O Presidente da República, Filipe Nyusi, considera que o apoio que Moçambique tem estado a receber dos parceiros no combate ao terrorismo também tem o condão de capacitar as Forças de Defesa e Segurança (FDS).
“Neste momento que recebemos apoio, estamos, em simultâneo, a capacitar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) para poderem fazer face as fases posteriores de combate ao terrorismo”, disse Nyusi, falando sábado, na cidade de Pemba, em conferência de imprensa alusiva a celebração do Dia das FADM, que se assinala a 25 de Setembro em todo o território nacional. Nyusi, que falava em conferência conjunta com o seu homólogo ruandês, Paul Kagame, afirmou que “se a casa do vizinho estiver a arder juntos podemos extinguir o fogo e criar condições para que não haja mais fogo, no futuro”. O estadista moçambicano estabeleceu um paralelismo entre a progressão do terrorismo e do novo coronavírus. “Muda de forma. Acredito que o terrorismo comporta-se desta maneira”. Questionado sobre os desafios que o país enfrenta no combate ao terrorismo, Nyusi respondeu que “em Moçambique nunca tínhamos estado perante uma guerra contra o terrorismo. É um fenómeno novo, para nós”.
“Eu, pessoalmente, em muitas ocasiões, interagi com o Presidente Kagame e outros estadistas. Com base em experiência, prontidão, e relacionamento, achamos que estávamos prontos para trabalhar com Ruanda”, disse Nyusi, ajuntando que “Ruanda já teve missões similares em diferentes momentos”. Ademais, disse Nyusi, os dois países atravessam uma fase de relacionamento óptimo, no âmbito do desenvolvimento, no geral. “As interacções que temos tido ao longo dos tempos ajudaram que houvesse prontidão do Ruanda para ajudar Moçambique. Não precisamos de meninos de recados. Falamos directamente. É o que fizemos”, referiu Filipe Nyusi.
Kagame, por seu turno, assegurou que “vamos combater o terrorismo, ao mesmo tempo capacitando as FDS”. Afirmou há pessoas que pensam que o Ruanda teria sido convidado pela multinacional francesa, Total, ou pela França a intervir em Moçambique. “Na verdade, eles são nossos amigos, mas o problema é de Moçambique. É um desafio de Moçambique. Desafio que Moçambique está a enfrentar. Por isso, foram os moçambicanos que nos convidaram, e vamos continuar a trabalhar juntos”.
“O Ruanda está a fazer a sua modesta contribuição”, acrescentou. Questionado sobre a demora para pedir a intervenção estrangeira para combater os terroristas, Nyusi que afirmar que foi “muito tempo”, é subjectivo. Nyusi explicou que o primeiro ataque ocorreu em 2017, numa altura em que “já liamos sinais, a partir de 2012, sinais estranhos no nosso país, sobretudo na zona de Mocímboa da Praia, e nessa altura já havia prospecção de recursos naturais”.
“Isso exigiu, da nossa parte, uma ponderação e inteligência para perceber o fenómeno”, disse Nyusi, explicando que queria evitar a presença de muitos países em território nacional sem saber exactamente o seu papel em Moçambique.
“Se nesse momento tivéssemos dito venha o Zimbabwe, Egipto, França, … poderíamos cair numa situação de dizer venham sem sabermos o que esses países viriam fazer”, disse.
Alem disso, disse o estadista
moçambicano, chegou-se a acreditar que o problema poderia ser resolvido dentro
do país, usando o diálogo. “Estávamos a tentar perceber se a nossa arma ainda
funcionava, o diálogo”. Por isso, disse Nyusi, não basta ajuda. Os países
precisam de perceber para onde vão, o que vão fazer, e o que é preciso fazer, e
isso leva tempo”, explicou Nyusi. Assim, o pedido de ajuda não ocorreu
tardiamente. “Foi uma decisão oportuna. Tínhamos que tomar a medida em um
momento certo, e não em momento de dúvida. Senão estaríamos a cometer um erro
fatal”.
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