As Autoridades de Migração de Angola recambiaram dois jornalistas moçambicanos que haviam se deslocado àquele país para participar numa conferência organizada pelo centro local de Formação de Jornalistas.Trata-se dos jornalistas Joana Macie, do principal diario mocambicano “Notícias”, e Manuel Lourenço Cossa, do semanário “Magazine Independente”, que foram impedidos de entrar em Angola, numa atitude arrogante em sem nenhuma explicação.Os dois jornalistas estavam devidamente identificados, com vistos emitidos pela Embaixada angolana em Maputo, entidade que também se manifestou surpreendida com a decisao tomada pelos serviços de migração, uma vez que não chegou a ser comunicada desta ocorrência.“Havíamos preenchido todos os requisitos exigidos pela Embaixada para obtenção de vistos para entrada em Luanda. Estranhamente, ao desembarcarmos em Luanda e já nos na migração, o meu passaporte e o do Manuel foram colocados de lado, ao mesmo tempo que éramos convidados para uma sala restrita ”, explicou Joana Macie, citada pelo jornal “Notícias”.Os dois jornalistas permaneceram na referida sala durante cerca de uma hora, sem que ninguém explicasse o que estava a acontecer. Depois foram obrigados a entrar num autocarro de passageiros do aeroporto, que os levaria de novo até ao avião da South Africa Airways que os havia transportado de Joanesburgo a Luanda. “Pedimos as nossas malas, mas ninguém se responsabilizou por isso. Tentámos resistir a entrar no avião, mas uma voz ameaçadora ordenou-nos a não tentar mais nada. A mesma voz advertiu-nos em seguida que se resistíssemos seria à força que haveríamos de entrar. Aliás, o autocarro nessa altura estava já rodeado de polícias. Entrámos para o avião a lamentar sobre o tratamento humilhante que nos estava a ser dispensado e a perguntar pelos nossos passaportes …”, acrescentou Joana Macie.Os dois jornalistas só vieram a receber os seus passaportes em Joanesburgo, quando se encontravam de regresso a Maputo. Até ao momento, não se sabe o paradeiro das suas bagagens que foram confiscadas pelas autoridades angolanas.Em comunicado de imprensa distribuído esta Segunda-feira, o Secretariado Executivo do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) diz condenar de forma enérgica o “acto de prepotência e arrogância desnecessárias” por parte das autoridades de migração angolanas.O SNJ exige que sejam dados esclarecimentos sobre este caso a bem das relações de amizade e irmandade que unem os povos dos dois países.“O Secretariado Executivo do SNJ condena e repudia veementemente o facto de, para além de não ter sido dada qualquer explicação, os jornalistas em causa terem sido alvo de ameaças com recurso a armas de fogo, contrariando o espírito de fraternidade que tem vindo a ser cultivado entre os dois países e, sobretudo, na região, atendendo a que Angola faz parte da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Aos jornalistas visados não foi dada igualmente oportunidade de recolherem as suas bagagens, as quais permaneceram em Luanda, não se sabendo neste momento o seu verdadeiro paradeiro”, refere o comunicado de imprensa.Os dois jornalistas integravam um grupo de activistas de direitos humanos que haviam sido convidados a tomar parte da conferência, dentre os quais se encontrava o académico moçambicano Eduardo Namburete, em representação da organização Gender Link, co-promotora do evento.Além dos jornalistas moçambicanos, consta que as mesmas autoridades mandaram deportar outras figuras que se deslocavam àquele país, incluindo delegados a cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a decorrer esta semana em Luanda.
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