NÃO passa um mês que a classe médica
decidiu paralisar as actividades nas unidades sanitárias públicas, entrando em
greve contra grande oposição do Governo. Policias acabam de começar a agir e os
professores estão a movimentar-se no mesmo sentido apontando para uma greve
geral. A greve dos médicos, que durou cerca de dez dias e abalou seriamente o
Sistema nacional de Saúde, parece que quebrou o medo que reina(va) na
administração pública e despertou outros sectores a lutarem pelos seus direitos
face ao cepticismo na autorização de greves aos funcionários do Estado. Agora,
concrectamente, sabe-se ao certo que a Policia está a agir. Acaba de anunciar
um greve para o dia 01 de Abril, caso as suas reivindicações apresentadas por
escrito ao governo, PR, Assembleia da República e outros organismos, não venham
a ser atendidas. Os agentes da Polícia da República de Moçambique ameaçam
entrar em greve por tempo indeterminado, a partir do dia 1 de Abril, como forma
de pressionar o Governo a fazer um reajuste salarial significativo. Querem um
salário mínimo na Polícia de oito mil meticais/mês. Os Policias dizem que
depois de 01 de Abril só voltarão ao trabalho caso sejam satisfeitas as suas
reivindicações. Através de uma carta endereçada ao Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina,
datada de 24 de Janeiro de 2013, que se transcreve
na íntegra, os agentes da PRM referem que desde o mandato do Presidente Guebuza
a Polícia tem sido assolada por problemas de vária ordem, desde a falta de
promoções, progressões e sem nunca terem conhecido um aumento salarial igual ou
superior a 20%.“Esta situação tem criado amplo descontentamento no seio dos membros
da corporação, tomando em conta o custo de vida que vem registando um
agravamento ininterrupto, daí que tem sido frequente o envolvimento de alguns agentes da corporação em actos criminais,
desde o aluguer das armas aos bandidos, liderança de quadrilhas, subornos,
extorsão e outros na tentativa de superar os míseros salários que o Estado lhes
paga ainda com vários riscos sujeitos”. “Se não vejamos: o último elemento
desta instituição (Guarda da Polícia) tem como vencimento base 3.366,49
meticais (1 dólar = 30.00 meticais), e líquido recebe: 4.102,86 meticais e, por sua vez, o rancho da
família com três membros é de aproximadamente 2.000,00 meticais, mais 4.200,00
meticais das despesas diárias na compra de mata-bicho e verduras ou carapau
para jantar já que está interdito de ter almoço (em casa),totalizando 6.200,00 meticais”,
lê-se no documento. “Neste valor, de acordo com a carta, ainda não contabilizou
o que deve pagar para as matrículas das crianças; não comprou material e uniforme
escolar; não incluiu valor da renda de casa, de transporte do funcionário e dos
filhos acrescidos das ligações sujeitas; não comprou sapatilhas e roupa ao
menos para crianças e ainda ninguém da família ficou doente”. “Assim sendo,
qual é a possibilidade deste membro sobreviver? Construir? Comprar
electrodomésticos?”, questiona-se na carta dirigida ao Gabinete do Primeiro - Ministro.
Os membros da corporação usam a carta para pedirem que “se faça um reajuste da
tabela salarial na ordem de oito mil meticais como vencimento base para Guarda
da Polícia e sucessivamente, que se resolva a questão das progressões
estagnadas desde 2005, bem como o assunto das promoções que andam a passo de
camaleão e destinados aos da família Tivane (conhecidos), passarem a ser
abrangentes, que se atribua a subsídios de alimentação e de transporte bem como
o pagamento das horas-extras para os que trabalham para além da hora normal
estabelecida pela lei”. O comandante-geral da PRM, Jorge Khalau, diz que ainda
não recebera nenhuma carta com o conteúdo desta natureza e nem sequer informação
de ameaça da greve por parte dos membros da PRM. (R.Moiane)
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