
terça-feira, dezembro 19, 2017
5 maiores riscos empresariais
A Incerteza Política
e os Ataques Informáticos em Larga Escala São Temas Chave Para a Região em 2018.
A incerteza política e a instabilidade durante as transições estão entre os
principais riscos para as empresas na África Austral em 2018, afirma a
consultora Control Risk (www.ControlRisks.com), especialista em risco global,
na sua previsão política anual e de riscos de segurança RiskMap.
George Nicholls,
parceiro sénior da Control Risks na África Austral, comenta:
“Em 2018 iremos
continuar a assistir a incertezas em toda a liderança política nos mercados da
África Austral. As transições no Zimbabué e em Angola em 2017, as eleições em
Moçambique em 2018 e o sectarismo no interior do Partido do Congresso Nacional
Africano (ANC) atualmente no poder na África do Sul recordam, uma vez mais, as
empresas da região sobre a importância de ter um entendimento claro do impacto
dessas incertezas no seu ambiente de risco.”
Instabilidade
política na África do Sul: 2018 irá assistir à
continuação das divisões no seio do ANC após a eleição de um novo presidente do
partido em dezembro de 2017. As fações concorrentes - e a possibilidade de uma
cisão no partido - irão causar incerteza e instabilidade política, sendo provável
que o Presidente Jacob Zuma abandone o poder antes do final do ano.
Transições
políticas, mudança geracional: O presidente do
Zimbabué, Robert Mugabe, abandonou o poder, o presidente de Angola, José
Eduardo dos Santos, foi substituído por João Lourenço, e o presidente de
Moçambique, Filipe Nyusi, está a consolidar a sua autoridade. Antecipar e
preparar a forma como estas transições irão afetar os negócios é essencial para
o êxito em 2018 e mais além.
Riscos reputacionais em ambientes
políticos ruidosos: 2017 assistiu a uma série de escândalos de corrupção de elevado perfil na
África do Sul. Tornaram-se evidentes com uma fuga massiva de e-mails que
demonstravam uma comunicação indevida entre os responsáveis governamentais de
topo, indivíduos com ligações políticas e interesses empresariais privados.
Algumas empresas aprenderam da forma mais dura que quando um conjunto restrito
de interesses mina e subverte a integridade das instituições do Estado, isso
abre caminho ao aparecimento de muitos outros riscos. Proteger a reputação – e
compreender aquilo que a pode comprometer – nunca foi tão importante.
Ataques informáticos em larga
escala contra infraestruturas: 2017 foi o ano de grandes e preocupantes ataques surpresa aleatórios. Em
2018 podemos assistir a novos ataques semelhantes a WannaCry, NotPetya e
BadRabbit, mas de forma mais poderosa, objetiva e perturbadora. Estão
particularmente em risco os sistemas nacionais de infraestruturas.
Novas ameaças
em Moçambique: Foram tomadas grandes decisões finais de investimento no campo de projetos
de gás natural liquefeito em Moçambique, assinalando o provável aumento do
investimento estrangeiro. O rápido desenvolvimento económico de uma parte
marginalizada do país, com pouca representação estatal, irá representar um
desafio para a segurança. A entrada de dinheiro e trabalhadores estrangeiros
irá perturbar as estruturas sociais e aumentar as expetativas de mudança,
aumentando o risco de descontentamento social e a formação de grupos
organizados cujos alvos serão interesses públicos e privados.
Ao longo de todo o
continente africano as empresas poderão assistir ao impacto negativo de uma
potencial e renovada crise da dívida. Muitos países em África, entre os quais
Moçambique, enfrentam a possibilidade de uma crise da dívida soberana, uma
década após terem seguido o caminho do Gana e entrarem no mercado internacional
de obrigações. O problema é gerado por elevados níveis de dívida externa e pela
incerteza persistente sobre a recuperação dos preços das matérias-primas para
suportar os reembolsos. Contudo, as reformas em curso e o reconhecimento destes
problemas por parte do governo irá conduzir a melhorias em 2018.
Distribuído
pela APO Group em nome da Control Risks Group Holdings Ltd.
segunda-feira, dezembro 18, 2017
Tremores de um processo saturante
O Presidente da República, Filipe Nyusi, apela à
calma e paciência de todos os moçambicanos sobre o anúncio dos resultados do
diálogo em curso visando o alcance de uma paz efectiva no país. Falando
sábado na vila de Inhassoro, província meridional de Inhambane, no encerramento
do primeiro seminário nacional dos primeiros secretários dos Comités Distritais
da Frelimo, partido no poder, Nyusi apelou aos moçambicanos para que evitem no
máximo atrapalhar o ambiente de cordialidade que caracteriza o processo de
restabelecimento da paz criado entre ele e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Na ocasião, Nyusi pediu a sociedade civil moçambicana para não se agitar com as
suas deslocações a serra da Gorongosa, procurando saber o conteúdo das matérias
tratadas nos encontros que tem mantido com o líder da Renamo.“O povo
incumbiu-nos uma missão que é parar com a guerra e resgatar a paz, daí que a
minha ida à serra da Gorongosa para dialogar com o líder da Renamo se
circunscreve no cumprimento dessa missão honrosa confiada pelo povo de trazer a
paz efectiva para o país”, disse Nyusi, . Segundo Nyusi, o diálogo em curso ao
mais alto nível pode ser consolidado por outros moçambicanos com boas intenções
para este fim mas, as suas intervenções não devem agitar aqueles que seriamente
esperam por um abraço e aperto de mãos simbolizando a paz.

“Na sexta-feira passada até sugeri a Dhlakama para na qualidade de irmão moçambicano, para almoçarmos juntos em Gorongosa mas ele respondeu que não era elegante passar refeições no mato com o Presidente da Republica, mas não afastou a possibilidade de qualquer momento sentarmos a mesa para uma refeição não interessa o local”, disse Nyusi.Sem avançar prazos para o fim do diálogo o Chefe do Estado deixou transparecer que o processo em curso está a decorrer num clima de irmandade que a qualquer momento será rubricado um acordo sobre a paz efectiva e duradoira em Moçambique.
"Apagão da memória do colonialismo"

Este sábado, 16
de dezembro, assinalam-se os 45 anos do massacre de Wiriamu, em Moçambique
- acontecimento que despertou a atenção do mundo face às atrocidades
cometidas por Portugal durante as guerras coloniais em África.
De acordo com a
investigação realizada pelo académico moçambicano Mustafah Dhada, professor de
História Mundial e Estudos Africanos radicado nos Estados Unidos, as tropas
portuguesas dizimaram um terço dos 1.350 habitantes de cinco povoações da
província de Tete, no centro do país. Fernando Rosas,
historiador português que esteve recentemente naquela povoação – onde foi erguido
um monumento a assinalar os acontecimentos ocorridos em 1972 –, diz que as
operações contra os movimentos de guerrilha de libertação nacional eram
consideradas "contraproducentes"."Mesmo
pelos sul-africanos e pelos rodesianos que colaboravam nessas operações",
ressalta o historiador, acrescentando que "no fundo, a guerrilha não
estava lá. Estava lá a população: homens, mulheres e crianças que eram vítimas
daquela violência brutal e inconsequente".
Documentário:
historiador Fernando Rosas quer desconstruir na televisão portuguesa os mitos
da colonização.
Os crimes
perpetrados pelas tropas portuguesas nas aldeias da província de Tete
despoletaram fortes críticas internacionais e fomentaram a contestação contra a
guerra colonial. Mas, passadas mais de quatro décadas, como é visto em Portugal
este período sombrio da história colonial portuguesa?
Para Fernando
Rosas, "estes acontecimentos fazem parte de uma espécie de apagão da
memória do colonialismo que se verificou em Portugal"."Em
Portugal continua muito vivaz uma certa nostalgia do império e uma narrativa
sobre o colonialismo, que é uma narrativa 'desculpabilizadora'", critica o
especialista.Este género de
mensagem, acrescenta Fernando Rosas, continua até no discurso oficioso do
Estado português. Na série em transmissão na televisão pública portuguesa (RTP2),
intitulada "História a História: África", o historiador tenta
desconstruir "mitos ainda vivazes da pseudo bondade do colonialismo
português", de modo a "não permitir que [acontecimento como Wiriamu]
passe em branco".

Entretanto,
José Antunes ressalta que "são situações que claramente fogem aquilo que é
a guerra dita 'limpa', como se isso alguma vez existisse, e mostram o que foi,
de facto, a imposição de uma forma brutal das forças armadas portuguesas sobre
os grupos de libertação".O historiador
português José Antunes, formado em História de África com foco no período
colonial, diz que hoje há já mais informação sobre o que aconteceu em Wiriamu.
E questiona se o número de mortos chegou aos milhares.

Irene Pimentel,
outra historiadora portuguesa e uma das críticas em relação ao silenciamento,
também reconhece que ainda há factos a investigar sobre Wiriamu. Ela afirma que
hoje se pode recorrer aos sobreviventes em Moçambique para resgatar as memórias
daquela época, "para que, finalmente, os sobreviventes e familiares das
vítimas possam fazer o seu luto".Fernando Rosas
também considera necessário e indispensável que assim seja em respeito à
memória. "Porque", sublinha, "sem memória não há democracia".
O historiador considera que "há um trabalho de memória muito importante a
fazer também cá", aconselha.
sexta-feira, dezembro 01, 2017
Sem voos,nem passageiros

Tudo está
muito limpo, como se fosse uma infraestrutura prestes a debutar. Mas essa cena
já dura três anos. Inaugurado em dezembro de 2014, o espaço foi projetado e
construído pela Odebrecht, com um empréstimo de US$ 125 milhões (R$ 404 milhões
na cotação atual) do BNDES, para ser o segundo maior de Moçambique - só fica
atrás do de Maputo, a capital. No entanto, continua a amargar a posição de
aeroporto menos movimentado do país - e um dos menos usados em toda a África.
Com capacidade
para 500 mil passageiros por ano, recebe menos de 20 mil. Os voos
internacionais nunca chegaram. São apenas dois trajetos comerciais por semana,
na rota Maputo-Nacala, e dois privados da mineradora brasileira Vale, ambos
operados com aviões brasileiros da Embraer. Para comparação, há um aeroporto
próximo, a 190 km, em Nampula, com 57 voos semanais.
"Hoje é
um dia morto", diz o diretor do aeroporto, Jeronimo Tambajane. "Eu
esperava que essa área estivesse completamente movimentada, com vários voos a
ocorrerem. Infelizmente, nesse momento não temos nada." Ao caminhar pela
sala de embarque internacional, o moçambicano passa a mão pelo couro vermelho
de um divã: "Já seria altura de remodelar (reformar)".O fracasso do
empreendimento pesa nos bolsos dos dois países. Desde o final de 2016,
Moçambique não paga as parcelas do empréstimo do BNDES, o branco brasileiro de
fomento à economia brasileira, diluído em um prazo de 15 anos. É o primeiro
calote que a instituição tomou entre todas as obras custeadas fora do Brasil -
operações que passaram a ser postas em xeque após a operação Lava Jato.O pagamento do
empréstimo não é a única conta que não fecha. O Aeroporto de Nacala opera no
vermelho desde que foi inaugurado. Só o seu custo de operação é quatro vezes
maior que as receitas. O saldo negativo recai sobre os outros aeroportos de
Moçambique, geridos todos pela mesma empresa estatal.Não bastassem
a falta de voos, de passageiros e as contas em atraso, há suspeitas de
corrupção em torno do aeroporto. Tanto Odebrecht como Embraer relataram ao
Departamento de Justiça dos Estados Unidos terem pagado propina para
autoridades moçambicanas com o objetivo de fechar negócios.

É por Nacala,
uma cidade portuária, que a Vale exporta a maior parte do carvão que extrai nas
minas de Moatize, também em Moçambique, uma das maiores reservas do minério do
mundo. Esse é o maior investimento do Brasil na África, assinado durante o
governo Lula e estimado em US$ 8,2 bilhões de dólares.
A expectativa
era de que a exportação de carvão por ali atraísse outros negócios. No caminho
entre Moatize e Nacala, por exemplo, o braço de cooperação internacional do
Itamaraty e a FGV Agro (vinculada à Fundação Getúlio Vargas) esperavam
estimular a expansão agrícola - do agronegócio brasileiro, inclusive.Mas, por
enquanto, as previsões se frustraram. Quando as obras do porto da Vale e do
aeroporto da Odebrecht acabaram, o desenvolvimento estancou. "Na fase de
construção, houve muito movimento. Depois, a empresa só traz carvão, embarca e
vai embora", explica José Ferreira, economista da Agência para a Promoção
de Investimento e Exportações de Nacala.
Além disso, as
economias brasileira e moçambicana entraram em crise. "Infelizmente,
depois que o Aeroporto de Nacala foi inaugurado, houve esse esfriamento
econômico, criou este buraco. Mas tenho fé de que Nacala vai cumprir seu papel.
Não acredito que o aeroporto possa fechar um dia porque não vem avião",
afirma o diretor Tambajane.
Hoje, somam-se
placas de vende-se em Nacala. Postos de trabalho fecharam."Estou a
procurar serviço, qualquer serviço, mas não há mais empregos", diz
Vitorino Mario, de 25 anos. Ele trabalhou por dois anos para a empreiteira
brasileira OAS, que construiu o porto de carvão da Vale. Está desempregado há
três anos, desde que as obras acabaram, fazendo bicos para sustentar os três
filhos.
O quintal da
casa onde vive, perto do porto, está ocupado por uma pequena carpintaria de
outros ex-operários da OAS. Depois de trabalharem para a empresa, "a vida
voltou a ser como era antes", diz Bachir Severino. O sonho de
desenvolvimento brasileiro em Nacala durou pouco.

Nacala não
foge à regra. Metade da cidade não tem água encanada, por exemplo. Nas margens
da estrada que leva ao aeroporto, é possível ver diversas fontanárias - poços
acionados por pressão manual - cercadas de mulheres e crianças com baldes nas
mãos e nas cabeças.
O bairro
Matchapue ilustra a precariedade de infraestruturas básicas de Nacala.
Contam-se nos dedos as casas com água na torneira. A de Fátima, com dois
cômodos, é uma delas. A moçambicana fez da raridade um negócio: construiu um
reservatório no quintal, que abastece com uma mangueira. A partir das 5h, os
vizinhos chegam para encher seus baldes, ao custo de 5 meticais (R$ 25
centavos) cada.Anchia Enusso,
de 21 anos, é uma das clientes, enchendo apenas um balde. "Só? Vai dar
para quê?", perguntou a vendedora. "Hoje só tenho 5 meticais",
respondeu a jovem, com a filha no colo. Nem ela nem a mãe trabalham fora. O pai
é pedreiro. Tudo precisa melhorar no bairro onde vivem, mas o que mais faz
falta é emprego, dizem elas.Outros
vizinhos se aproximam para reclamar de que também querem emprego. Juma Siaga,
pescador de 48 anos, é um deles. Diz que a renda da pesca é muito baixa. O
nicuzi, um peixinho de uns 5 centímetros, por exemplo, é vendido seco em
pequenas porções de 5 meticais - o mesmo preço do balde de água.Siaga esteve
uma vez no Aeroporto de Nacala. Era a festa de inauguração, aberta ao público.
Ficou encantado. "É grande, muito bonito, com muito vidro. A festa foi
boa, havia música, dança, muita gente." Foi o dia de maior movimento na
história do terminal. Cerca de 500 pessoas apareceram para festejar.
O terminal de
Nacala é o primeiro aeroporto construído em Moçambique desde a independência de
Portugal, em 1975.
É o mais
moderno do país e o único que já obteve uma certificação para operar voos
internacionais. No total, há em Moçambique onze aeroportos, seis deles
internacionais. Os demais ainda estão em processo para obter a certificação.
O segundo
aeroporto mais movimentado do país é justamente o de Nampula, vizinho dali.
Como há poucos voos para Nacala, há quem voe para Nampula e depois faça o
restante do percurso de carro.
"É muito
constrangedor ter que fazer duas horas de táxi de Nampula a Nacala, sendo que
há esse aeroporto aqui", diz a moçambicana Katia Manjate, que voou de
Maputo para Nampula em outubro, para dar uma formação para rádios comunitárias
em Nacala.
O taxista
Carlos José está acostumado a fazer esse trajeto. "Esse aeroporto de
Nacala é muito grande mesmo, bem trabalhado. Só falta aviões. Fala-se de falta
de passageiros. Assim, a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) não consegue
suportar as despesas de levar avião para Nacala sem passageiros."A LAM, única
empresa de aviação de Moçambique, estatal, chegou a realizar cinco voos
semanais na rota Maputo-Nacala. Depois, reduziu a frequência para quatro voos,
em seguida três, até chegar aos dois voos atuais."As
companhias aéreas sempre se baseiam nas estatísticas. E nós sempre estamos em
desvantagem. Elas vão procurar onde há movimento. Vão ver que é em Nampula.
Dificilmente virão para Nacala. Então, nosso tráfego vai continuar a ser gerido
pela LAM. Como companhia do Estado, a LAM não pode abandonar nenhuma escala,
tem que cumprir seu dever social", afirma o diretor do aeroporto.No momento, a
única esperança do Aeroporto de Nacala é que o governo de Moçambique proíba o
tráfego internacional nos dois aeroportos mais próximos (Nampula e Pemba) e
obrigue as empresas aéreas a alterarem as rotas.

A Odebrecht
revelou para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos que realizou
"pagamentos corruptos" no valor de US$ 900 mil para autoridades
moçambicanas, entre 2011 e 2014, período de construção do aeroporto.
Parte desse
valor teria sido paga para obter "termos favoráveis em um projeto de
construção do governo, que o governo não estava inclinado a aceitar".O caso foi
transferido para a Procuradoria da República de Moçambique. Procurado pela BBC
Brasil por três semanas, o órgão se negou a comentar o caso. Até hoje, não
revelou quem são os moçambicanos envolvidos na denúncia da Odebrecht. A empresa
responsável pelos aeroportos do país africano também não respondeu a BBC
Brasil.
O Aeroporto de
Nacala também apareceu na operação Lava Jato. Um dos delatores da Odebrecht,
Antonio de Castro Almeida, afirmou que uma funcionária da Câmara de Comércio
Exterior da Presidência da República (Camex) teria recebido 0,1% do valor do
contrato para agilizar a aprovação do projeto no órgão - uma das etapas
necessárias para liberar o financiamento no BNDES.
A empreiteira
informou, por nota, que está colaborando com as investigações brasileiras e
estrangeiras: "A qualidade e a eficácia da colaboração da Odebrecht vêm
sendo confirmadas dia a dia, e têm sido instrumento valioso para a ação da
Justiça brasileira dos países em que a empresa atua. A empresa está
comprometida em combater e não tolerar mais qualquer forma de corrupção, e
também está decidida a atuar sempre com ética, integridade e
transparência".
Desde o
princípio da negociação do empréstimo do BNDES, estava claro que Moçambique não
poderia oferecer garantias robustas."As
dificuldades seriam as garantias oferecidas por Moçambique, um país pobre que
não tinha capacidade de oferecer garantias. A gente fez uma estruturação para a
garantia de Moçambique ser aceita", afirmou Castro Almeida na delação
premiada.Mesmo assim, a
Embaixada do Brasil em Moçambique deu seu aval para o projeto. Em 2009, o então
embaixador brasileiro no país, Antonio Souza e Silva classificou a obra como
"imprescindível".
"O novo
aeroporto de Nacala será um ponto central para a região norte de Moçambique,
servindo de passagem para outros aeroportos, aumentando o fluxo de passageiros
e carga", escreveu o diplomata em telegrama para o Itamaraty, em resposta
a pedido de informações do Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações
(Cofig)."Quanto
aos riscos, Moçambique não está disposto a ingressar numa espiral de
endividamento irresponsável, conforme experiências passadas. O governo tem
pautado suas iniciativas de longo prazo com prudência e responsabilidade
técnica", continuou o embaixador.A análise se
mostrou equivocada. Moçambique vive hoje uma severa crise da dívida, após o FMI
descobrir que o país estava contraindo empréstimos ocultos, fora dos registros
oficiais - não é o caso do crédito com o BNDES. Como consequência, a comunidade
internacional congelou o repasse de recursos externos, que suportavam nada
menos que um terço do orçamento do Estado moçambicano.
O
subsecretário-geral para promoção comercial do Itamaraty, Santiago Mourão,
afirma que o Aeroporto de Nacala era visto pelo governo de Moçambique como uma
peça importante e estratégica para o desenvolvimento do país e imaginava-se que
o corredor que vai de Moatize a Nacala seria um motor econômico regional.

O perdão, ocorrido
em 2004, foi o primeiro do governo Lula e um dos maiores já concedidos pelo
Brasil. A dívida havia sido assumida durante a ditadura militar, nas décadas de
1970 e 1980.
"Qual foi
o grande favor que nós fizemos? Nós liberamos as pessoas para fazerem novas
dívidas. É apenas isso. Eles não iam pagar porque não tinham dinheiro",
disse Lula, em entrevista em dezembro de 2013.O BNDES
argumenta que o empréstimo tinha por objetivo estimular a exportação de
serviços de empresas brasileiras. O dinheiro foi fornecido diretamente para a
Odebrecht. A estatal de aeroportos de Moçambique tem 15 anos para pagar de
volta.O banco
informou, por nota, que o financiamento para a construção do Aeroporto de
Nacala "seguiu o trâmite usual por que passa qualquer pedido de financiamento
ao BNDES". Acrescentou que "o governo de Moçambique continua
inadimplente com o BNDES nesses contratos e a renegociação segue em curso, sob
condução do Governo brasileiro". O BNDES acionou o Seguro de Crédito à
Exportação da União, para cobrir as parcelas não pagas.Após a eclosão
da Lava Jato, os créditos do BNDES para projetos de infraestrutura brasileiros
na África despencaram. Em 2016, somaram 1% da média anual registrada nos oito
anos anteriores - US$ 6 milhões contra US$ 446 milhões.
A pista de 3,1
quilômetros do Aeroporto de Nacala é frequentada pelos aviões Embraer 190 e
Embraer 145. São aeronaves de tamanho médio, bem menores do que a pista pode
suportar. Elas fazem sucesso na África, que não tem um mercado aéreo robusto
para aviões com muitos assentos.
Dos sete
aviões da Linhas Aéreas de Moçambique, cinco são da Embraer. A compra de parte
deles está sendo investigada.
A empresa
brasileira revelou para as justiças americana e brasileira ter pagado US$ 800
mil ilicitamente pela venda de dois modelos 190 para a LAM - justamente o que
faz a única rota comercial para Nacala - no valor de US$ 32 milhões cada, entre
2008 e 2009.Segundo a
denúncia, autoridades moçambicanas solicitaram pagamentos ilegais e receberam
uma oferta inicial de US$ 50 mil. O valor teria sido visto "como um
insulto" pelos moçambicanos, que esperavam muito mais. Esse teria sido o
recado passado por telefone pelo então presidente da LAM para um executivo da
Embraer."Poderíamos
nos safar com US$ 800 mil", teria sugerido o moçambicano. A fabricante de
aviões diz ter realizado dois pagamentos de US$ 400 mil cada para atender o
pedido.O caso também
está sendo investigado pela Procuradoria da República de Moçambique, que se
restringiu a informar que a fase do processo "não recomenda a partilha de
informação". A LAM não respondeu à BBC Brasil.Em nota, a
Embraer afirmou que reconhece a responsabilidade pelos atos de seus
funcionários e agentes e lamenta o ocorrido. "A companhia aprendeu e
evoluiu com essa experiência e dará continuidade à sua trajetória de
sucesso."
segunda-feira, novembro 20, 2017
Fintou a demissão por 12 horas

A crise no Zimbábue começou no início
da semana passada, quando militares informaram ter
começado uma operação contra
"criminosos" próximos ao presidente Robert Mugabe, tomando
as ruas e assumindo o controle de prédios públicos e da TV estatal. Isso
aconteceu uma semana depois da queda do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, que
começava despontar como possível sucessor de Mugabe (e agora assume seu lugar
na liderança do partido). Mnangagwa foi demitido por deslealdade e sua saída
foi vista como uma estratégia para ascender a primeira-dama Grace Mugabe ao
poder.Mugabe e a esposa chegaram a ficar confinados em sua
mansão de luxo, conhecida como "Blue Roof",
por imposição dos militares. No sábado, um sobrinho do líder havia dito que ele
estava "pronto para morrer pelo que é
correcto" e não tinha nenhuma intenção
de deixar o poder.
sexta-feira, novembro 03, 2017
Porque comunicar assim?
A resposta a esta pergunta é simples: toda hora, desde
que seja necessário. Mas responder assim só não é suficiente pois o orçamento
do estado é anual- o que implica planificação prévia; quanto muito, deve
submeter-se à Assembleia da República para, em casos de necessidade, aprovar o
orçamento rectificativo.
Existe uma actividade que o estado moçambicano continua a
ignora-la, que é comunicar melhor. Ora, melhor comunicar não é botar informação
em massa; é orientar os cidadãos a compreenderem a racionalidade dos seus
actos, justificando e convencendo que eles são necessários, oportunos e as
decisões tomadas depois de ponderadas todas as opções.
O que agora se tornou num escândalo é exemplo de que uma
mera informação lançada para o ar pode gerar resultados antagónicos aos
esperados. Eu até estou convicto de que a publicação dos resultados de
adjudicação de empresas para a compra de viaturas não apenas é obrigação
prevista na lei como também é um bom exercício do tal e desejado reforço da
transparência e prestação de contas. Porém, feito de forma mais infantil
possível. Até parecem iniciados. Erro de palmatória, indesculpável, tendo em
conta o contexto de austeridade (?) senão mesmo secura inexorável dos recursos
do estado.
Mas olhando atentamente aos anúncios podemos diferenciar
dois tipos de adjudicações. O primeiro, refere-se ao concurso de 2015,
portanto, há quase três anos! O segundo tipo de adjudicações é directo. Ou
seja, decisões tomadas recentemente. As adjudicações directas são pela lei
possíveis, observadas as formalidades legais. Mas também o seu abuso pode
denotar uma das três coisas ou todas: (1) incompetência na planificação; (2)
corrupção e (3) urgência.
De uma ou de outra forma, adjudicações directas
pressupõem ou disponibilidade do dinheiro ou dívida para pagamento posterior.
Ou seja, alguém que se disponibiliza em entregar o produto/bem/serviço hoje
para receber o seu dinheiro posteriormente, que pode ir de seis a três anos ou
mais, dependendo da negociação.
Da mesma forma que pode se dar o caso de o estado
levantar milho para salvar zonas afectadas pela estiagem; equipamento
hospitalar para responder a emergências como as de Kaphiridzanje ou mesmo
emprestar dinheiro para pagar professores. O negócio de combustível é um
exemplo disso.
O segundo nível de análise é saber como é que o Estado
compra bens e serviços. Como, por exemplo, o estado compra uma casa? Uma
viatura? Qual é o mandato da Direcção Nacional do Património do Estado? O que
ela faz? Quando um funcionário do Estado afecto num ministério e que tem com
direito uma viatura de afectação, pede a quem? O que eu quero insinuar com isso
é que a Direcção Nacional do Património é quem gere o património do estado. Por
exemplo, se os Mercedes-benz ou a alcatifa do Tribunal Supremo forem
descontinuados, caberá a essa direcção abater, realocar aos outros
departamentos ou outra decisão que se aprouver necessária. Da mesma forma, se
um Ministério precisar uma Ford Ranger; ou o Parlamento os seus amados
Mercedes-Benz; ou o Conselho de Ministros precisar de outro tipo de viaturas,
caberá a esta direcção comprar. Todavia, o dinheiro para a compra de cada
viatura será debitado à conta/rubrica de cada requerente.
O que acabei de explicar acima desmonta a analogia feita
pela STV, quando comparou por exemplo, o gasto em viaturas com orçamento do
INGC ou do Fundo de Combate a Pobreza Urbana. Nominalmente é sim superior ou
20% menos. Todavia, pode até ser que até o tal ING tenha desse mesmo orçamento
encomendado através da Direcção Nacional do Património um Ford Range .
Portanto, mais do que juntar o valor total da encomenda e
compará-lo com orçamentos sectoriais, o melhor seria saber quem são os
beneficiários daquelas viaturas. E aqui, temos, através do Jornal Canal de
Moçambique, algumas respostas. Sei por exemplo que alguns Mercedes-benz são
para o Conselho de Ministros; algumas viaturas são para certos departamentos, e
por aí fora. Portanto, desagregando o valor total pelos requerentes, poderemos
ver que o grande erro foi mesmo a forma como isso foi anunciado, a
sensibilidade do momento e acima de tudo, a falta de conhecimento sobre os
mecanismos de contratação por parte da maioria dos cidadãos. Mas esse nem pode
ser desculpa. Os cidadãos têm o direito de saber e pronto.
Até aqui apenas limitei-me a explicar do que sei. Assim
sendo, a informação que temos (anúncios de adjudicação), não nos permite
concluir que a despesa feita pelo estado foi a pronto-pagamento. Pode também
ser uma dívida. E lembrar que alguns destes concursos datam de 2015. E outras
decisões tomadas recentemente. E pode ser que os requerentes, ou seja, as
direcções individualmente tenham dinheiro para pagar.

(1 Mercedes-Benz, S500,
no valor de 11.429.711,14MT,1 Mercedes-Benz, S400, ao preço de 10.754.280,00MT,
e 1 Toyota Land Cruiser 200, VX, Station, de oito lugares, com o custo de
10.745.280,00MT.
20 Mercedes-Benz,
modelo C180, e vai pagar 2.290.000,00MT por cada um.
10 Ford, modelo
Ranger 3.2, cabine dupla, ao preço de 1.978.000,00MT cada, mais 1 de modelo
Wildtrak 3.2, cabine dupla, que custa 2.277.000,00MT.4 Hyundai, modelo Accent
1.6cc, ao preço de 1.905.995,00MT cada e, finalmente, no último lote são 7
Peugeot, modelo 508, com o custo de 1.385.000,00MT por cada viatura).
Ou sobre porquê a opção pelos
Mercedes-benz e não por outro tipo de viaturas mais modestas, só para
conformar-se com o espírito e a lei, no que tange ao bom uso de recursos
públicos e, mais importante ainda, em solidariedade com a situação económica
actual.
• A incompetência de uma comunicação eficaz leva a crer
que a requisição destas viaturas foi recente ou eventualmente ad-hoc. A
Assembleia da República por exemplo, foi logo no início da legislatura (2015).
Alguns deputados adquiriam cedo e outros mais tarde sendo os últimos os membros
da CPAR.
• Tal como demonstrado em alguns anúncios, outras
requisições são ainda de 2015
• As adjudicações recentes PODEM não necessariamente
significar pronto-pagamento. Pode se tratar de uma dívida; tal como o Estado se
endivida para suprir variadas necessidades.
Mesmo assim, há espaço para uma crítica fecunda, que nos
ajude a limar as arestas de um discurso de austeridade que se conforma com a
lei e a prática.
Princípio/provérbio Sena: quando fala para crianças é
preciso ser o mais explicito possível para evitar equívocos (PANGA MWANA NDI
KUMMALISIRA)
1. Não estou a criticar nem a defender o governo. Estou a
partilhar um conjunto de nuances que deve(ria)m ser ponderados tanto na feitura
de análises como nas conclusões destas.
2. Concordo com a ideia do dever do estado usar os
recursos com parcimónia e responsabilidade.
3. Um dos grandes erros deste acto de comunicar as acções
de governo é de assumir que informação por si só pode explicar. É tarefa do
governo comunicar para convencer e prestar contas.
4. Todas as consequências nefastas da má interpretação,
maledicência, oportunismo politico só podem e devem ser imputáveis ao estado
por se furtar a uma das suas obrigações: que é, através da comunicação, prestar
contas, engajar cidadãos e informar. (Dr.E.Vaz in facebook)
Roubadores do Estado
A Autoridade Tributaria de Moçambique
acaba de descobrir um esquema de corrupção na instituição, que permitiu o
desvio de mais de cento e oitenta milhões de meticais, até a última
terça-feira.
Falando em conferência de imprensa, em
Maputo, o director-geral-adjunto de Impostos, Domingos Muconto, explicou que
tal prática, que envolve contabilistas, funcionários de empresas e de algumas
instituições bancárias, consiste no desvio de cheques destinados ao pagamento
de impostos nas diferentes unidades de cobrança da Autoridade Tributária de
Moçambique.
Muconto acrescentou que os mesmos
cheques são posteriormente descontados nessas mesmas contas domiciliadas em
alguns bancos locais, lesando as empresas e o Estado.
“Trata-se de um dinheiro que nunca
chega aos cofres do Estado, mas uma vez detectada a fraude a AT tem a prerrogativa
de notificar o real contribuinte que, lamentavelmente, está em dívida e que
terá que pagá-la com penalizações por incumprimento de prazos”, explicou
Domingos Muconto.
A fonte anunciou ainda que a última
tentativa foi detectada na terça-feira, tendo sido abortadas tentativas de
desvio que ascendiam a 181.8 milhões de meticais.
“Este fenómeno abrange, frequentemente,
alguns agentes económicos inscritos na Unidade de Grandes Contribuintes (UCG)
de Maputo e são valores bastante significativos”, frisou.
Na ocasião, Muconto alertou aos
contribuintes a certificarem se as suas contribuições estão, efectivamente, a
ser feitas ao Estado.
quarta-feira, novembro 01, 2017
Indústria africana do petróleo e do gás
Até ao final de 2016, consta que África terá reservas comprovadas de gás
natural de 503,3 triliões de pés cúbicos (TcF), mais de 1% das reservas totais
de gás no continente. Cerca de 90%
da produção africana de gás continua a ter origem na Argélia, na Nigéria, no
Egito e na Líbia, embora a quantidade geral produzida em 2016 tenha baixado em
1,1% para os 208,3bcm. A quota africana na produção mundial de petróleo prosseguiu a tendência de
queda dos quatro últimos anos, caindo bruscamente e descendo dos 9,1% da
produção mundial no ano passado para os 8,6%.
Os desafios da indústria africana do petróleo e do gás
A corrupção permaneceu como um dos três principais desafios ao longo dos
últimos quatro anos, com a ocorrência de diversos casos em todo o continente.
Apesar da existência de programas anticorrupção ao nível governamental e
corporativo, a efetividade desses programas é questionável. No contexto de problemas
de corrupção, não surpreende que os custos de financiamento tenham subido para
terceiro lugar entre os maiores desafios para os intervenientes africanos. É provável que as questões regionais e as
incertezas relativamente a uma indústria mais ampla e limitada tenham levado os
bancos e outras instituições a recear proporcionar condições de financiamento
mais favoráveis.A falta de desenvolvimento de competências continua a ser um problema em
África, e está a tornar-se num desafio global em toda a indústria do petróleo e
do gás.
Será que os preços baixos
do petróleo vão continuar?
Para além dos desafios destacados pelas empresas, ajustar-se à nova realidade
dos preços baixos do petróleo permanece uma preocupação para as empresas. O
preço do petróleo tem estado relativamente 'estável' ao longo de 2017. Tendo
recuperado desde o ponto mais baixo em janeiro de 2016, tem sido normalmente
transacionado no intervalo entre os 50 e os 60 dólares por barril. Quando o
índice Brent do petróleo chegou perto dos 60 dólares por barril em setembro de
2017, o mercado começou a questionar se a realidade de preço baixo prolongado
teria terminado. A procura por petróleo está a subir e a oferta está a aliviar,
sugerindo o início de um processo de reequilíbrio do mercado. No entanto, tal
como assistimos muitas vezes nos preços globais do petróleo, nunca nada pode
ser dado como certo. As empresas do petróleo e do gás
citaram a geopolítica, o fornecimento e a procura como os três principais
motivos para o momento atual do preço do petróleo. Olhando em frente, os
inquiridos esperam aumentos modestos nos preços ao longo dos próximos dois anos
- com 65% e 52% a esperaram que o preço se situe no intervalo entre os 51 e os
60 dólares por barril em 2018 e 2019, respetivamente.
O contexto cambiante da concorrência
Como resposta a muitos destes desafios, as empresas do petróleo e do gás estão
a procurar alterar as suas estratégias e modelos de funcionamento, o que
alterou a paisagem da concorrência. As empresas referiram que as maiores
alterações previstas ou recentemente experimentadas no contexto da concorrência
são geradas pelo crescimento dos combustíveis alternativos, pelo impacto da
perturbação causada pela tecnologia e pela necessidade de redução de custos.
Estão as
empresas do petróleo e do gás aptas para crescer?

Atingir a sustentabilidade

Enquanto algumas empresas do
petróleo e do gás continuam a explorar oportunidades de redução de custos e de
melhoria da eficiência, está também a começar a ser considerada a forma como se
irão colocar à frente da concorrência. Dada a perceção da lenta adoção das
soluções digitais na indústria do petróleo e do gás, é surpreendente que quase
um quarto das empresas afirme ter implementado alguma forma de solução digital,
desde soluções de produção e perfuração até soluções móveis.
Equilibrar
o conteúdo local
Mais de 25% das empresas do petróleo e do gás afirmou que os projetos tinham
sido reagendados ou adiados por políticas locais de conteúdo, e cerca de 15%
relocalizaram ou cancelaram projetos em resposta a regulações locais. Cerca
de 10% indicaram uma aceleração dos seus projetos. Um terço dos inquiridos acha
que há hoje mais empresas locais que podem servir o setor. Menos de um terço
reconhece que estão disponíveis competências locais no nível adequado no seu
país e 11% afirmou terem surgido novos intervenientes no setor como resultado
das regulações. "A indústria do petróleo e do
gás em África está repleta de desafios e adversidades complexas, mas com o
desafio surge a oportunidade. A oportunidade existe para os
intervenientes que estejam dispostos a 'tornar a imaginar o impossível' num
futuro que parece muito diferente do nosso presente. "É claro que os intervenientes
no setor do petróleo em África devem 'dar o salto' para permanecerem
competitivos no futuro da nova energia", concluiu Bredenhann.
JOHANNESBURG, África do Sul, 1 de november 2017
Distribuído pela APO
Group em nome da PricewaterhouseCoopers LLP (PwC).
sexta-feira, outubro 20, 2017
20.000 USD
A Edição do semanário Canal de
Moçambique desta semana (18 de outubro, 2017) traz na manchete uma notícia que
me deixa agitado. Não que não tenha sabido antes, mas porque é verdade. Tão
verdade que situações similares acontecem em outras empresas públicas. Trata-se
de salários galácticos, que confundem a qualquer marciano. Então, cada
administrador da Electricidade de Moçambique, Empresa Pública, ganha em média
um milhão e duzentos mil meticais, ou seja, cerca de US$20 mil dólares. Nos
meus cálculos, estes salários correspondem a quatro vezes ao salário do
Presidente da República de Moçambique; oito vezes ao salário de um ministro da
República de Moçambique, “n’” vezes ao salário da Presidente da Assembleia da
República e respectivos deputados. Sem falar dos demais funcionários públicos
como enfermeiros e professores. Isto está longe de uma bonança. É uma
escandalosa maldição.
I
Não se trata de negar o direito ao
salário aos administradores; aliás, não se trata de negar o direito de salário
condigno aos moçambicanos. Trata-se sim de garantir alguma equidade. Não falei
da igualdade. Vou tentar explicar a palavra equidade com dois exemplos:
imaginem que duas pessoas, uma de estatura alta e outra baixa, compram bilhetes
de ingresso de uma partida de futebol. Cada bilhete possui um número específico
do assento. Sucede que o homem baixo calha justamente atrás do alto.
Consequentemente, o homem alto estará a vedar a visibilidade do homem baixo.
AGIR COM EQUIDADE significa trocar os lugares. Assim, o homem baixo passa para
frente e o alto para trás para que os dois sejam capazes de ver a partida do
futebol. O outro exemplo similar pode ocorrer em espetáculos, onde os baixinhos
não podem ver o artista em virtude da sua estatura. Agir com equidade
implicaria passar os baixinhos para frente e os altinhos para trás. A empresa Electricidade de Moçambique não é
empresa privada. É tutelada pelo Ministério de Energia e quejando. Ou seja, é
um negócio do estado moçambicano. A HCB é negócio do estado moçambicano. A ENH
é empresa/negócio moçambicano. A sua função é fazer negócio e ganhar dinheiro
para o Estado Moçambicano. Portanto, o que temos é um conjunto de colaboradores
tarefados com a missão de fazer negócio do estado. O figurino jurídico não deve
perpassar esse ideal.
II
A Empresa Electricidade de Moçambique é
uma devedora da HCB no valor que ronda uns 90 milhões de dólares americanos. Um
pouco por todo país enfrenta problemas de vária ordem e está atrasada no que
tange a electrificação rural. Sem falar da qualidade de energia! Os administradores e demais funcionários de
topo comportam-se como donos de uma empresa atípica, onde os accionistas
confundem cinicamente receita com lucro e dividem mensalmente os “lucros” de
acordo com as acções de cada um. Essa é uma forma camuflada de corrupção.
III
Os administradores da EDM, EP não são
mais importantes que o Presidente da República. Eles não trabalham mais que um
ministro; não são a melhor espécie de moçambicanos que os professores,
enfermeiros ou guarda-fronteira, que entrega a sua vida em defesa da soberania
territorial; os administradores da EDM não são os melhores filhos da pátria que
os polícias, soldados ou funcionário público; Secretários-permanentes de vários
ministérios ou distritos. Os administradores da EDM, mCel, ENH, INP e tantas
outras empresas abastadas confundem a sua missão, ao se atribuírem salários
INÍQUOS. Não estão vedados ao direito de ganharem balúrdios. Mas se quiserem
que vão trabalhar para empresas privadas ou mesmo que sejam consultores.
IV
Recentemente o PR falou do combate da
corrupção. Ora, a existência de “oásis sociais” como essas proporcionam uma
corrida desenfreada a tachos, com todas as consequências dai advenientes. A
propósito, como é que os ministros que tutelam esses ministérios aceitam
salários tão altos assim? Contra que tipo de contrapartidas? Mesmo que as
empresas fossem superavitárias, a missão da EDM não é dividir o superavit pelos
administradores. A missão é meter dinheiro aos cofres do estado. O dinheiro que diariamente o alfandegário
conta e deposita na conta do estado não é dele nem é graças a ele que os
cidadãos e empresários pagam os impostos. O trabalho dele é justamente esse:
cobrar taxas. Igualmente, quando países, entidades e pessoas singulares pagam
taxas de energia não é porque devemos aos administradores. Os administradores
estão a fazer seu trabalho contra o qual devem ser pagos SALÁRIOS QUE A
ECONOMIA PODE.
V
Não há diferença entre a caixeira do
Hospital Central, da Morgue de Machipanda ou do Cobrador das Alfândegas senão a
susceptibilidade e o risco. Todos, no final do dia, cobram taxas pelos
serviços. Similarmente, não há diferença entre o director de uma escola
primária, director dos serviços notariais ou mesmo da distribuição da HCB senão
o risco de exposição. Todos são funcionários ou agentes do Estado.
VI
A finalizar, os salários e benefícios
auferidos pelo senhor Magala e seu grupo são antiéticos a todos títulos.
Ofendem a moral pública e desencoraja qualquer tipo de engajamento
anticorrupção dos demais. Assemelha-se a um atentado ao pudor público. A
diferença entre um carteirista e o CA da EDM está no montante do saque. Exorto
as entidades competentes para porem freio a este escândalo, aproveitando a
revisão da lei de empresas públicas para parar com isso. Afinal, o que eles
fazem de tão especial por cada dia do seu trabalho? Inventam o quê? São génios
de onde? Nem a pessoa que inventou a penicilina ganhou tanto dinheiro assim por
mês!
Vamos caminhar juntos. O país é pobre,
acreditem.
(Dr.Egidio Vaz in facebook)
Subscrever:
Mensagens (Atom)