A
senadora Jeanine Áñez, do partido oposicionista Unidade Demócrata, declarou-se
hoje (12) presidente da Bolívia. “Assumo imediatamente a Presidência”, disse
Jeanine, embora a bancada do MAS (domina dois terços do Legislativo), partido
liderado pelo ex-presidente Evo Morales, não estivesse presente no Congresso.
Jeanine
Áñez anunciou que decidiu “assumir imediatamente” a Presidência da Bolívia, em
seu novo status de líder do Senado, depois de considerar que no país havia uma
situação de vacância, devido à renúncia e abandono do país do ex-chefe de
Estado. Evo Morales, e do vice-residente Álvaro García Linera.Também
renunciaram aos cargos os presidentes do Senado e da Câmara e o primeiro
vice-presidente do Senado. Como segunda vice-presidente da Casa, Jeanine Añez
entendeu que cabía a ela assumir o posto deixado vago por Morales.
O
ex-presidente da Bolívia Evo Morales desembarcou nesta terça-feira (12) no
México, país que lhe concedeu asilo político.
O avião militar fornecido pelo
governo mexicano aterriou por volta de 11h (horário local), após ter feito uma
escala técnica no Paraguai e passado pelo espaço aéreo brasileiro. Ao
desembarcar, Morales voltou a dizer que é vítima de um “golpe de Estado”. “É
necessário continuar a luta, e estamos certos de que os povos do mundo têm o
direito de se libertar e colocar fim à opressão, mas há grupos que não
respeitam a vida nem a pátria”, afirmou.
Evo
Morales disse que “não vai mudar por causa do golpe” e que irá continuar “trabalhando
pelos mais humildes”. Denunciou, também, episódios de violência contra ele e
outras autoridades. “Eles [oposicionistas] queimaram tribunais, atas de
eleições e queimaram casas. Saquearam e atearam fogo na casa da minha irmã e na
minha em Cochabamba.”
O
ex-presidente também agradeceu ao México por ter “salvado sua vida”. Morales
governava a Bolívia desde janeiro de 2006, mas renunciou ao cargo no último
domingo (10), após ter sido pressionado por sindicatos, pelas Forças Armadas e
pela Polícia. Ele tentava obter um quarto mandato nas urnas e chegou a ser
declarado vencedor da eleição presidencial de 20 de outubro, mas o candidato de
oposição, Carlos Mesa, não reconheceu o resultado e foi às ruas para protestar.
Mesa logo foi ofuscado pelo popular líder fundamentalista cristão Luis Fernando
Camacho, hoje a principal figura da oposição.
A
Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou irregularidades na apuração da
eleição, e Morales chegou a convocar um novo pleito, mas não foi suficiente
para evitar sua queda. Além dele, também renunciaram o vice-presidente Álvaro
García e os mandatários do Senado (Adriana Salvatierra) e da Câmara (Victor
Borda), esvaziando a linha sucessória.
Camacho
é um político que diz não fazer política. Conservador e ao mesmo tempo
carismático, ele é proveniente das elites empresariais. Toda vez que se dirige
às multidões que o apoiam, ele faz uma "oração ao Todo-Poderoso".
Camacho
atua como presidente do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, uma entidade que, na
cidade mais populosa da Bolívia, Santa Cruz de la Sierra, é chamada de
"governo moral". Nos últimos anos, a cidade se transformou em uma
espécie de quartel-general da oposição a Evo. Durante as últimas três semanas de protestos
em todo o país, o líder da oposição foi apresentado em Santa Cruz como "o
presidente".
Filho
de empresários, o esforço de Camacho para obter reconhecimento nas instituições
de Santa Cruz foi rápido, assim como sua irrupção no cenário nacional.
Em
sua última aparição na cidade, em um dos vários conselhos organizados contra
Evo Morales, Camacho entrou em cena acompanhado de uma imagem da Virgem Maria e
com uma cruz como pano de fundo. Os
comitês cívicos da Bolívia reúnem diferentes setores das principais cidades do
país, incluindo empresas, sindicatos e comunidades.
0 comments:
Enviar um comentário