O aperto da data-FIFA, que é de 23 a 31 de Março, não vai
facilitar a preparação da Selecção Nacional de futebol para a dupla jornada
contra os Camarões, referente ao Grupo “F” de qualificação para a fase final do
Campeonato Africano das Nações (CAN) que se disputará próximo ano. A título de
exemplo, contrariamente ao habitual, os Mambas não realizarão nenhum treino no
solo pátrio, porquanto Luís Gonçalves deseja que no mínimo consiga realizar
três sessões no terreno do adversário. O seleccionador nacional lamenta que a
data-FIFA seja de uma semana (23 a 31 de Março) e com dois jogos, enquanto Moçambique
tem jogadores que fazem enormes distâncias para juntarem-se ao grupo.
“Por mais que os jogadores quisessem,
não tenho como treinar aqui antes do jogo. O máximo que podemos fazer é começar
a treinar no dia 24 de Março (terça-feira) nos Camarões. A Confederação
Africana de Futebol ainda não marcou a dupla jornada, mas o treinador trabalha
a pensar que em princípio será nos dias 26 (quinta-feira) e 31 (terça). Essas
datas dificultam a integração dos que jogam for a porque, por exemplo,
Zainadine Jr. joga na Madeira no dia 22 de Março, que é domingo. Para ele é
impossível estar aqui no dia 23. Isso acontecerá com muitos, por isso, à
semelhança da deslocação às Maurícias, teremos que nos encontrar lá. Infelizmente,
isso acontece muito com as equipas africanas devido às ligações aéreas, não só
- explicou Gonçalves.
Assim, o trabalho no terreno começa no dia 24
(terça-feira) e “gostaria de realizar
três treinos em solo camaronês. No dia 23 (segunda), por mais que treinemos,
provavelmente não poderei trabalhar com todos convocados. Isso só acontecerá a
partir de terça-feira (24) e se pudermos ter três treinos com todos atletas
seria muito bom”, considera Luís Gonçalves.
Apesar desta condicionante, o seleccionador nacional está
confiante num bom desempenho da Selecção Nacional neste duplo confronto, cuja convocatória
deverá sair, em princípio, uma semana antes da partida para Yaoundé. Neste
momento, de acordo com o técnico, está sendo feito um trabalho preparatório a pensar
na logística da viagem e estágio, porque “é
importante que tudo esteja bem.
Precisamos de saber onde treinar. Não gostaria, por exemplo, de partir daqui
com uma delegação dividida. Uma coisa é nos encontrarmos lá com os que vem de
fora e, a outra, sairmos daqui divididos como já aconteceu e que não quero
culpar ninguém”, disse, para depois sublinhar
que a planificação da viagem de regresso “é
fundamental. Eu gostaria de voltar imediatamente depois do jogo para mais tempo
de recuperação de jogadores”, deseja o seleccionador que na campanha ao CAN
soma uma vitória e um empate.
O seleccionador nacional esteve há dias a trabalhar fora
do país e fez algumas visitas de acompanhamento de alguns jogadores, sobretudo os
que estão em Portugal, e, segundo explica, os que ainda não foram chamados à
Selecção Nacional naturalmente estão motivados e reagiram com muito
contentamento a presença da equipa técnica. É o caso do jovem Ricardo Mondlane,
de 20 anos, que joga no AD Sanjoanense, em Portugal.
“ Estivemos com os dois jovens
do Setúbal e também com Zainadine Jr. Falámos de muitas coisas e estão todos motivados
e confiantes. Foi a impressão com que fiquei, por exemplo, da conversa com Zainadine,
que é um dos mais experientes da equipa nacional”, explica. O técnico afirma que está, neste momento, atento à
evolução dos nossos atletas, quer os que estão fora, quer os que estão a jogar
internamente, agora que começou o Provincial.
- “Ainda vi jogos na quarta-feira.
É uma situação em que vejo partidas de equipas que conheço diante de
adversários do escalão inferior que não conheço, mas que é preciso ver, porque
é sempre bom acompanhar jogadores novos que possamos considerar no futuro
próximo”, disse.
O seleccionador nacional afirma que os Mambas, que
enfrentarão Camarões no duplo confronto, terão dois níveis de estágios, uma vez
que “os que jogam na Europa e na África
do Sul estarão num nível adiantado, uma vez que estar-se-á a entrar no último
terço do campeonato com excepção de Cazaquistão, onde está Reginaldo, pois a
época é igual a nossa. Ou seja, o campeonato acaba de começar. É bom ter
jogadores que estão nesse nível. Os daqui estão atrasados, ainda por cima o
Moçambola só arranca uma semana depois da dupla jornada com Camarões. O
Provincial, que está sendo disputado, não tem o mesmo nível de exigência,
porque há desnível que reduzem o grau de competitividade por jogarem equipas de
escalões diferentes”, admite Gonçalves.
Mas, acima de tudo, o mais importante para Gonçalves é que os jogadores
cheguem ao jogo em condições físicas melhores. Temos uma Selecção Nacional com algum valor, mas há jogadores
preponderantes que quando não estão em condições alguma coisa muda, diz.
O técnico reconhece a vantagem dos Leões Indomáveis
nesse quesito, pois “têm todos
jogadores. aliás, os que fizeram os primeiros dois jogos jogam fora, nomeadamente
na Europa, divididos por países como Alemanha, França, Itália e Bélgica, o que
dá outro nível a eles, mas que não podemos estar sempre a pensar nessa
superioridade. Aliás, enquanto nós utilizamos tecnologia para nos manter
informado do nível dos que jogam fora, o treinador deles, por exemplo, esteve há
dias na Itália a ver seus jogadores. São outros níveis e orçamentos, por isso
não vamos nos pegar a isso”, considera o seleccionador nacional, que
destaca que “respeitamos e reconhecemos
o valor do adversário, mas temos nosso. Não tememos ninguém e estamos aqui para
dar o nosso máximo, mas temos que ter em mente que não vai ser fácil. Mas o que
está claro é que estamos aqui para isso e, honestamente, estou tranquilo e
valorizo estabilidade do grupo do trabalho”, afirma.
O técnico considera que pontuar em Yaoundé e depois
vencer no Estádio Nacional do Zimpeto
diante dos Camarões seria o ideal nas contas de
Moçambique, que pretende manter-se à frente do Grupo “F” de qualificação ao
CAN-2021, porque sabe que a condição
para a nossa qualificação é estarmos a frente dos dois adversários directos,
Ruanda e Cabo Verde. Por isso, se
fizéssemos até dia 31 mais seis
pontos seria ideal, mas se terminarmos em quatro seria igualmente uma boa
colheita, disse. Até final desta campanha, os Mambas devem receber os
Camarões e Cabo Verde, enquanto
as saídas ainda em falta são para os Camarões e o
Ruanda. Quando questionado se eventualmente haveria algo que desejasse para a
melhoria do trabalho, o seleccionador nacional afirmou que “gostaria de ter meios necessários para desenvolver melhor nosso
trabalho. Por exemplo, a FMF ainda não tem uma plataforma que as equipas
profissionais usam, refiro-me a instat scout, que permite melhor compilação da informação
que precisamos de um determinado jogador. Tenho falado com os responsáveis que deixam garantia de que isso será resolvido. Essa é a minha preocupação fundamental.
O acesso aos meios necessários para o
nosso trabalho é sempre importante e nem estamos a exigir mais do que devemos,
porque temos consciência de fazer mais com o pouco que temos”, considera Gonçalves.
O técnico também mostra-se preocupado com a
estabilidade da sua equipa técnica.
- É preciso que se sintam tranquilos
para desenvolver seu trabalho, por isso sempre procuro
saber de todos como estão. O
que é fundamental é o bem-estar e a tranquilidade para pensar e trabalhar. O president
tem-se mostrado aberto. Tenho falado com Paíto e Madeira, que é o
secretário-geral, afirma. Por outro lado, o
técnico afirma que, com a entrada do novo director técnico, há possibilidades de
levar avante um trabalho que vai para além da preparação dos Mambas.
- “Penso que podemos desenvolver
ideias importantes e que até já estava a pensar nelas, mesmo não sendo minha
principal missão. Eu penso que, ao mesmo tempo que preparamos a equipa
principal, há que fazer projectos para desenvolver o futebol naquilo que é
nossa segunda área de actuação, não ficar só à espera de jogos que são feitos às
vezes uma vez em quatro meses”, disse. (Jornal DESAFIO)
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