O novo Governador do Banco de
Moçambique, é moçambicano da etnia Chope, concluiu o então
chamado Terceiro Ciclo (Décima Segunda Classe) no Liceu António Enes (Escola
Francisco Manyanga) em Lourenço Marques (Maputo). Iniciou o Bacharelato em
Economia na Universidade de Lourenço Marques (Universidade Eduardo Mondlane) em
1976, em cujo ano lectivo se mudou do País para o exterior, onde se doutorou.
Foi excelente aluno da Faculdade de Economia da UEM, mormente nas disciplinas
relacionadas com as matemáticas. Ele, o falecido Chico Salomão, o Titos Joaquim
Macuacua (quadro da Empresa Maputo Sul), o José Luís Macamo (reformado do
PNUD), o Dinis Rosas, o José Paulo da Fonseca Pinto Lobo (estes dois últimos em
Portugal); o Cipriano Ventura Marcos Mazula; o Dinês Chandra Manmoandás
(falecido); Mahomed Iquebal Jussub (ENACOMO); João Aragão (Gani Comercial) eram
autênticas “bombas atómicas” na turma, porque as suas notas em todas as
disciplinas, raramente, se situavam abaixo da marca “18”. Na disciplina de
Investigação Operacional discutia, sem complexos, de igual para igual, com o Professor
Mota de Castro, que tinha muito domínio sobre esta matéria.
Os teus ex-colegas, amigos e o Povo moçambicano – sem te assumir “Messias, seu
Salvador” – desejam-te feliz regresso à Pátria e esperam bastante de ti.
Humildade!
Respeita a pessoa a quem vais substituir e o bom trabalho que ela realizou!
Não procures apenas pelas coisas erradas que ele de boa ou má fé fez ao longo
dos dez anos que esteve como timoneiro do BM.
Se, por ventura, encontrares coisas boas, hiperboliza-as, dando-lhes mais
quantidade, qualidade e valor.
Nunca te esqueças que jamais será vitalício nessa cadeira que Deus e o teu Povo
te deram por mandato, divino e popular.
Faz desse cargo um verdadeiro e sério sacerdócio.
Exerce o teu múnus governativo com muita responsabilidade!
O povo não te colocou nessa cadeira para fazeres o julgamento da conduta do
antigo titular desse posto muito difícil e importante. Por favor, nada de
perderes tempo fazendo a autopsia do desempenho do antigo Governador do BM!
Como sabes estás aí para fazeres a diferença pela positiva! Queremos que não
haja hiatos prejudiciais para todos nós entre o que ele, o antigo Governador do
BM estava a fazer e o que esperamos, ansiosamente, que tu prossigas.
Acrescenta valor ao que já está em curso! Dá-lhe mais qualidade!
Não tem preocupes com o supérfluo porque o Povo – a caminho dos 28 milhões de
habitantes – espera muito de ti!
Faz jus ao Doutor - por extenso – que, merecidamente, figura antes do teu nome.
Dá-nos uma folguinha maior! Não aumentes tão depressa as Facilidades
Permanentes de Cedência (FPC), as Facilidades Permanentes de Depósito (FPD) e
as Reservas Obrigatórias (RO) pelos efeitos contraproducentes que estas medidas
paliativas provocam na já de si muito depauperada qualidade de vida do nosso
Povo. Porque elas inibem a Formação Bruta do Capital Fixo (FBCF), de onde se
obtêm recursos domésticos para o Investimento (I), sem o qual não há
Crescimento (C), e sem este não teremos o almejado Desenvolvimento (D).
O povo já não tem forças nem para gemer!
Aí junto ao Governo lembra aos nossos respeitáveis Ministros a mensagem segundo
a qual o Povo quer ver, tão depressa quanto possível, a aprovação e a
implementação de políticas realistas, nacionalistas, de valor universal,
incentivadoras do aumento da Produtividade e da Produção nacional.
Lembra-lhes ainda que a adopção cega e exclusiva de medidas fiscais e
monetárias sem o condimento na esfera produtiva, tendente a fazer crescer o
nosso PIB, vai tornar a nossa economia mais anémica. A falta de hemoglobina
leva os corpos à falência generalizada. A vida, consequentemente, desagrega-se
dos corpos anémicos. E o nosso Povo não pode morrer por causa da implementação,
pelo Governo, de políticas menos eficazes, ainda que implementadas de boa fé,
como é o caso vertente de Moçambique!
E ainda há um factor com o qual – dada a tua humilde origem – também advogas e
simpatizas: temos que humanizar a Economia. Antes de a economia ser uma
colectânea – sempre em equílibrio de indicadores macro-económicos – ela é uma
ponte que deverá levar o Ser Humano a ser integralmente feliz.
Ajuda-nos a humanizar a nossa economia!
O Banco de Moçambique tem um escol de quadros e profissionais moçambicanos de
excelente qualidade e muito motivados! Aproveita-os! Trabalha com eles até à
exaustão! Acarinha-os sempre, quando merecedores deste tratamento!
Muito diálogo - sobre o País real - com o sábio Povo sem nome e, muitas vezes,
sem voz sem ser afónico, mas com muita vontade de vencer!
Ganha tempo estudando cuidadosa e atentamente:
1. A Constituição da República de Moçambique;
2. O Programa Quinquenal do Governo - PQG;
3. O Plano Económico e Social – PES;
4. A Agenda 2025 (Documento que perspectiva e prospectiva o desenvolvimento de
Moçambique);
5. O Discurso da Tomada de Posse do Presidente da República, froferido a 15 de
Janeiro de 2015;
6. Os principais documentos produzidos pela Sociedade Civil Moçambicana
Soa-me também oportuno ouvires o que pensam as entidades seguintes:
1. CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique;
2. AMECON – Associação Moçambicana de Economistas;
3. Ordem dos Advogados;
4. Ordem dos Engenheiros;
5. Ordem dos Médicos;
6. Sindicatos mais representativos;
7. Associação Moçambicana de Bancos;
8. Todos os partidos políticos;
9. Todas as confissões religiosas;
E conversa também, porque vale a pena, com o sector informal, com especial
destaque as chamadas “mukweristas” cuja actividade diária, bastante dinâmica,
mexe com o PIB deste País. A título de exemplo, há mulheres que, diariamente,
metem pela fronteira de Ressano Garcia, “camiões de 10 rodas” prenhes de
mercadorias (200 Mil Meticais) para abastecerem cadeias de supermercados,
mercearias, lojas e barracas. Agora multiplica 200 Mil por 20 dias vezes 12
meses .......!!!!!
Em minha modesta opinião – expurgado o que lá existe de mau – no sector
informal está o embrião indígena do empresariado nacional de que Moçambique
muito precisa. Há que trazê-lo para cima da mesa, retirando-o do “undeground”! O meu pai camponês e enfermeiro indígena, que passou quase 50 anos da sua
carreira profissional no mato, repetia-nos: “nunca penetres na floresta sem
primeiro ouvires dos donos da terra o que lá vais encontrar”.
Bem hajas.
Escrevi muito porque queremos o teu e o nosso sucesso!
Por:António Matabele (economista)
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