
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