Quando
Eduardo Mondlane (foto1)era vivo ele costumava dizer que a Frelimo só se destruiria se
fosse atacada a partir de dentro dela; e não de fora. Mondlane morreu em 1969
e, desde lá ate cá, o Partido ultrapassou vários testes de resiliência.
Suplantou o colonialismo, resistiu a Ian Smith e viu o Apartheid se desmoronar
a seus pés.
Cedeu ao
“banditismo armado” da Renamo, um empecilho que adia o percurso do Pais. Na
verdade, a história da Frelimo mostra que ela também se renova por dentro,
nomeadamente quando suas franjas de alianças entram em disputas.
Antes de
morrer em Mbuzine, Samora Machel(foto2) era um homem isolado, completamente só na
ponta vermelha, como ilustram vários depoimentos espalhados nos escaparates da
história não oficial.
Hoje com a
crise da dívida e outras mazelas, a Frelimo encarna a figura de um casamento a
beira do divórcio. Seus integrantes se vão digladiando em público, e o final do
drama contínua difícil de adivinhar. Jorge Rebelo dispara para todos os cantos
mas internamente parece incapaz de organizar um coro que siga harmoniosamente
os gestos de sua batuta.
Sérgio
Vieira pede uma “lava jato” sem se importar com o risco perceptível dos efeitos
que isso tem de desintegrar o Partido, trucidando o Estado-Nação. Pior, em vez
de usar os foros internos, ele sai cantando a retórica da oposição. Quando ele
diz que a Frelimo corre o risco de perder as próximas eleições, ele não fá-lo
como quem lança um alerta para que o pacto social seja renovado.
Ao invés de
lançar os fundamentos para uma reconciliação interna, SV coloca mais estrume em
ódios que se recalcam, subindo mesmo para cima do muro do vizinho, maldizendo
com o vizinho, o seu próprio casamento. Tal como Jorge Rebelo, ele investe num
divórcio na velhice. Nem a perspectiva de os fundadores da Frelimo deixarem um
legado funesto não lhes atrai.
Há qualquer
coisa de inverosímil na actual narrativa da Frelimo. Mas o pior ‘e que os
filhos seguem a trilha do silencio. Ninguém se arrisca a surgir com um novo discurso,
uma proposta de reconciliação interna entre os mais velhos. A Frelimo (foto3) parece
estar a precisar de um conclave que reúna os seus fundadores ainda vivos e
encontre uma plataforma de consenso para salvar o casamento. Essa ideia de
divorcio na velhice não fica bem! Os bons filhos sempre se bateram contra um
divorcio na velhice.(M.Marcelo)
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