A Renamo, o segundo maior partido da oposição em
Moçambique e antigo movimento rebelde, aceitou parar com os ataques armados que
tem vindo a orquestrar contra as posições das Forças de Defesa e Segurança
(FDS).A decisão do partido liderado por Afonso Dhlakama surge na sequência do
entendimento alcançado em sede do diálogo, observado quarta-feira, entre aquela
formação política e a delegação do governo moçambicano.Segundo a edição de hoje
do jornal “Noticias”, as partes já identificaram os mecanismos para a cessação
dos ataques. Porém, o chefe da delegação do governo e actual Ministro da Agricultura,
José Pacheco, não mencionou tais mecanismos.“Não é relevante citar os
mecanismos nesta fase, porque estamos ainda a construí-los”, disse Pacheco,
sublinhando que os mesmos visam a cessação dos confrontos entre as duas partes,
bem como o desarmamento da Renamo.Em reacção à acusação da Renamo sobre um
alegado bombardeamento, com recurso a armas pesadas, levado a cabo quarta-feira
pelas FDS na região da Gorongosa, Pacheco disse que as FDS apenas defenderam-se
e estão, por isso estão a perseguir quem perpetrou o ataque ao carro da
Polícia. O chefe da delegação governamental lamentou a acção violenta da
Renamo que, na segunda-feira última, traduziu-se num ataque contra uma viatura
da Polícia, cuja missão era fazer reabastecimentos logísticos.Não obstante o
cenário que se verifica, o Ministro disse que as partes vão continuar a
trabalhar com vista a cessar os confrontos. A Renamo, na voz do chefe da
sua delegação ao diálogo com o Governo, apesar de aceitar parar com os ataques,
exige o envolvimento da comunidade internacional no processo que designa de
cessar-fogo.
Porém, Pacheco afirmou que, ao que tudo indica, existe
tendência de se tratar o assunto a nível doméstico entre as duas partes e com o
envolvimento dos observadores nacionais.“Na construção dos mecanismos, espero
que não haja imposições nesse sentido. Para já, há um entendimento de que
existem condições à escala nacional de darmos o tratamento doméstico a este
assunto”, indicou.Por seu turno, Saimone Macuiana explicou que as partes
continuam a discutir os assuntos que têm a ver com os mecanismos, garantias de
fiscalização e o controlo do cessar-fogo.“No diálogo desta quarta-feira,
pudemos reiterar os grandes avanços alcançados, que têm a ver com a necessidade
de cessar o conflito armado o mais rápido possível. Esperamos que ao longo dos
próximos dias possamos ter condições criadas para o cessar-fogo”, disse,
revelando que sobre esta matéria o seu partido colocou à mesa do diálogo
questões sobre as garantias de todos os militantes.Segundo Macuiana, a questão
central é que ao se chegar à situação de cessar-fogo, tem de estar claro que
não haverá em Moçambique detidos ou presos por razões políticas.“Isso tem de
acontecer, porque se cessarmos fogo e continuar a haver presos políticos, não
teremos resolvido o problema. O nosso objectivo é que possamos ter um
cessar-fogo duradouro que irá permitir que as gerações vindouras não possam ter
Moçambique em situações idênticas às que aconteceram depois dos acordos de
Roma”, disse, acrescentando que todos os aspectos negativos e positivos do AGP
deverão ser capitalizados no sentido de se procurar a melhor forma para uma paz
efectiva no país.Para além dos observadores nacionais aceites pelas partes, a
ronda do diálogo realizada quarta-feira também contou com a presença de peritos
militares do Governo e da Renamo.
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