O
presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA),
Rogério Manuel, acusa o Fundo Monetário Internacional (FMI) de estar a agir, em
certo momento, por má-fé naquilo que é o posicionamento deste organismo
monetário internacional sobre a questão da dívida de Moçambique, comparado a
outras nações, igualmente endividadas com o FMI.“Há aqui qualquer coisa que não
está bem contada, há qualquer coisa que não está a deixar clara esta amizade,
estes acordos. Se olharmos nas duas vertentes, olhar para aquilo que é a dívida
de Moçambique, (estou a falar como moçambicano, como empresário nacional),
olhar para aquilo que muitos países europeus tem como dívida com o FMI e olhar
a dívida de Moçambique que tem com o FMI, e olhar os recursos que dão garantia
a essa dívida que Moçambique tem, e olhar para esses países europeus que tem a
dívida com o FMI, não tem, nem chegam ao calcanhar de Moçambique. Então, o que
está acontecer aqui?”, questionou-se Rogério Manuel, procurando entender:
“Quais são os interesses por detrás disto tudo?” Segundo escreve hoje o “Mediafax”, para este empresário, os interesses do FMI
no país estão para além dos interesses comerciais. “Eu acredito que é má-fé”, acusou
o presidente da CTA, argumentando que: “Depois de tanta conversa que tivemos,
olhando para aquilo que é o pronunciamento deles e fazendo uma análise mundial,
eu acho que há má-fé dentro disto tudo”, sublinhou.
“Só para ver que o interesse não é meramente comercial, as políticas do FMI não
dividem aquilo que é o sector privado e o Estado. Neste caso, eles só podem
trabalhar com o Banco Central e o Estado e não com o sector privado, mas as
influências deles trazem esta parte negativa para o sector privado nacional” –
censurou. O responsável pela CTA teceu estas preocupações à saída de um encontro, esta
terça-feira, com uma delegação do FMI para África. Segundo Rogério Manuel, a
delegação do FMI pretendia saber sobre o que a CTA acha da situação económica
nacional. Do encontro, segundo disse Rogério Manuel, foram passadas em revistas diversas
matérias que este organismo empresarial nacional tem vindo a discutir com o
governo para que se criem almofadas para este tipo de situações que o país está
atravessar. No mesmo encontro, Rogério Manuel revelou que a CTA deixou bem claro que o FMI
devia olhar para Moçambique em duas vertentes, sendo uma empresarial e outra
que é do Estado. “Não olhar para as empresas privadas como empresas do Estado”,
disse. “Entre várias coisas, trouxemos propostas concretas dos encontros com empresas
nacionais sobre a situação nacional do país, sobre os bancos, sobre a situação
financeira do país”, apontou.Com um semblante algo preocupado, Rogério Manuel
disse que as preocupações foram ouvidas pelo FMI, mas que simplesmente disseram
que iriam analisar.A delegação do FMI não quis prestar declarações à imprensa, tendo apenas dito
que “o encontro foi bom”.
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