O
comandante da PRM na cidade de Maputo, Bernardino Rafael, disse que foi
legalizada, na última sexta-feira, a prisão de Zófimo Muiuane, acusado de ter
assassinado a sua esposa, Valentina Guebuza, empresária e filha do antigo chefe
do estado moçambicano, Armando Guebuza. Zófimo Muiuane foi detido na última
quarta-feira na sua residência na cidade de Maputo, após ter baleado
mortalmente a sua esposa, cujos restos mortais foram, sábado passado (17), a
enterrar no cemitério de Lhanguene, em Maputo.O comandante
da PRM na capital moçambicana revelou que durante as diligências foi encontrada
mais uma arma não licenciada na posse do indiciado. Zófimo
Muiuane, chefe do departamento de marketing da operadora de telecomunicações
Mcel, casou-se com Valentina Guebuza a 26 de Julho de 2014 numa cerimónia
religiosa na Igreja Presbiteriana de Chamanculo, cidade de Maputo, local onde
também decorreu o velório da vitima.
Diversas
individualidades, de entre políticos, empresários e amigos da família Guebuza,
participaram da cerimónia.Na ocasião, o Presidente da República e do partido no
poder, a Frelimo, Filipe Nyusi, transmitiu a sua mensagem de conforto e solidariedade
á família Guebuza.“Estamos aqui para transmitir a nossa solidariedade e dizer
que aquele povo que conheceu e conhece, está consigo, está com a sua família
neste momento difícil da partida prematura da jovem Valentina da Luz Guebuza,
disse.
Durante o
velório, a família Guebuza classificou, igualmente, o assassinato de Valentina
“uma perda irreparável”. Valentina Guebuza, 36 anos, foi morta a tiro,
supostamente pelo marido, Zófimo Muiuane, na residência do casal em Maputo, e
deixa uma filha de um ano e seis meses.A família Muiuane, por sua vez, disse
estar envergonhada e revoltada com a acção do seu familiar.“Pedimos perdão à
família Guebuza', afirmou Armando Pedro, irmão mais velho de Zófimo Muiane, na
mensagem fúnebre.
Nascido nos anos últimos do jugo colonial, na
década de setenta, Zófimo fez a sua instrução primária na capital. Aqui também
fez o ensino técnico-profissional na Escola Industrial de Maputo. No seu
Curriculum Vitae (CV), consta uma passagem pela British American Tobbaco (BAT)
na delegação de Nampula, província onde jaz o cordão umbilical do seu sogro,
concretamente no distrito de Murrupula. Desemboca na Mcel onde trabalha, no departamento de marketing, onde
vezes sem conta foi o rosto da empresa
em eventos patrocinados por aquela empresa de capitais públicos.Zófimo Armando
Muiuane, iniciou a actividade comercial em Novembro de 2003, ao constituir com
Ismael Ribeiro de Pinho, a Izo - Importação e Exportação, Limitada.
Com dez
milhões de capital incial, o objecto social da IZO é a “importação e exportação
de produtos e prestação de serviços, representação de marcas e gestão de
participações sociais.Em Janeiro de 2010, junta-se a Tony Alves Camarinha e a
Eugene Swart e constituem a Capsstone Trade, Limitada. Dez mil meticais foi o
capital social da constituição desta empresa que tem como objecto principal “a
importação e exportação de bens e serviços, representações de marcas e
intermediação de parcerias.Em 2011 os sócios cederam a totalidade das quotas ao
jovem a que nos referimos, tornando-se no único sócio da empresa.
Nascida
pouco depois da independência, quando o seu pai ocupava uma pasta
ministerial no governo de Samora Machel, Valentina da Luz Guebuza, começa a
aparecer em várias parcerias económicas, tal como o seu pai, tios, primos e
irmãos.O primeiro registo de Valentina nas lides empresariais
data de 2001, quando, com o seu pai em 2001 (ainda não era Presidente de
Moçambique) que alterava a estrutura accionista, o pacto, as quotas e os
sócios, entrava com os seus irmãos, Armando Ndambi Guebuza, Mussumbuluko Armando Guebuza, na Focus 21,
Gestão e Desenvolvimento, Limitada.
Valentina é a presidente do Conselho de
Administração (PCA) da Focus 21, conhecida como a holding presidencial.
Valentina da Luz Guebuza é a gestora de várias empresas da família com destaque
para a Focus 21 que lidera desde 2006. Estudou Engenharia Civil na África do
Sul e, durante esse período, terá trabalhado num restaurante. No último ano de
curso, conta a filha Guebuza à FORBES, iniciou uma consultoria numa empresa de
Engenharia Civil e foi aí que terá ganho experiência prática na área.
A Focus 21
faria em Abril de 2005 uma nova alteração no pacto social e nas quotas, tendo
substituido na estrutura accionista Mussumbuluco Guebuza por Norah Armando
Guebuza, a irmã mais velha de Valentina. Em 2007, Valentina daria um salto
gigantesco ao ser accionista da Beira Grain Terminal no acto da sua
constituição. Nesta sociedade a filha de Armando Guebuza é sócia das empresas
Caminhos-de-Ferro de Moçambique, Empresa Pública (CFM), Cornelder de
Moçambique, SARL, Nectar Moçambique, Limitada, Sonipal, Limitada; Seabord Moz,
Limited, Rainbow Internacional; CFI Holdings, Limited e a Merec Industries,
Limitada. Dois milhões e setecentos mil meticais foi o capital inicial da Beira
Grain Terminal que tem como objecto social a “operação de uma terminal de
cerais a granel, no porto da Beira, em Moçambique.
Em Agosto de 2008, Valentina e seu irmão
Mussumbuluco e seu tio José Eduardo Dai (primo em primeiro grau de Tobias Dai,
irmão da então Primeira Dama, Maria da
Luz Dai Guebuza), constituem a Crosswind Holdings, S.A fundir as empresas Focus
21 e Rachana Global, Limitada. Dois milhões e quinhentos mil meticais foi o
capital social da Crosswinds que tem como objecto social “...o exercício de
actividade de construção e desenvolvimento de infra-estruturas”.
No mesmo ano de 2008, Valentina Guebuza e seu tio
José Dai e a Inforcom, Limitada constituem a Servicon, Limitada. Com a módica
quantia de vinte mil meticais no capital social, esta empresa tem como objecto
social a “actividade mineira; compra, tratamento, processamento, e venda dos
seus derivados, obras públicas, agricultura”.
Ainda em 2008, em Novembro, Valentina junta-se
novamente ao seu tio José Dai, ao seu irmão Mussumbuluco e a Carlos Nicolau
Salvador Júnior e constituem a Orbittelcom, Limitada. Duzentos mil meticais foi
o capital inicial da empresa que tem como objecto social a “informática e
telecomunicações”. Em 2009, ano em que o seu pai concorre para o
segundo mandato, Valentina, José Dai (o seu tio outra vez), Lilia Szakmesiter e
Voo Chong Min constituem a Moçambique Desenvolvimento & Investimentos,
Limitada. Em 2010, a filha do Presidente junta-se a Luís Filipe Pereira Rocha
Brito e constituem a IMOGRUPO – Investimentos e Participações, Limitada. Com um
capital de quinhentos mil meticais o objecto social desta empresa é, entre
outros a “aquisição, administração, locação e alienação de bens imóveis,
próprios ou de terceiros”.
Ainda em 2010, Valentina junta-se a Margarida
Maria Duarte Oliveira Nunes Figueiredo, Rita Maria Figueiredo de Sousa Borges
Furtado, Stephanie Baaklini, Sylvie Cristelle Lasoen, Mussumbuluco Guebuza e a
empresa OLOHA Investments, SA e constituem a Christiam Bonja Moçambique,
Limitada. Com cinquenta mil meticais de capital inicial esta empresa tem como
objecto social “o exercício da actividade de ouriversaria, joalharia e
relojoaria, com a máxima amplitude permitida, podendo, para o efeito, proceder
à importação...”.
Valentina é membro do Comité Central da Frelimo
saída do X Congresso daquela organização em 2012.Valentina era também presidente do Conselho de
Administração da StarTimes Media, uma Joint Venture entre a chinesa StarTimes e
a Focus 21 para a área da migração digital no país. A entrega, sem concurso
público, deste projecto milionário à empresa liderada por Valentina Guebuza foi
amplamente criticada por vários sectores da politica, e da chamada sociedade
civil.
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