sexta-feira, fevereiro 21, 2020

Três treinos em solo camaronês



O aperto da data-FIFA, que é de 23 a 31 de Março, não vai facilitar a preparação da Selecção Nacional de futebol para a dupla jornada contra os Camarões, referente ao Grupo “F” de qualificação para a fase final do Campeonato Africano das Nações (CAN) que se disputará próximo ano. A título de exemplo, contrariamente ao habitual, os Mambas não realizarão nenhum treino no solo pátrio, porquanto Luís Gonçalves deseja que no mínimo consiga realizar três sessões no terreno do adversário. O seleccionador nacional lamenta que a data-FIFA seja de uma semana (23 a 31 de Março) e com dois jogos, enquanto Moçambique tem jogadores que fazem enormes distâncias para juntarem-se ao grupo.
“Por mais que os jogadores quisessem, não tenho como treinar aqui antes do jogo. O máximo que podemos fazer é começar a treinar no dia 24 de Março (terça-feira) nos Camarões. A Confederação Africana de Futebol ainda não marcou a dupla jornada, mas o treinador trabalha a pensar que em princípio será nos dias 26 (quinta-feira) e 31 (terça). Essas datas dificultam a integração dos que jogam for a porque, por exemplo, Zainadine Jr. joga na Madeira no dia 22 de Março, que é domingo. Para ele é impossível estar aqui no dia 23. Isso acontecerá com muitos, por isso, à semelhança da deslocação às Maurícias, teremos que nos encontrar lá. Infelizmente, isso acontece muito com as equipas africanas devido às ligações aéreas, não só -  explicou Gonçalves.
Assim, o trabalho no terreno começa no dia 24 (terça-feira) e “gostaria de realizar três treinos em solo camaronês. No dia 23 (segunda), por mais que treinemos, provavelmente não poderei trabalhar com todos convocados. Isso só acontecerá a partir de terça-feira (24) e se pudermos ter três treinos com todos atletas seria muito bom”, considera Luís Gonçalves.
Apesar desta condicionante, o seleccionador nacional está confiante num bom desempenho da Selecção Nacional neste duplo confronto, cuja convocatória deverá sair, em princípio, uma semana antes da partida para Yaoundé. Neste momento, de acordo com o técnico, está sendo feito um trabalho preparatório a pensar na logística da viagem e estágio, porque “é importante  que tudo esteja bem. Precisamos de saber onde treinar. Não gostaria, por exemplo, de partir daqui com uma delegação dividida. Uma coisa é nos encontrarmos lá com os que vem de fora e, a outra, sairmos daqui divididos como já aconteceu e que não quero culpar ninguém”, disse, para depois sublinhar que a planificação da viagem de regresso “é fundamental. Eu gostaria de voltar imediatamente depois do jogo para mais tempo de recuperação de jogadores”, deseja o seleccionador que na campanha ao CAN soma uma vitória e um  empate.

O seleccionador nacional esteve há dias a trabalhar fora do país e fez algumas visitas de acompanhamento de alguns jogadores, sobretudo os que estão em Portugal, e, segundo explica, os que ainda não foram chamados à Selecção Nacional naturalmente estão motivados e reagiram com muito contentamento a presença da equipa técnica. É o caso do jovem Ricardo Mondlane, de 20 anos, que joga no AD Sanjoanense, em Portugal.
“ Estivemos com os dois jovens do Setúbal e também com Zainadine Jr. Falámos de muitas coisas e estão todos motivados e confiantes. Foi a impressão com que fiquei, por exemplo, da conversa com Zainadine, que é um dos mais experientes da equipa nacional”, explica. O técnico afirma que está, neste momento, atento à evolução dos nossos atletas, quer os que estão fora, quer os que estão a jogar internamente, agora que começou o Provincial.
- “Ainda vi jogos na quarta-feira. É uma situação em que vejo partidas de equipas que conheço diante de adversários do escalão inferior que não conheço, mas que é preciso ver, porque é sempre bom acompanhar jogadores novos que possamos considerar no futuro próximo”, disse.

O seleccionador nacional afirma que os Mambas, que enfrentarão Camarões no duplo confronto, terão dois níveis de estágios, uma vez que “os que jogam na Europa e na África do Sul estarão num nível adiantado, uma vez que estar-se-á a entrar no último terço do campeonato com excepção de Cazaquistão, onde está Reginaldo, pois a época é igual a nossa. Ou seja, o campeonato acaba de começar. É bom ter jogadores que estão nesse nível. Os daqui estão atrasados, ainda por cima o Moçambola só arranca uma semana depois da dupla jornada com Camarões. O Provincial, que está sendo disputado, não tem o mesmo nível de exigência, porque há desnível que reduzem o grau de competitividade por jogarem equipas de escalões diferentes”, admite Gonçalves. Mas, acima de tudo, o mais importante para Gonçalves é que os jogadores cheguem ao jogo em condições físicas melhores. Temos uma Selecção Nacional com algum valor, mas há jogadores preponderantes que quando não estão em condições alguma coisa muda, diz.

O técnico reconhece a vantagem dos Leões Indomáveis nesse quesito, pois “têm todos jogadores. aliás, os que fizeram os primeiros dois jogos jogam fora, nomeadamente na Europa, divididos por países como Alemanha, França, Itália e Bélgica, o que dá outro nível a eles, mas que não podemos estar sempre a pensar nessa superioridade. Aliás, enquanto nós utilizamos tecnologia para nos manter informado do nível dos que jogam fora, o treinador deles, por exemplo, esteve há dias na Itália a ver seus jogadores. São outros níveis e orçamentos, por isso não vamos nos pegar a isso”, considera o seleccionador nacional, que destaca que “respeitamos e reconhecemos o valor do adversário, mas temos nosso. Não tememos ninguém e estamos aqui para dar o nosso máximo, mas temos que ter em mente que não vai ser fácil. Mas o que está claro é que estamos aqui para isso e, honestamente, estou tranquilo e valorizo estabilidade do grupo do trabalho”, afirma.
O técnico considera que pontuar em Yaoundé e depois vencer no Estádio Nacional do Zimpeto
diante dos Camarões seria o ideal nas contas de Moçambique, que pretende manter-se à frente do Grupo “F” de qualificação ao CAN-2021, porque sabe que a  condição para a nossa qualificação é estarmos a frente dos dois adversários directos, Ruanda e Cabo Verde. Por isso, se fizéssemos até dia 31 mais seis pontos seria ideal, mas se terminarmos em quatro seria igualmente uma boa colheita, disse. Até final desta campanha, os Mambas devem receber os Camarões e  Cabo Verde, enquanto
as saídas ainda em falta são para os Camarões e o Ruanda. Quando questionado se eventualmente haveria algo que desejasse para a melhoria do trabalho, o seleccionador nacional afirmou que “gostaria de ter meios necessários para desenvolver melhor nosso trabalho. Por exemplo, a FMF ainda não tem uma plataforma que as equipas profissionais usam, refiro-me a instat scout, que permite melhor compilação da informação que precisamos de um determinado jogador. Tenho falado com os responsáveis que deixam garantia de que isso será resolvido. Essa é a minha preocupação fundamental. O acesso aos meios necessários para o nosso trabalho é sempre importante e nem estamos a exigir mais do que devemos, porque temos consciência de fazer mais com o pouco que temos”, considera Gonçalves.
O técnico também mostra-se preocupado com a estabilidade da sua equipa técnica.
- É preciso que se sintam tranquilos para desenvolver seu trabalho, por isso sempre procuro
saber de todos como estão. O que é fundamental é o bem-estar e a tranquilidade para pensar e trabalhar. O president tem-se mostrado aberto. Tenho falado com Paíto e Madeira, que é o secretário-geral, afirma. Por outro lado, o técnico afirma que, com a entrada do novo director técnico, há possibilidades de levar avante um trabalho que vai para além da preparação dos Mambas.
- “Penso que podemos desenvolver ideias importantes e que até já estava a pensar nelas, mesmo não sendo minha principal missão. Eu penso que, ao mesmo tempo que preparamos a equipa principal, há que fazer projectos para desenvolver o futebol naquilo que é nossa segunda área de actuação, não ficar só à espera de jogos que são feitos às vezes uma vez em quatro meses”, disse. (Jornal  DESAFIO)

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