Na Cidade da Beira, mesmo contra todos os apelos das autoridades locais a vários níveis, para a ponderação e abandono desta opção, empresários agrupados no "movimento empresarial anti-raptos" anunciaram em conferência de impressa na manhã desta Quinta-feira (22) a decisão de "encerrar os seus estabelecimentos comerciais por três dias consecutivos, nomeadamente amanhã Sexta-feira, Sábado e Domingo (23, 24 e 24), como medida passiva de protesto contra esta situação criminal que parece estar fora de qualquer controle", conforme fizeram alusão.
Com esta decisão, numa cerimónia pública deveras concorrida, aclaram que "Não se trata, de modo algum, de uma medida para paralisar a economia local, tanto mais que temos consciência plena que isso não acontecerá e nem deve acontecer. Trata-se de, desta forma simbólica, manifestarmos de forma pacífica e determinada o nosso envolvimento no objectivo comum de exigir que o Estado cumpra a sua parte e faça-o com resultados imediatos, consistentes e palpáveis". Entendem que a situação (dos raptos), "tal como está, é insustentável e inaceitável". Acrescentam, "Como cidadãos não podemos permanecer eternamente calados, amedrontados e espezinhados perante situações tão graves e inconcebíveis, sem levantarmo-nos para fazer soar bem alto o nosso grito, a revolta. Esta é uma manifestação dos indignados, mas ao mesmo tempo é um apelo colectivo para que o Estado moçambicano, de uma vez por todas, apresente resultados concretos, consistentes e palpáveis na luta contra este mal".
Ao tamarem este posicionamento, o "movimento de empresários da cidade da Beira em manifestação contra os raptos" alerta "a todas as autoridades públicas que reajam a esta manifestação pública e ordeira de forma correcta na acção e nos propósitos, não reagindo contra os manifestantes, mas contra os criminosos. Que concentrem o seu esforço, meios e energia a perseguir os raptores pelos crimes que cometeram e não as vítimas por terem-se manifestado contra o crime e contra a ineficácia no seu combate". Conforme aflorado, "Os empresários que aderiram as estas manifestações entenderam que, por enquanto, estas medidas são suficientes e proporcionais para persuadir o Estado e o Governo de Moçambique a obterem resultados concretos na prevenção e combate aos raptos".
Contudo, não havendo resultados, o grupo deixa claro que "se os raptos persistirem impunemente, como agora acontece, reservam-se ao direito de se reunirem novamente para decidir novas formas colectivas de manifestação" e, ressalvam, "estes empresários que se manifestam não exigem apenas que os raptos sejam combatidos eficazmente na cidade da Beira', mas no país no seu todo. Desta forma, o grupo de empresários da Cidade da Beira manifesta-se contra a situação de "aumento dos raptos e com a falta de resultados na sua prevenção e combate" e exige nesta manifestação pública "que o nosso Estado cumpra com as suas obrigações essenciais: maior segurança pública para a protecção de direitos sagrados como o direito à vida, o direito à integridade física e psicológica, o direito ao bem-estar".
Na conferência de imprensa aproveitou-se "esclarecer uma inverdade que tem sido propalada pelas nossas autoridades policiais. A nossa polícia tem dito que as vítimas e os seus familiares não colaboram e não prestam informações que ajudem a investigar essa criminalidade. Não é verdadeiro. Pelo menos aqui na cidade da Beira, certificamos que a maior parte das vítimas de raptos colaboraram com a polícia fornecendo elementos que julgaram importantes para ajudar na investigação, mesmo com todos os riscos que isso implica na situação actual. Mas os resultados teima em não aparecer. Vários empresários contribuíram com meios económicos para ajudar a Polícia a combater este mal; mas também dai não avieram resultados palpáveis. Por isso, queremos assegurar aqui que fizemos a nossa parte e estamos dispostos a continuar a fazer, mas até agora essa colaboração tem sido em vão".
Ainda defendendo o posicionamento, os empresários advertiram que "Nós cumprimos com as nossas obrigações, mas o nosso Estado não está a cumprir com as suas. Está a falhar: não 1 vez, não 2 e nem 3 vezes... está a falhar de forma sistemática em cumprir com a sua parte. Pior do que isso, essa omissão por parte do Estado moçambicano está a fortificar a indústria dos raptos. Somos cidadãos contribuintes do Estado, mas em paralelo acabamos por ser, de forma involuntária e violenta, contribuintes para a indústria de raptos. Pagamos impostos ao Estado, mas também somos obrigados a pagar vultuosos montantes financeiros em resgates às redes dos raptos e respectivos encobridores". Numa outra passagem da comunicação com sala cheia - transmitida ao vivo, - o grupo chamou atenção dizendo que "Nós não somos carne para canhão, somos cidadãos e contribuintes! Nós não somos cobaias, somos seres humanos!"
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