O acirramento dos ânimos por
conta do confronto político-partidário chegou a tal ponto no Brasil que uma
pediatra de Porto Alegre se recusou a continuar o tratamento de um menino de um
ano e meio pelo fato de os pais da criança pertencerem ao Partido dos Trabalhadores
(PT) e ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol), ambos da base governista.
O caso, que ganhou repercussão no
Brasil e no exterior, está sendo investigado pelo Conselho Regional de Medicina
do Rio Grande do Sul (CRM-RS), depois que a mãe do menino, a suplente de
vereadora Ariane Leitão (PT), denunciou a pediatra Maria Dolores Bressan, que
lhe comunicou, via Whatsapp, que declinava, de maneira irrevogável, de
continuar o tratamento da criança, por a vereadora e o pai serem petistas – na
verdade, o marido é filiado ao Psol.
A repercussão do caso foi ainda
maior depois que o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul
(Simers), Paulo Mendes, disse que a médica tinha a admiração do Sindicato. “Ela
foi extremamente ética e honesta”, afirmou.
Procurado pela Sputnik, o CRM-RS
enviou a seguinte nota oficial: “O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande
do Sul (Cremers) comunica que foi aberta sindicância para apurar a denúncia
formalizada pela Sra. Ariane Leitão contra uma pediatra que teria se recusado a
dar continuidade ao atendimento de seu filho. Se a Comissão de Sindicância
considerar que houve indício de infração ética, será aberto um Processo
Ético-Profissional, que pode resultar em absolvição da acusada ou, caso
contrário, em aplicação de uma das penas previstas na Lei 3.268/57.”
Segundo o Artigo 22 da referida
lei, as penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais a seus
membros preveem as seguintes sanções: advertência confidencial em aviso
reservado; censura pública em publicação oficial; suspensão do exercício
profissional até 30 dias: ou cassação do exercício profissional “ad referendum”
do Conselho Federal.
Também procurado pela Sputnik, o
Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que, como instância recursal, só se
pronunciaria após parecer do CRM-RS.
A seguir, o texto da mensagem que
a pediatra Maria Dolores Bressan enviou a Ariane Leitão via Whatsapp:
“Bom dia Ariane. Estou neste
instante declinando em caráter irrevogável da condição de pediatra de
Francisco. Tu e teu esposo fazem parte do Partido dos Trabalhadores e depois de
todos os acontecimentos da semana e culminando com o de ontem, onde houve
escárnio e deboche do Lula ao vivo e a cores, para todos verem (representante
maior do partido). Eu estou sem a mínima condição de ser pediatra do teu filho.
Poderia inventar desculpas, te atender de mau humor, mas prefiro a honestidade
que sempre pautou minha vida particular e pessoal.
Se quiser posso fazer um breve
relatório do prontuário dele para tu levar a outro pediatra.
Gostaria que não insistisse em marcar
consultas mais.
Estou profundamente abalada,
decepcionada e não posso de forma nenhuma passar por cima dos meus princípios.
Porto Alegre tem muitos pediatras bons. Estarás bem acompanhada. Espero que
compreendas.” (SPUTNIK Brasil)
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