“Primeiro temos que ter
clareza sobre o que é a comunidade científica ou academia.O que é hoje a
academia? Eu acho que há um grande equívoco em relação àquilo que consideramos como
academia. Um indivíduo pode ter um grau de Doutor, PhD, e não ser académico. E
muitas das vezes confundimos o grau de escolaridade com a essência académica.
São coisas diferentes. Ser académico implica uma certa postura, uma certa
prática profissional: a esta ideia de que nós temos que fazer um esforço
colectivo e temos um projecto nacional e a ética dos dirigentes públicos estava
em linha com isto. O presidente Chissano quando assumiu o poder, ele encontra uma
esfera pública sem cultura reivindicativa, mas a isso junta-se também a sua
forma de ser. O seu histórico de diplomata: mais pelo diálogo e negociação. As
pessoas também amadureceram politicamente. Vemos hoje que há redução de estar
envolvido em investigação, em ensino, produção científica e também ter uma
postura profissional deontológica. O que acontece no nosso contexto é que temos
muitas pessoas com curso superior e outras até a dar aulas na universidade, mas
dar aulas na universidade não faz de ninguém um académico. E são essas pessoas
que estão a ser confundidas como parte de uma certa comunidade académica.
Enquanto são pessoas que chegam nas faculdades dão aulas e vão-se embora. E são
essas pessoas que depois aparecem na esfera pública a defenderem posições de
pouca cientificidade com o rótulo de académico. Uma pessoa não pode aparecer a
defender coisas sem fundamentos e ainda querer ser chamado de académico. É isso
que faz com que haja ideia de que a academia está ao serviço do regime.” Leia
aqui, a entrevista concedida por Jaime Macuane, Prof. e ex-Director do curso de
Mestrado em Governação e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane.
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