Depois de anos a fingir que nada está a
acontecer, a Procuradoria-Geral da República (PGR), qual uma virgem pudica,
decidiu encenar uma peça na vã tentativa de lavar a sua imagem. A PGR quer
convencer aos moçambicanos que sempre estive preocupado (e andou a investigar)
com o caso das dívidas contraídas de forma ilegal pelo Governo da Frelimo.
Subitamente, começaram a correr informações
sobre as detenções de algumas figuras envolvidas numa das maiores roubalheiras
de todos os tempos. O primeiro nome que começou a soar é a de Teófilo
Nhangumule e, mais tarde, ficamos a saber da prisão de Gregório Leão, António
de Rosário e assim por diante. Os moçambicanos menos atentos e sem nenhuma
emoção crítica devem ter achado a iniciativa do Ministério Público louvável, quando,
na verdade, se trata de uma tentativa de distrair os moçambicanos dos reais
problemas do país, sobretudo num ano eleitoral.
Na verdade, as pseudo-detenções públicas
levadas a cabo esta semana não passam de uma trapaça, um atestado de estupidez
para os moçambicanos, um teatro mal encenado por um punhado de gente que vive
na modorra física sustentado pelos contribuintes para fazer valer as leis. Sem
sombras de dúvidas, o Ministério Público está a tentar proteger os indivíduos e
deve ter consultado-os se queriam ou não ser presos e em quê condições isso
deveria acontecer.
Assistimos a PGR a encetar diligências junto
das autoridades competentes da República da África do Sul e dos Estados Unidos
da América para salvar Manuel Chang, antigo ministro das Finanças que assinou
Garantias bancárias violando a Constituição da República de Moçambique, de um
julgamento por fraude electrónica, fraude de valores mobiliários, suborno e
branqueamento de capitais. Além disso, é de conhecimento de todos que a
denúncia da PGR ao Tribunal Administrativo pode ter prescrito.
Há sensivelmente quatro anos que se conhece
os individuos envolvidos nas dívidas ilegais, mas a PGR fazia ouvidos moucos.
Aliás, a PGR que deveria defender os interesses do Estado moçambicano, que tem
sido defraudado impiedosamente todos os dias, tem estado do lado dos gatunos. A
título de exemplo, assim que o antigo ministro das Finaças foi preso, a PGR
acordou do coma profundo em que se encontrava a vegetar, e apresentou uma
suposta lista de arguidos no caso. Portanto, é no mínimo estranho essas
detenções.
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