Uma adolescente foi restituída a
liberdade esta quarta-feira, depois de ter sido mantida amarrada na cozinha
durante sete anos na cidade de Tete, capital da província homónima, no centro
de Moçambique.A vítima, identificada pelo nome de Regina, 17 anos de idade, foi
restituída a liberdade graças à denúncia feita aos órgãos de comunicação social
e às estruturas do bairro Mateus Sansão Mutemba, onde morava com seus pais.Apesar
da sua idade, Regina aparenta ser muito mais nova, devido a sua estatura
reduzida ou seja menos de um metro de altura.Regina sofre de perturbações
mentais desde os dez anos de idade, altura em que a mãe decidiu aprisioná-la e
nenhum vizinho foi capaz de se aperceber do caso. Assim, durante sete anos, a
partir das 07h00 até 16h00 Regina era amarrada junto a um ferro, numa casinha
que a mãe, Narcisa Verniz, disse a jornalistas tratar-se de uma “cozinha”.
Os vizinhos, chocados pela
situação, disseram que a menor estava aprisionada num “curral de cabritos”.Narcisa Verniz tentou justificar
a decisão de amarrar a sua filha alegando que era para a sua própria protecção,
porque sofre de perturbações mentais. Assim, não havia o risco de sua filha
sair a rua e morrer atropelada.
“Não tinha alguém para ficar
controlar a ela porque eu trabalho”, disse a mãe.
Os pais são funcionários públicos
e, apesar de conhecerem as leis em vigor no país, violaram sistematicamente os
direitos da criança.Chocada com a situação, a esposa do governador de Tete,
Joana Auade, decidiu deslocar-se à casa de Regina.“Os pais não deveriam agir desta
forma. Por mais que a criança sofra de perturbações mentais ela é igual a
outras. Por isso, não deveria merecer este tratamento. É muito triste aquilo
que ouvimos. Foi um enorme choque. Por isso, estamos aqui para vermos como
podemos ajudar a criança que ficou durante muito tempo em cativeiro”, afirmou.
O secretário do bairro Mateus
Sansão Mutemba, Francisco Gerente Saguate, disse que “agradecemos os que
denunciaram o caso, mas atrasaram, porque o tempo em que ela ficou a ser
amarrada todos os dias é muito. Mesmo assim, louvamos e apelamos para que continuem
assim”.Saguate, que considerou o caso de muito preocupante afirmou que
“gostaríamos que este caso não fosse repetido, porque choca a sociedade. As
pessoas devem estar livres, sobretudo as crianças”.O chefe do Departamento da
Acção Social, na Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social, em
Tete, Domingos Razão, disse ter sido colhido de surpresa neste caso, o primeiro
do género reportado na cidade de Tete.Domingos Razão garantiu que a sua
instituição vai acompanhar atentamente o caso, começando por garantir as
condições necessárias para melhorar o estado de saúde da menor.
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