Está instalada uma desordem total no Instituto
Agro-industrial de Salamanga, distrito de Matutuíne, em Maputo. Três anos após o instituto ter iniciado os
cursos Agro-pecuária e Ecoturismo, o Governo mandou publicar um Boletim da
República em que extingue o curso de Ecoturismo e introduz o curso de Guia de
Turismo. São cerca de 100 estudantes do 2º e 3º anos do curso de Ecoturismo que
protestam a suspensão do curso de Ecoturismo ao meio. Entretanto, o
director do instituto, Valentim Nguenha, diz que a instituição está a seguir
com as novas regras de qualificação aprovadas pelo Programa Integrado da
Reforma da Educação Técnico Profissional (PIREP) e publicadas no BR, em
Dezembro do ano passado. O instituto vinha funcionando antes da publicação do
BR que o atribui competências.
Claramente vítimas da desorganização e irresponsabilidade do Governo, numa
carta endereçada ao ministro da Educação, os estudantes questionam: “É justo os
estudantes do curso de Ecoturismo pagarem pelos erros dos outros. Quando
concorremos e matriculamo-nos, disseram-nos que no instituto existiam dois
cursos, Agro-pecuária e Ecoturismo e não Guia de Turismo como aparece este
ano”, queixam-se.
“Na semana passada, o director disse que o curso de Ecoturismo não existe. De
quem é a culpa? Nossa não pode ser. Como é que foram introduzir um curso antes
de ser aprovado pelo Conselho de Ministros”, questionam.Segundo relatam, há
dois anos abandonaram o convívio familiar em busca de um futuro promissor, mas
agora deparam-se com a “desordem” e “enganos”.“Senhor ministro, a vida de
internato não é fácil. Toda a gente sabe que nem todos os encarregados de
educação têm condições para sustentar os seus filhos no internato. Anualmente,
temos que pagar 3.500 meticais de taxa de internato enquanto as condições não
são boas. A alimentação é uma lástima. Nem os que estão a cumprir penas nas
cadeias não têm este tratamento”, pode-se ler num dos trechos da
carta-denúncia.
Os estudantes dizem que desde que Nguenha assumiu as funções de director do
instituto em finais do ano passado, tudo mudou. O seu reinado é caracterizado
pela ditadura e abuso de poder.“O director Nguenha só manda. Não gosta de ouvir
a opinião dos estudantes. Ele sempre está certo”, dizem.
O director do Instituto Agro-Industrial de Salamanga, Valentim Nguenha, disse
que o Ministério da Educação, através da Direcção Nacional do Ensino Técnico
Profissional, vai arranjar uma solução para o assunto do curso de Ecoturismo. “O
instituto está a seguir com as novas regras de qualificação aprovadas pelo
Programa Integrado da Reforma da Educação Técnico Profissional (PIREP) e
publicadas no BR, em Dezembro do ano passado,” disse Nguenha.Explicou que o
instituto vinha administrando cursos baseados em programas do PIREP, mas em
Dezembro do ano passado foi publicado um BR que aprova as novas qualificações
que não englobam o curso do Ecoturismo. E o ministério deverá decidir sem
prejudicar os estudantes.“Nada posso fazer. Com o conhecimento das direcções
distrital e provincial da Educação reagimos junto do ministério. Estamos à
espera de uma resposta”, disse.
Valentim Nguenha diz que quando assumiu a direcção o instituto e o internato
estavam desorganizados. Então no processo de uma nova organização, algumas sensibilidades
podem ter ficado feridas.“Gosto de fazer coisas legais. Quando cheguei isto era
um clube nocturno. Estou a pôr a ordem. Desde a hora de acordar, 5 horas, até à
hora de dormir, 22horas. Queremos formar o homem do amanhã e não malandros”,
disse. (C. Saúte)
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