Em
Maputo, Fundo voltou a mostrar abertura para negociar possível programa de
apoio financeiro ao país. Para 2020, espera forte recuperação e baixa inflação,
além de empenho pelo desenvolvimento e redução da pobreza.
Conferência
de imprensa da missão do FMI, em Maputo. Ao centro, Ricardo Velloso
O
anúncio foi feito no final de uma visita de seis dias da missão do Fundo
Monetário Internacional (FMI) a Moçambique, esta quarta-feira (13.11). Mais de
três anos depois de ter suspendido a ajuda financeira ao país com a descoberta
das dívidas ocultas, o FMI mostra-se disponível para dialogar sobre um
eventual programa de assistência financeira ao país. "Se o Governo tiver
interesse em conversar sobre um possível programa de apoio financeiro do FMI,
nós estamos abertos a esse pedido e a ter essas conversas. Obviamente, o
programa não se prepara da noite para o dia, é necessário um trabalho preparatório", diz o chefe
da missão do FMI, Ricardo Velloso, lembrando que o novo Governo moçambicano só
entra em funções em janeiro. Em outubro, Abebe Aemro
Selassie, diretor do departamento de África do FMI,
já havia sinalizado a possibilidade ao admitir disponibilidade
para considerar um novo acordo de ajuda a Moçambique. Para já, segundo Ricardo
Velloso, Moçambique é um dos maiores beneficiários da assistência técnica do
FMI. "Nós estamos dispostos a trabalhar com Mocambique da maneira mais
próxima possível, da maneira mais conveniente possível para o
Governo," sublinha. "Isso pode ser em forma de consulta de
consultas anuais e um programa de assistência técnica bastante robusto,"
descreve o chefe da missão.
Barcos
da Ematum
O
programa de apoio financeiro do FMI a Moçambique encontra-se suspenso, na
sequência da descoberta das dívidas contraídas por três empresas com garantias
do Estado sem o conhecimento do Parlamento e dos parceiros internacionais - as
chamadas dívidas ocultas. Recentemente, Moçambique alcançou um acordo com
os credores da dívida contraída por uma dessas empresas, a EMATUM, que permite
reduzir os pagamentos dos juros dos ‘eurobonds' e prolongar a sua maturidade. De
acordo com Ricardo Velloso, "a reestruturação, que no final foi acordada e
implementada, é consistente com as análises de sustentabilidade da
dívida".
"A expectativa é de que esse 'rating' vai melhorar ao longo do tempo, dado que
Moçambique está empenhado em manter a prudência fiscal e em ter uma
administração dessa dívida pública baseada em doações e em créditos concessionais", acrescenta.
A missão do FMI saudou os esforços da Procuradoria Geral da República com vista
à responsabilização relativamente às dividas ocultas, bem como as iniciativas
do Governo para combater a corrupção e fortalecer a transparência.
As perspectivavas económicas de Moçambique para 2020 são de uma forte recuperação e
de uma baixa inflação - considera a missão do FMI. A equipa reiterou, no
entanto, a importância de o país forjar instituições mais robustas para ajudar
que a receita fiscal dos megaprojetos desempenhe um papel significativo no
desenvolvimento sustentável e na redução da pobreza. Espera-se que o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real venha a atingir os 5,5% em
2020, em relação aos 2,1% projectados para 2019. A inflação deverá permanecer
baixa, com uma ligeira subida para 5% no final de 2020 - em relação aos 3% no
final de 2019. A equipa do FMI considera ainda que a taxa de câmbio tem estado
relativamente estável e que as reservas internacionais aumentaram, passando a
cobrir mais de seis meses de importações esperadas para o próximo ano,
excluindo os megaprojetos. Entretanto, a missão do Fundo Monetário
Internacional recomenda "uma consolidação fiscal gradual a médio prazo,
com vista a regularizar o défice fiscal primário até 2022, salvaguardando ou
aumentando, simultaneamente, despesas sociais bem direcionadas".
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