Caíram dez milhões de dólares numa conta
domiciliada no Banco Internacional de Moçambique (Millennium bim) em Maputo, em
quatro transacções realizadas nos meses de Março a Julho de 2014, provenientes
de uma empresa denominada subsidiária da Privinvest, a empresa pivot do
escândalo “dívidas ocultas”. Esta informação foi revelada no dia 28 de Outubro,
pelo agente do FBI, Jonathan Polonitza, no décimo dia de julgamento de Jean
Boustani, o executivo da Privinvest, empresa que intermediou o negócio entre o
Governo de Moçambique, bancos e empresas em Abu Dabhi.
Jonathan Polonitza apresentou centenas de
cópias de mensagens trocadas entre os arguidos do caso e outros cidadãos, sendo
os principais actores Jean Boustani, o neozelandês antigo diretor da Credit
Suisse, Andrew Pearse e os moçambicanos Teófilo Nhangumele, António Carlos do
Rosário, Armando Ndambi . Os comprovativos de transferências foram
interceptados por agentes do FBI a partir de uma mensagem de correio
electrónico enviada por Jean Boustani a Manuel Jorge no dia 9 de abril de 2015.
De acordo com os dados apresentados no tribunal, o filho do antigo presidente
moçambicano, Armando N. Guebuza, foi chave para seu pai aprovar projectos das
dívidas. Os três projectos financiados pelas dívidas ocultas não foram
concebidos pelo Governo de Moçambique, mas sim foram da autoria da Abu Dhabi
Mar, parte do grupo Privinvest e submetidos ao então presidente da República,
Armando Guebuza para aprovação.
Jean Boustani, Teófilo Nhangumele e outros
intervenientes fizeram lobby para Guebuza aprovar o projecto. Foi então
convocado o filho de Guebuza, para convencer o pai a avançar com o projecto. Depois,
e de acordo com as provas apresentadas, o projecto foi aprovado e milhões de
dólares foram distribuídos a pessoas da elite política. Um email datado de 8 de
Abril de 2014 mostra parte da distribuição de valores de subornos. Estas
informações foram avançadas pelo Centro de Integridade Pública de Moçambique
que acompanha o julgamento de Jean Boustani em Nova Iorque, que decorre. “A
ideia de corrupção não partiu do governo de Moçambique, mas sim de Teófilo
Nhangumele”, que terá dito a Boustani que havia a necessidade de “massagear” os
membros do governo, disse Borges Nhamirre, do CIP.
Acompanhe a entrevista:
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