Muamar Kaddafi foi fatalmente ferido por uma bala nos intestinos depois de ser capturado, de acordo com um médico que examinou o corpo, em meio a relatos conflitantes sobre a morte do ex-líder líbio. Kaddafi, de 69 anos, foi morto e capturado por combatentes líbios do governo provisório, a quem ele havia chamado de "ratos" no começo da insurreição de oito meses que pôs fim a seus 42 anos no poder. Ele foi localizado no dia 20 quando as forças líbias assumiram o completo controle da cidade-natal de Kaddafi, Sirte. "Kaddafi foi capturado vivo, mas morreu depois. Houve uma bala e essa foi a causa primária de sua morte; ela penetrou nas suas entranhas", afirmou o dr. Ibrahim Tika à TV al Arabiya. "E houve uma outra bala na cabeça, que entrou e saiu". Antes, o primeiro-ministro do governo provisório líbio, Mahmoud Jibril, ao ler o que disse ser o relatório da autópsia, declarou que Kaddafi foi retirado sem resistência de um "cano de esgoto", alvejado no braço e colocado num camião, que foi então "travado num cessar-fogo" enquanto o levava ao hospital. Imagens mostravam um homem com os cabelos longos e encaracolados de Kaddafi, coberto de sangue e sofrendo golpes de homens armados. Tika, que também examinou o filho de Kaddafi, Mo'tassim, disse que ele teria morrido depois do pai. "Quanto a Mo'tassim, houve um ferimento no peito e logo abaixo do pescoço. Havia outros ferimentos nas costas e nas pernas", disse. Sempre que precisava fugir às pressas, Muamar Kaddafi deixava para trás evidências do estilo de vida extravagante desfrutado durante décadas de seu regime tirânico. Conforme palácios e abrigos iam sendo dominados pelos rebeldes, a pompa e o luxo que cercavam os filhos e seguidores mais próximos do líder emergiam diante de olhares estupefatos - e furiosos. Kaddafi acumulou um patrimônio bilionário, que chegou a ser calculado em US$ 80 bilhões, entre recursos no exterior, ouro e imóveis.Diversas propriedades da família foram descobertas. Um complexo de mansões na zona costeira, nos arredores de Trípoli, virou parque de diversões dos combatentes rebeldes. As residências de dimensões hollywoodianas pertenciam ao próprio ditador, aos filhos dele e a conselheiros próximos, como Abdullah al-Senussi, o chefe de inteligência, acusado pelo massacre de 1.200 prisioneiros da cadeia de Abu Salim, em 1996. Uma das casas tinha banheira de hidromassagem, jet skis possantes, escola de mergulho, um estábulo e até pista para saltos de cavalos. O dono era Hannibal, o quarto filho de Kaddafi.Chegou-se a especular que o ditador teria barras de ouro suficientes para encher um avião. No complexo de Bab al-Aziziya, em Trípoli, rebeldes encontraram pistolas de ouro e até artigos exóticos: um abanador onde havia um elefante esculpido a ouro. E um sofá de gosto duvidoso, em formato de sereia - mas com o rosto da filha de Kadafi, Aisha. Uma curiosidade foi o álbum de fotos da ex-secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice, por quem Kaddafi já havia declarado admiração. Ela havia visitado a Líbia em 2008.Os carrinhos de golfe encontrados na fortaleza foram usados pelos opositores para rodar pela capital.Na cidade natal do ditador, Sirta, havia mais sinais da riqueza abundante no pomposo centro de conferências Ouagadougou - complexo construído especialmente para receber líderes estrangeiros. Em setembro, os rebeldes do CNT ainda ganharam uma herança inesperada: encontraram US$ 23 bilhões em activos no Banco Central da Líbia. Os recursos foram destinados à reconstrução do país.
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