As Comunidades Islâmica e
maometana de Moçambique encontram-se a juntar elementos para processar o Estado
moçambicano em tribunais internacionais,
na sequência dos constantes raptos dos empresários
membros daquelas comunidades, segundo fontes internas dessas comunidades. O
último sequestro ocorreu ao princípio da
noite da passada semana na baixa da cidade de Maputo, concretamente na Rua da Mesquita,
em frente da porta da mesquita da baixa, em que a vítima foi o empresário
moçambicano de origem asiática, Rachid Takdir, mais conhecido na sua comunidade
pelo nome de “Galinheiro”.Fontes daquelas comunidades garantiram “à nossa
Reportagem” que há preparação para processar o Estado
moçambicano, devido à onda de sequestros de que têm vindo a ser vítimas, desde
há cerca de dois anos, alegadamente pela ineficácia do Estado moçambicano em
travar a onda dos raptos mas sobretudo pela incapacidade de esclarecer os
casos.De acordo com as fontes, os membros daquelas comunidades estão agastados
e indignados com o silêncio do presidente da República, Armando Guebuza, que em
Agosto do ano passado, depois do encontro com os dirigentes do “Movimento
Islâmico”, garantira que iria pessoalmente envolver-se para que se resolvesse a
questão dos raptos.“Ele (Guebuza) continua no silêncio como se nada estivesse a acontecer. Acreditamos
que alguém ao mais alto nível deve estar a beneficiar-se desses raptos”, disseram as nossas fontes.“Há uma
grande movimentação para processar o
Estado moçambicano nas instâncias judiciais internacionais. A nossa comunidade
já contratou advogados que estão a reunir os documentos para accionar um processo
contra o Estado. Os muçulmanos pretendem
também denunciar a cumplicidade do Governo
moçambicano nas Nações Unidas”, disseram
as nossas fontes. Na verdade, as Comunidades muçulmana, hindu e ismaelita de Moçambique
ameaçaram em Agosto do ano passado
lançar uma campanha de desobediência
civil à escala nacional, por causa dos sequestros. Foi dito na ocasião, que as comunidades iriam
levar a cabo manifestações, uma greve geral do comércio e indústrias e serviços sob controlo de membros dessas comunidades, uma marcha em direcção ao Ministério do
Interior e uma campanha de desobediência
fiscal. Nada disso aconteceu na esperança do Governo agir. Mas até agora os
raptos continuam e o Governo não
conseguiu esclarecer um único caso. Em apenas dois anos, mais de 30 membros da
comunida de muçulmana foram sequestrados em Maputo e milhões de dólares foram pagos de resgate. Quando as
comunidades admitiam paralisar as suas actividades económicas, para impedir que as ameaças daquelas comunidades se concretizasse, o presidente Armando Guebuza, que na altura se encontrava na cidade
municipal da Matola a dirigir a reunião
do Comité Central da Frelimo em preparação do X Congresso, na qualidade de
presidente daquela formação politica, abandonou
o evento para se reunir com os elementos
das organizações muçulmanas de Moçambique. O encontro de alto nível surgira
depois do anúncio de uma onda de
protesto da comunidade que iria começar
no dia seguinte. O presidente Armando Guebuza recebeu a delegação da comunidade muçulmana do país, cujos pontos da agenda eram os protestos anunciados por esta comunidade, tais como uma greve do sector empresarial e manifestações
nas 11 capitais provinciais de
Moçambique a 1 de Setembro. Na circunstância, Armando Guebuza oferecera
garantias aos elementos presentes na reunião do seu “comprometimento pessoal” para resolver a problemática dos sequestros que têm
vindo a assolar a comunidade muçulmana moçambicana. Depois do encontro com o
chefe de Estado e presidente do partido Frelimo, as organizações muçulmanas
decidiram suspender a greve do sector empresarial que estava prevista para o
dia seguinte. Agora dizem estar indignados com “o silêncio cúmplice do presidente
Armando Guebuza”, ameaçando processar o Estado moçambicano “por causa da
incapacidade das instituições estatais”. Uma fonte do Ministério da Justiça
disse que nos últimos dias os sequestros
não têm afectado as comunidades ismaelitas e hindus. Mas membros das
comunidades muçulmanas continuam a ser raptados. Os muçulmanos ameaçam retirar
do país todos os investimentos aplicados
por falta de segurança. Segundo a mesma
fonte, em Cabo Delgado, uma dessas comunidades ordenou o encerramento de um banco seu em
concretizando as ameaças. “Eles, inclusive, já foram marcar audiência com o Presidente da República para
lhe dizerem que vão retirar os seus
investimentos, caso a situação dos
raptos prevaleça. Disseram que não
estavam para brincadeiras, por isso os
raptos contra ismaelitas e hindus reduziram”,
concluiu a fonte. De recordar que em Moçambique não existe uma lei contra raptos. Apenas
existe uma lei que penaliza o cárcere
privado. (B.Álvaro)
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