As eleições da próxima quinta-feira (13),
que deverão eleger o homem forte do fraquinho futebol moçambicano, centra-se
numa discussão errada. O processo está voltado para a discussão das pessoas.
Chang é apontado como o pai da EMATUM. Uma desculpa fácil que ignora o
essencial. Na lógica de um negócio como o da EMATUM, nos moldes que foi feito e
com o secretismo que o caracteriza, Chang não é a peça chave. É óbvio que se
pode questionar o seu papel na operação, mas julgá-lo peça chave na realização
do processo EMATUM é mentalmente, no mínimo, estar abaixo do mais ingénuo
cidadão nacional.
Waty é apontado como candidato da
continuidade, como a extensão do malévolo Faizal Sidat. O homem responsável
pela destruição do futebol nacional. O protector da Liga Desportiva de Maputo.
Outra desculpa estapafúrdia. Ainda que Waty seja a continuação de Sidat afirmar
que o último é a causa do nosso descalabro significa ignorar 40 anos de
história e uns 20 da morte de espaços de prática desportiva que hoje, para além
de mudar a estética das grandes cidades, revelam o rosto mais sórdido da
lavagem de dinheiro sujo. Também temos o Enoque João, candidato considerado
estrangeiro pelo facto de residir em Portugal e ser presidente da Casa
Moçambique. O seu único pecado é mesmo esse.
Há também o que é considerado homem do
desporto e pai do sucesso do Moçambola. Esse campeonato envolto em suspeição
cujos direitos de transmissão nunca foram canalizados aos clubes. Esse bom
gestor, que muita gente apoia – como expressão mais alta da nossa senilidade
colectiva -, faz-se, nas suas deslocações às províncias, acompanhar-se por
jornalistas da mesma estação televisiva que deve milhões à Liga Moçambicana de
Futebol e aos clubes nacionais. Um gestor de topo do Desportivo de Maputo foi
ao cúmulo de afirmar, nas redes sociais, que o seu clube não paga aos atletas
porque espera receber o montante das transmissões televisivas, pasme-se.
Os clubes que disputam o Moçambola,
sobretudo os baseados em Maputo, que mamam desenfreada e injustamente nos
fartos seios do Estado, dão o rosto por Simango e só em conversas privadas
falam desses montantes que serviriam para pagar algumas despesas. O problema,
dirão, não é Simango, mas sim a Televisão Pública de Moçambique. Um tremendo
absurdo.
Na nossa lógica o problema não reside
aí. Na nossa lógica o problema reside no facto de termos espremido os
manifestos eleitorais e daí, para nossa desgraça – aliás, desgraça do futebol
nacional – não ter resultado sequer uma gota de suor. Ou seja, da leitura dos
manifestos, pejados de erros que denunciam que foram escritos em cima do
joelho, não há nenhuma ideia para alavancar o pútrido futebol moçambicano.
Trata-se, no nosso entender, de luta pelo poder e não da corrida para cimentar
pilares, alicerçar ideias e construir referências. É uma corrida contra o
progresso e que, no final, só o futebol vai perder. O futebol, pelo menos nesta
luta, ri-se desalmadamente do jornalismo: o primeiro perdedor. Uns jornalistas
vestem a camisola do Chang, outros de Simango e uns de Waty. Enoque é o pobre
que corre sozinho, mas o seu pecado, como dos outros, é não ter nenhuma ideia.
Pobre futebol moçambicano…
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