Anda por aí alguma imprensa
sugerindo que o Presidente da República, Filipe Nyusi falhou o encontro com Presidente Obama em virtude da
(1-) a sua "natural" fraqueza diplomática e (2-) a actual crise
político-económica) que fez o nosso país não-credível aos olhos da comunidade
internacional e principalmente dos que odeiam a má-governação e
corrupção.Estes, ainda zombam do PR pelo facto de ter sido recebido pelo chefe
da diplomacia americana, o Secretário do Estado John Kerry (a redacção do Grupo
Soico prefere escrever John KARRY-vi no jornal da noite de hoje).
Ora, para lá da euforia e do
pessimismo, julgo primeiro importante perceber o que o Presidente Nyusi foi
fazer nos Estado Unidos da América e quais são os principais assuntos que vai
tratar lá. Por outro lado, é também importante perceber o que a estas alturas
(pre)ocupa o Presidente Obama a nível nacional e internacional.Para tal era
preciso dominar o mínimo da agenda dos dois Presidentes, algo que muito poucos
podem, principalmente por causa do actual estado pessimista que domina a
actualidade nacional.
Primeiro, dizer que o assunto
mais importante que leva o PR aos EUA é a Assembleia-geral das Nações Unidas
que tem início HOJE, dia 13 de Setembro de 2016 em Nova Iorque.
Lembrem-se que o Presidente
português, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua primeiríssima viagem presidencial
fê-la para Moçambique. E quem lhe recebeu e acompanhou de volta ao Aeroporto
foi nada mais que o nosso chefe da Diplomacia, Oldemiro Baloi. Podemos dizer
que a recepção de Marcelo foi humilhante ao povo português e a ele próprio? Não, não foi, de modo algum. A estas alturas que vos escrevo,
o Presidente Obama está a "fechar" o gap da Hillary Clinton - que
está a repousar depois de apanhar pneumonia; está em campanha pelo seu Partido
Democrata e pela Hillary Clinton. Nem está em Washington! Ontem esteve em
Philadelphia e hoje não sei onde vai dormir. Em Washington é que não.A outra
coisa que devem saber é que durante todas as AGs das Nações Unidas o presidente
dos EUA recebe uma amostra dos líderes mundiais na Casa-branca; entre 6-8 ou
mais, distribuidos por regiões geográficas. Guebuza, Chissano aproveitaram as
vezes que coube esta região geográfica. Até Zuma, que nos seus momentos mais
turbulentos, foi recebido. É assim. It's
a roaster.
Desta vez o nome de Moçambique
não calhou. E o Presidente Nyusi não foi conseguiu que Obama conseguisse um
tempinho da sua já apertada agenda para um tempo extra para privar com um líder
africano. Isto não nos deve envergonhar de forma alguma. E não é por causa da
actual situação político-económica. Os EUA têm um bureau inteiro que se informa
pontualmente sobre TUDO o que acontece aqui.
Para terminar, e estrategicamente,
para além do simples fator de charme e ego pessoal do Presidente Nyusi, Obama
já não conta muito para os nossos interesses agora. He's a lame duck, diriam,
um pato manco, a sair do campo. Já a estas alturas não pode tomar medidas
estratégicas sobre um país. Ou seja, encontrar Obama agora ou depois da reforma
faz pouca diferença, na verdade. Pelo que, assumindo que de facto, não foi
possível por culpa dos diplomatas nossos ou nossa situação calamitosa, pouca
diferença faz de facto.Para concluir, julgo que esta missão do Presidente Nyusi
aos EUA é a mais bem-sucedida de todas.
Primeiro porque antecipa a vinda
da equipa do FMI a Moçambique e Nyusi aproveita a ocasião para PESSOALMENTE
BRIFAR à senhora Lagarde e o Banco Mundial. Que belo timing! Segundo, por ter
sido recebido pelo Chefe da Diplomacia americana, John Kerry (Karry, na
ortografia da SOICO). Outros presidentes serão recebidos pelos subsecretários
regionais.
E em terceiro lugar, pelo facto
de poder se encontrar com outros dignitários de alto nível da Europa e América.
Nyusi não voltará o mesmo dos EUA, acreditem.
Informação é chave para uma
opinião fundamentada.(Dr. Egidio Vaz).
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