A indústria do
petróleo e do gás em África continua a enfrentar desafios de mercado
resultantes do baixo preço do petróleo, da concorrência pelo crescimento das
receitas e do talento local, juntamente com novas expectativas dos investidores
e reguladores. "A indústria do petróleo e do gás em África está a sofrer
alterações e perturbações significativas. São alterações fundamentais nas
estratégias das empresas, nos modelos de negócios e nas formas de
trabalhar", afirma Chris Bredenhann, Líder de Consultoria para Petróleo e
Gás em África da PwC. O contínuo preço baixo do petróleo foi aceite como a nova realidade na
indústria do petróleo e do gás, e as empresas começaram a preparar planos que
permitam uma resposta mais ágil às flutuações de preços dos produtos no futuro.
Para algumas, isto significa uma diversificação do portfólio, com muitas
empresas a ponderarem uma mudança para um conjunto energético que inclua
algumas energias renováveis. Apesar
dos desafios, existem muitas oportunidades no continente africano. "O momento é oportuno para que as empresas do petróleo e do gás utilizem
os avanços na tecnologia como forma de ir ao encontro de alguns dos
desafios que devem enfrentar. Em vez
de andar sempre atrás do resto do mundo, achamos que a indústria deve 'dar o
salto' para estar não apenas imune às perturbações, sendo em vez disso, a sua
causa", disse Bredenham. A Análise Petróleo e Gás em África, 2017 da PwC analisa o que ocorreu
nos últimos 12 meses na indústria do petróleo e do gás no seio dos maiores
mercados e também nos emergentes.
Até ao final de 2016, consta que África terá reservas comprovadas de gás
natural de 503,3 triliões de pés cúbicos (TcF), mais de 1% das reservas totais
de gás no continente. Cerca de 90%
da produção africana de gás continua a ter origem na Argélia, na Nigéria, no
Egito e na Líbia, embora a quantidade geral produzida em 2016 tenha baixado em
1,1% para os 208,3bcm. A quota africana na produção mundial de petróleo prosseguiu a tendência de
queda dos quatro últimos anos, caindo bruscamente e descendo dos 9,1% da
produção mundial no ano passado para os 8,6%.
Os desafios da indústria africana do petróleo e do gás
Os principais desafios identificados no setor do petróleo e do gás permaneceram
inalterados face aos dos anos anteriores, com a incerteza nos quadros
regulamentares, a corrupção e a as exigências fiscais a permanecerem nos seis
principais desafios nos últimos quatro anos. É de destacar que os custos de
financiamento e a volatilidade da moeda estrangeira se tenham tornado desafios
mais importantes desde 2015, ano em que se encontravam nos 11º e
10º lugares, respetivamente. "É desanimador que os governos não se adaptem às necessidades e
pedidos das empresas do petróleo e do gás, de forma a garantir rigor
regulamentar aos intervenientes que procuram investir em negócios no campo dos
hidrocarbonetos em diversos países africanos", comentou Bredenhann. Na
África do Sul, o quadro regulamentar permanece incerto, tendo a separação do
petróleo e do gás da mineração ainda não sido atingida na Lei relativa ao
Desenvolvimento de Recursos Minerais e Petrolíferos (MPRDA). Outros mercados
chave em África, como a Nigéria e a Tanzânia, estão também a sofrer problemas
regulamentares significativos.
A corrupção permaneceu como um dos três principais desafios ao longo dos
últimos quatro anos, com a ocorrência de diversos casos em todo o continente.
Apesar da existência de programas anticorrupção ao nível governamental e
corporativo, a efetividade desses programas é questionável. No contexto de problemas
de corrupção, não surpreende que os custos de financiamento tenham subido para
terceiro lugar entre os maiores desafios para os intervenientes africanos. É provável que as questões regionais e as
incertezas relativamente a uma indústria mais ampla e limitada tenham levado os
bancos e outras instituições a recear proporcionar condições de financiamento
mais favoráveis.A falta de desenvolvimento de competências continua a ser um problema em
África, e está a tornar-se num desafio global em toda a indústria do petróleo e
do gás.
Será que os preços baixos
do petróleo vão continuar?
Para além dos desafios destacados pelas empresas, ajustar-se à nova realidade
dos preços baixos do petróleo permanece uma preocupação para as empresas. O
preço do petróleo tem estado relativamente 'estável' ao longo de 2017. Tendo
recuperado desde o ponto mais baixo em janeiro de 2016, tem sido normalmente
transacionado no intervalo entre os 50 e os 60 dólares por barril. Quando o
índice Brent do petróleo chegou perto dos 60 dólares por barril em setembro de
2017, o mercado começou a questionar se a realidade de preço baixo prolongado
teria terminado. A procura por petróleo está a subir e a oferta está a aliviar,
sugerindo o início de um processo de reequilíbrio do mercado. No entanto, tal
como assistimos muitas vezes nos preços globais do petróleo, nunca nada pode
ser dado como certo. As empresas do petróleo e do gás
citaram a geopolítica, o fornecimento e a procura como os três principais
motivos para o momento atual do preço do petróleo. Olhando em frente, os
inquiridos esperam aumentos modestos nos preços ao longo dos próximos dois anos
- com 65% e 52% a esperaram que o preço se situe no intervalo entre os 51 e os
60 dólares por barril em 2018 e 2019, respetivamente.
O contexto cambiante da concorrência
Como resposta a muitos destes desafios, as empresas do petróleo e do gás estão
a procurar alterar as suas estratégias e modelos de funcionamento, o que
alterou a paisagem da concorrência. As empresas referiram que as maiores
alterações previstas ou recentemente experimentadas no contexto da concorrência
são geradas pelo crescimento dos combustíveis alternativos, pelo impacto da
perturbação causada pela tecnologia e pela necessidade de redução de custos.
Estão as
empresas do petróleo e do gás aptas para crescer?
As empresas do petróleo e do gás referiram o 'pouco investimento nas
capacidades de desenvolvimento' como o impedimento mais significativo ao
crescimento empresarial. A isso
seguiu-se a fraca estratégia e liderança. De acordo com a análise da PwC, as empresas ficam 'Aptas para crescer'
realizando três coisas de forma consistente e contínua: concentrando-se em
algumas capacidades diferenciadoras, alinhando a sua estrutura de custos a
essas capacidades e organizando os seus negócios para o crescimento. De acordo com a Análise de Petróleo e Gás, da PwC, 75% das empresas dizem
ter analisado a sua estratégia para África nos últimos três anos, mas também
reconhecem a existência de problemas de incoerência e de um problema de
execução no funcionamento empresarial do dia-a-dia. A abordagem 'Apta para crescer' da
PwC destaca que o investimento em capacidades que permitam à organização criar
valor único para os clientes é um elemento chave para o crescimento
sustentável. Os inquiridos indicaram que estão a investir no desenvolvimento de novas
capacidades ou na melhoria de capacidades já existentes (18%), em conteúdo
local e no desenvolvimento de competências (14%), em melhorias em
infraestrutura (13%) e no cumprimento de regulamentos (12%) ao longo dos
próximos três anos. É de destacar que a importância da gestão de custos enquanto foco estratégico
tenha diminuído este ano. Um terço dos inquiridos indicou não ter intenções de
reduzir custos. Menos de metade dos
inquiridos pretende reduzir custos até 20%.
Atingir a sustentabilidade
É necessário avaliar estrategicamente o portfólio de atividades das empresas do
petróleo e do gás em África, de modo a serem sustentáveis e tendo em vista um
ambiente de baixas emissões de carbono. Os resultados da análise indicam
que as fusões e aquisições, assim como as parcerias, são fundamentais para o
reposicionamento de estratégias e para alcançar o crescimento pretendido. Uma
minoria dos inquiridos relacionou a proposta de fusões e aquisições como forma
de alcançar o crescimento, com cerca de 30% dos inquiridos a ser alvo de
aquisição e cerca de 40% a definirem eles próprios objetivos de aquisição. A
maior parte dos inquiridos referiu propostas de parceria, com quase 60% a terem
sido abordados ou a abordarem outra entidade para uma possível parceria.
Enquanto algumas empresas do
petróleo e do gás continuam a explorar oportunidades de redução de custos e de
melhoria da eficiência, está também a começar a ser considerada a forma como se
irão colocar à frente da concorrência. Dada a perceção da lenta adoção das
soluções digitais na indústria do petróleo e do gás, é surpreendente que quase
um quarto das empresas afirme ter implementado alguma forma de solução digital,
desde soluções de produção e perfuração até soluções móveis.
Equilibrar
o conteúdo local
Mais de 25% das empresas do petróleo e do gás afirmou que os projetos tinham
sido reagendados ou adiados por políticas locais de conteúdo, e cerca de 15%
relocalizaram ou cancelaram projetos em resposta a regulações locais. Cerca
de 10% indicaram uma aceleração dos seus projetos. Um terço dos inquiridos acha
que há hoje mais empresas locais que podem servir o setor. Menos de um terço
reconhece que estão disponíveis competências locais no nível adequado no seu
país e 11% afirmou terem surgido novos intervenientes no setor como resultado
das regulações. "A indústria do petróleo e do
gás em África está repleta de desafios e adversidades complexas, mas com o
desafio surge a oportunidade. A oportunidade existe para os
intervenientes que estejam dispostos a 'tornar a imaginar o impossível' num
futuro que parece muito diferente do nosso presente. "É claro que os intervenientes
no setor do petróleo em África devem 'dar o salto' para permanecerem
competitivos no futuro da nova energia", concluiu Bredenhann.
JOHANNESBURG, África do Sul, 1 de november 2017
Distribuído pela APO
Group em nome da PricewaterhouseCoopers LLP (PwC).
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