Os agentes das
forças de defesa e segurança em missão operativa na região centro País estão
cada vez mais agastados com a forma como são tratados pelo Governo e com o
número de baixas que lhe são infligidas por homens da Renamo. Há colegas seus
que morreram e os seus corpos nem sequer foram entregues às famílias. Estão com
a moral baixa e proibidos de reclamar. A unidade das Forças de Intervenção
Rápida (FIR) queixa-se de não estarem a receber os subsídios operativos e de
deslocação, a que dizem ter direito, quando são levados por um período de três
meses para as zonas de conflito armado, onde estão sujeitos a confrontações com
os supostos homens da Renamo.
Para além de subsídios, os membros da FIR, reclamam das alegadas péssimas
condições logísticas a que dizem estarem sujeitos, sobretudo quando são
destacados para o Batalhão misto que opera no troço Save-Muxúngue sob as ordens
do “comandante Sameiro”.
"A
situação logística em Muxúngue onde temos um batalhão misto FIR/Guarda
Fronteira é deplorável, porque estamos sujeitos a depender das outras forças
quer em transporte, como em alimentação" queixam-se os agentes explicando
que "a força que está bem em termos de logística, é a dos dois batalhões
mistos Guarda Fronteira/FIR comandada pelo comandante Amade e estacionada em
Gorongosa".
Os agentes dizem que o Governo tem neste momento três batalhões de forças
conjuntas (FIR/Guarda Fronteira) para além das FADM no terreno, que fazem rendição
de três em três meses. Os agentes afectos à uma das unidades daquela força,
procuraram o CanalMoz e dizem estarem cansados de serem vítimas de ameaças que
incluem transferências e expulsões, bem como de serem conotados com partidos da
oposição, isso quando exigem explicações aos seus superiores hierárquicos da
razão do não pagamento do tal subsídio que afirmam os chefes estarem a receber.
Por outro lado, dizem os agentes que "desde Março de 2013 até agora, na
FIR não existem férias, senão intimidações quando exigimos nosso direito".Queixam-se
igualmente de falta de clareza nas promoções, sobretudo para aqueles que dizem
terem ingressado nas fileiras em 1988.
Por outro lado, dizem que ao serem levados para o campo militar estão a ser desviado
da sua missão principal."Como é sabido por todo o mundo, a situação
político-militar que se vive no País desde Março do ano passado, o Governo
recorre a algumas forças para fazer face à essa situação, onde entre outras
forças, a FIR está inclusa, o que na nossa óptica estamos a ser desviados"
lê-se numa carta que nos entregaram, que acrescenta que "nesta missão (de
combate) e deslocação por muito tempo longe das nossas famílias, estamos a ver
os nossos direitos (ajudas de custos) serem usurpados ao contrário do que
acontece com outras forças".O que preocupa os agentes segundo afirmam, é
que nas referidas missões existem camada (altos oficiais) que antes de partirem
recebem valores monetários, mas a eles nada é dado.Os agentes da FIR, dizem que
"não sabemos nos expressarmos bem nem escrever correctamente, porque
muitos de nós interrompemos os estudos.
Contactado
pelo Canalmoz na tarde de terça-feira (25), o comandante da FIR, o general
Avelino Binda, começou por dizer que "esses agentes são indisciplinados,
porque não há que exigir férias e subsídios quando o País está em guerra".
"Quando os bandidos atacam, a missão da força especial é combater e não
andar a fazer exigências" disse o general Binda, deixando claro que
"não há nada de subsídio, porque o Estado dá comida às forças que estão
destacadas no terreno". "Eu também combati em várias frentes e fases
até nesta ultima guerra de desestabilização e nunca fiquei de férias nem exigi"
disse o comandante da FIR. Sobre os subsídios de deslocação ou ajudas de
custas, Avelino Binda explicou que "não existe nenhum subsídio porque eles
têm comida".
"O subsídio é atribuído quando se trata de uma deslocação de duas, três ou
cinco pessoas e não para muita gente e ainda em missão de combate. Contudo se
vocês do Canal de Moçambique quiserem podem ir perguntar ao Comando Geral da
PRM porque não existem esses subsídios, mas aqui eu digo que não há nada"
declarou o comandante Binda num tom muito vibrante. Para além de acusar os
agentes de serem indisciplinados, o comandante da FIR disse que "eu sei
que vocês do Canal estão contra a FIR por isso escrevem sempre mal contra a
FIR". "Por favor não nos desmobilizem nem nos desmoralizem, porque
nós estamos a cumprir a nossa missão. Escrevam como quiser, mas deve ficar
claro de que se os agentes têm problemas devem aproximar-se aqui ao comando e
não ir aos jornais" concluiu Avelino Binda. (B.Álvaro)
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