O
antigo general sul-africano Johann Smith atribuiu esta quarta-feira (27) a
génese dos ataques armados na província de Cabo Delgado à crescente influência
política da minoria maconde naquela área do norte de Moçambique.
"Julgo
tratar-se de diferendos entre os principais grupos tribais, dado que a
influência dos macondes, agora no poder no país, são um grupo minoritário de
cerca de 300 mil pessoas, mas que tem vindo a exercer muita influência na
tomada de decisões políticas em seu favor, e por isso o surgimento de uma
resistência à influência maconde que não está a contribuir para a estabilidade
daquela região", afirmou Johann Smith.
Segundo o antigo oficial
militar das Forças de Defesa da África do Sul (SADF, na sigla em inglês), a
origem do conflito naquela província no extremo norte de Moçambique, vizinha à
Tanzânia, "começou por ter uma motivação criminosa", mas neste momento
"ninguém tem o controlo dos vários grupos que se encontram ativos na
insurgência em Cabo Delgado", salientou.
"Do
ponto de vista militar, a importância estratégica de Cabo Delgado foi elevada
consideravelmente com a descoberta do gás natural, sendo o terceiro maior
jazigo jamais descoberto e julgo que é por isso que a zona se encontra tão
militarizada neste momento", declarou.
Johann
Smith adiantou que "infelizmente, devido à incapacidade das autoridades em
lidar cabalmente com a problemática, o recurso à intervenção militar não
resolverá a situação", antecipando, por isso, que a situação no terreno
"irá agravar-se antes de melhorar". Nesse sentido, o antigo militar
defendeu que a resolução da problemática
de insegurança em Cabo Delgado passa pelo "diálogo comunitário" e
pelo reconhecimento da situação no terreno "tal como ela é" pela
actual liderança política moçambicana.
O
antigo general disse que desde 01 de outubro já houve 308 incidentes naquela
região nortenha de Moçambique. Numa conferência esta quarta-feira, em Pretória,
sobre o extremismo violento em Cabo Delgado, o investigador sul-africano em
questões militares e de segurança, disse também que a insurgência naquela
província do norte de Moçambique "sofisticou-se ao ponto de terem
conseguido infiltrar-se nas Forças de Defesa de Moçambique".
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