Raramente os manuais escolares israelitas e palestinianos
diabolizam o adversário, mas dão frequentemente uma visão do conflito destinada
a promover um ponto de vista único, revela um estudo divulgado esta
segunda-feira. "A desumanização e a diabolização do outro são raras",
diz o o estudo financiado pelo Departamento de Estado americano e dirigido por
um professor da Universidade de Yale (EUA), numa parceria com uma universidade
israelita e outra palestiniana. Porém, "os livros israelitas, assim como
os palestinianos, apresentam os factos com uma visão unilateral. Os
acontecimentos históricos são apresentados de forma selectiva para reforçar as
visões nacionais", dizem os autores do estudo, que analisaram mais de três
mil textos escolares de 2011 aprovados pelos Ministérios de Educação dos dois
lados e ainda manuais do ensino ultra-ortodoxo judaico. Sobre a sensível
questão dos mapas e fronteiras, apenas 4% dos manuais palestinianos e 13% dos
israelitas se referem a uma fronteira e têm uma frase mencionando Israel e os
Territórios Palestinianos. E em Israel, a Cisjordânia é designada pelo nome
bíblico de Judeia-Samaria. “A falta ou total ausência de informação sobre o
outro serve para deslegitimar a sua pertença", sublinha o estudo,
revelando que a representação negativa do adversário é "mais pronunciada
nos livros dos ultra-ortodoxos israelitas do que nos livros palestinianos ou
israelitas, que têm algum conteúdo de autocrítica". "Há muito a fazer
no sistema educativo em geral e nos manuais escolares em particular,
sobretudo se as partes em conflito se comprometerem no caminho da paz",
conclui o estudo. A Autoridade Palestiniana e Israel acusam-se de
ensinar a violência nas escolas e de propagar o ódio e a diabolização do
outro através dos programas de ensino. O Ministério da Educação de Israel
considerou este relatório "parcial, não-profissional e profundamente
subjectivo", mas razoável no ponto em que "não coopera com o desejo
de difamar o sistema educativo do Estado de Israel". Porém, sublinhou um
comunicado do ministério, "a tentativa de comparar os sistemas de ensino
israelita e palestiniano não tem qualquer fundamento". Já o ministro
palestiniano da Educação, Salam Fayyad, disse estar "satisfeito" por
o estudo confirmar que "os livros palestinianos não contêm qualquer forma
de incitamento ao ódio". Fayyad disse que o seu ministério vai estudar
"atentamente" o relatório e "tirar dele conclusões (...) que
ajudem a harmonizar os programas escolares com os princípios (...) de coexistência,
de tolerância, de justiça e de dignidade humana".
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