O
escândalo do candidato da Frelimo em Moatize, Carlos Portimão, que foi apanhado
em flagrante delito a subornar a procuradora local, Ivânia Mussagy, está a
causar enorme preocupação e interpretação de vária ordem sobre o comportamento
do agora candidato.Mas a nível do partido Frelimo, o caso está, estranhamente,
a ser encarado com a maior
naturalidade do mundo, e já tem, até, um nome simpático: “acidente de
percurso”. Em entrevista, o porta-voz do partido Frelimo, Damião José, disse
que o que aconteceu em Moatize é um “acidente de percurso” e não vai de maneira
alguma colocar em causa a reputação do candidato da Frelimo, Carlos Portimão.
Damião José, que é também secretário para a Mobilização e Propaganda do partido
Frelimo, confirma a tentativa de suborno à procuradora por parte do candidato
da Frelimo e diz que a Imprensa reportou o caso de forma deturpada e colocou o
candidato da Frelimo numa situação de vilão. O porta-voz do partido Frelimo diz
que o candidato Carlos Portimão de facto tentou
“oferecer dinheiro” à procuradora, mas não com
a intenção de suborná-la, mas para agradecer pelo
facto de o “irmão” ter sido colocado a aguardar pelo julgamento em liberdade. “Foi um momento de emoção e ele queria
agradecer e não subornar”, disse Damião José,
sem tecer mais comentários sobre agradecimento monetário
a magistrados em caso de liberdade condicional. “Mas é uma questão já ultrapassada e os munícipes de Moatize já
perceberam que foi um mal-entendido”, disse. O
candidato do partido Frelimo à presidência do município de Moatize,
Carlos Portimão, foi detido no dia 26 de Setembro pelas 11 horas ao tentar
subornar a procuradora distrital, Ivânia
Mussagy, pelo valor de cinco mil meticais. Foi detido
em flagrante delito. Habituados a uma magistratura servil, o partido Frelimo
foi encontrado em contra pé com a detenção do seu candidato e teve de agir ao
mais alto nível. Sabe-se , houve até a intervenção do próprio procurador-geral
da República, Augusto Paulino, e do secretário do Comité Central para
Verificação de Mandatos, José Pacheco, que também é ministro da Agricultura,
para que Carlos Portimão fosse solto, porque à partida já não podia concorrer. Carlos
Portimão foi julgado, sumariamente, e condenado a três meses de prisão
convertidos em multa que pagou imediatamente, tendo sido solto e voltou a ser
candidato. Contrariamente ao que diz Damião José, o próprio visado concedeu uma
entrevista ao Canal de Moçambique onde confirma que tentou oferecer dinheiro à
procuradora para alegadamente a magistrada “parar de incomodar” o seu “irmão”
que está a aguardar o julgamento. O “irmão” – na verdade: primo – do candidato
da Frelimo está envolvido num contencioso judicial que tem como pomo um
acidente de viação. (CANALMOZ)
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