quarta-feira, outubro 26, 2011

Socorro!

Crianças pediram ao Governo, na Beira, a criação de locais de recreação infantil que praticamente não existem nesta cidade, de forma a evitar a afluência dos menores às áreas frequentadas pelos adultos e, consequentemente, os eventuais casos de assédio e outras formas de violação que possam ocorrer. Esta preocupação foi manifestada por crianças oriundas de várias escolas da Beira que ontem marcharam por ocasião das celebrações do 26º aniversário da fundação da Organização dos Continuadores Moçambicanos.Centenas de crianças juntaram-se na Praça dos Continuadores, onde procederam à deposição de uma coroa de flores.Não houve os habituais discursos por parte dos organizadores do evento.Entrevistadas na ocasião pelo “DM”, algumas das crianças pediram ao Governo a criação de parques, bibliotecas e clubes infantis que ajudem a recrear os petizes, evitando que estes recorram aos bares, clubes nocturnos e outros locais frequentados pelos adultos.Karmen Kiara, 13 anos, aluna da 9ª classe na Escola Secundária Samora Machel, disse que a falta de parques infantis faz com que muitas crianças recorram às discotecas para se recrearem.Esta situação, segundo referiu, propicia o assédio sexual contra as crianças, gravidez precoce, entre outros males que afectam os continuadores. “Isto tudo pode ser evitado se o Governo garantir espaços específicos para a diversão das crianças”.Para Clementino da Cruz, também de 13 anos, a frequentar a 7ª classe na Escola Primária Completa Amílcar Cabral, na Munhava, a falta de locais em que as crianças possam recrear-se faz com que estas recorram até mesmo às lixeiras para apanharem latas e outros objectos com os quais se divertem, sem terem em conta os riscos à saúde que possam correr.Por seu turno, o presidente do Parlamento Infantil em Sofala, Leonardo Daniel Jorge, 18 anos, aluno da 11ª classe na Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba, referiu que o Governo deveria apostar mais na criação de condições para proporcionar recreação às crianças, para que estas possam crescer saudáveis.“As crianças necessitam de parques infantis, bibliotecas e jardins. Estes lugares dão falta na cidade. Os que existiam estão a desaparecer. A título de exemplo, o jardim do Bacalhau, na Ponta-Gêa, foi transformado num local que quase já não serve às crianças”, disse Jorge.Ele apelou ao Governo no sentido de dedicar parte do seu orçamento à criação destas condições para o bem-estar das crianças.Já Mariana da Maide, 14 anos, aluna da 9ª classe na Escola Secundária da Ponta-Gêa, referiu-se à falta de carteiras nas escolas como estando a afectar a qualidade de ensino de muitas crianças.“Estudar sentado no chão não ajuda a criança a ter boa caligrafia, porque cria desconforto. O Governo deve envidar esforços no sentido de alocar carteiras às escolas, para criar condições que nos permitam estudar de forma confortável”, pediu Maide.

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