A
cidade de Durban, capital económica do KwaZulu-Natal, foi, terça-feira,(14),
palco de confrontos, com multidões de sul-africanos a vandalizarem e pilharem
lojas e bens pertencentes a estrangeiros, inlcuindo moçambicanos, que se viram
forçados a retaliarem os ataques, que se alastram ha três semanas, não obstante
promessas das autoridades de porem cobro a violência.A violencia xenofoba,
caracterizada por assaltos e saques a lojas de estrangeiros, forçou a polícia a
encerrar o centro da cidade.Os confrontos ocorreram pouco depois do Ministro
sul-africano do Interior, Malusi Gigaba, garantir a diplomatas de Moçambique,
Nigéria, Somália, Malawi e Etiópia que os cidadãos estrangeiros seriam
protegidos.Nao obstante o recrudescimento da violencia, as autoridades ligadas
a seguranca e justica consideram que “tudo esta sob controlo” e que 'não ha
xenofobia' e que a onda de tensao que se verifica ' e' ideologica'.A onda de
violência xenofoba na cidade de Durban ja causou a morte de pelo menos cinco
imigrantes, incluindo dois moçambicanos.Os ataques afectaram outras áreas de
KwaZulu-Natal e polícia está desde a noite de terça-feira em estado de alerta
máximo no centro da cidade de Durban.Milhares de imigrantes foram explusos dos
seus locais de residência em áreas de Isipingo, Chatsworth, Umlazi, KwaMashu e
Sydenham, e actualmente encontram-se acomodados em campos de trânsito.Armados
com machados, enxadas e paus, cerca de 1 000 imigrantes queimaram pneus,
preparando-se para se defenderem dos atacantes.Gigaba, que está a dirigir uma
equipa multisectorial para pôr cobro a situacao, garantiu que a polícia fará
tudo ao seu dispor, com vista a acabar com a violência. “Vamos detê-los e
julgá-los”, prometeu.“Posso dizer-vos agora que não é xenofobia, mas sim
'afrofobia' e estamos a controlar a situação”, disse o Ministro da Polícia da
Africa do Sul, Nkosinathi Nhleko.Instado a esclarecer a razão do governo negar
usar o termo xenofobia, Nhleko referiu que a violência não estava a envolver
todos os estrangeiros.
“É africano contra africano. Nao é contra outras
nacionalidades”.Sobre ataques contra paquistaneses e bengales em Soshanguve, a
norte de Pretória, o governante afirmou que a violência tinha motivacoes
ideologicas.Ingrid Palmary, professor no Centro Africano para Migração e
Sociedade da Universidade da Wits, descreveu os comentários feitos pelos
governantes de “frustrantes”.“O facto de atacarem estrangeiros, apesar de não
serem todos eles, não significa que não e' xenofobia”, disse, sublinhando que a
violência continua por causa do sentimento anti-estrangeiro.Trish Erasmus,
chefe do programa de Advogados para os Direitos Humanos e dos Imigrantes,
criticou o pronunciamento de Nhleko de que a situação estava sob o controlo e a
que a violência era ideológica.“Lembro que o antigo Prersidente sul-africano,
Thabo Mbeki, prometeu, em 2008, que o país iria fazer tudo ao seu dispor, com
vista a prevenir futuros ataques xenófobos”, disse.“Mas desde então”, de acordo
com Erasmus, “ataques contra estrangeiros, na sua maioria dos Estados vizinhos,
incluindo Moçambique, ocorreram por várias vezes no país”.À semelhança do
governo do Presidente Jacob Zuma, o Executivo de Mbeki também negou usar o
termo xenofobia.
O rei
Zulu, Goodwill Zwelithini, acusa o Ministro do Interior da África do Sul,
Malusi Gigaba, de usar “exageradamente” o seu poder politico, descrevendo-o de
um semi-deus, e a comunicação social local de estarem alegadamente a distorcer
os seus comentários sobre a alegada expulsao de estrangeiros, incluindo
moçambicanos, que têm exarcebado a tensão xenófoba na província do
KwaZulu-Natal.Gigaba, membro do governo indicado pelo Presidente Jacob Zuma para pôr fim aos
ataques xenófobos na região do KwaZulu-Natal, apelou as autoridades no país
para se distanciarem de comentários inflamatórios.Dirigindo-se este
fim-de-semana a imigrantes destituidos dos seus locais de residência, Gigaba
sublinhou que “os nossos dirigentes têm a responsabilidade de usar palavras construtivas
e não destrutivas”.Gigaba estava implicitamente a referir-se a um discurso
feito por Zwelithini, o mês passado, quando alegadamente apelou para a
deportação de estrangeiros, incluindo mocambicanos, cuja emigracao a Africa do
Sul e' secular.O rei zulu negou categoricamente que tenha apelado para a
expulsão dos imigrantes. Zwelithin afirmou que “estes dirigentes não deviam
agir como se estivessem a juntar gado”.“Peço a líderes políticos que nos
devíamos respeitar. A democracia não deve fazer-nos sentir como semi-deuses. Embora
todo o sul-africano tenha o direito a comentar sobre 'ubukhosi' (que significa
realeza), não vou permitir que seja insultado por pessoas que pensam que, por
causa dos cinco anos dados pela misericórdia de eleitores, agora são
semi-deuses e que devem ser adorados”, reagiu o rei Zwelithini. “Peco que os
políticos que comentaram sobre o que eu disse sobre estrangeiros devem fazê-lo
com conhecimento de causa. Devem perguntar ao Ministro da Polícia, Nathi
Nhleko, para saberem exactamente o que eu disse, uma vez que fi-lo a seu
convite. As pessoas não devem comentar só porque estão diante de microfones e
câmaras”, sublinhou.A comunicação social sul-africana não foi poupada pelo
soberano. Ele acusou empresas jornalísticas de distorcerem o seu discurso com
claro intuito, segundo Zwelithini, de aumentarem as suas vendas.“Advirto aos media para não queimarem o país, porque quando a Africa do Sul
estiver a arder irão esconder-se em baixo das saias das vossas mães”, atacou.Afirmou
que em vez de apelarem aos imigrantes para deixarem o país, os sul-africanos
deviam tomar os seus instrumentos de trabalho, de modo a produzir comida. Reiteradamente,
disse que a comunicação social reportou mentiras acerca do seu pronunciamento.
“Para incrementarem as vendas e receitas, os jornais devem mentir. São eles que
estão a causar mortes. Eles não nos amam. São piores que o regime do
Apartheid”, vincou.Zwelithini acrescentou que “para melhorarem as vendas, os media criam
controvérsias. Eles não escrevem notícias construtivas”.Fez menção da violência
dos anos de 1990 que, segundo o rei Zwelithini, foi exacerbada pela comunicação.
social.
Apesar de ter havido evidência de que a tensão era entre o “Inkatha”, do
príncipe zulu Mangosuthu Buthelezi, e apoiantes do “Congresso Nacional
Africano” (ANC), no poder, causada por uma terceira força, os media disseram
que as escaramuças eram entre os zulus e khosas.Referiu que “a distorção teve
êxito porque o 'pai' do meu povo foi morto”. Aqueles dias, de acordo com
Zwelithini, “as vendas de todos os jornais aumentaram. Enquanto descreverem
acerca deste monstro chamado zulus ou ngunis, que estão a se matar, tornamo-nos
monstros de todo o mundo”.O rei negou que tenha declarado guerra contra
estrangeiros e apelou aos zulus para obedecerem a lei e absterem-se da
violência.A dado momento, aconselhou aos zulus para que não permitam provocação.
“O meu conselho é que devem obedecer a lei”, frisou, acrescentando que “se
tivesse declarado guerra, a África do Sul estaria em cinzas”.Apesar de
Zwelithini se distanciar da violência, o jornal Mercury, editado em Durban,
confirmou ter gravado o discurso do rei, no qual falou da expulsão de
estrangeiros.Pelo menos sete estrangeiros, incluindo dois moçambicanos, foram
mortos, e milhares de outros viram-se obrigados a abandonar os seus locais de
residência, devido a violência, que se espalhou para vários pontos do
KwaZulu-Natal.
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