Em nome do Governo da República de Moçambique gostaria, antes de
mais, de
saudar todos os presentes e apresentar os cumprimentos de boas vindas a todos os
ilustres Ministros e Secretários de Estado do Turismo dos Estados-membros da
CPLP, nomeadamente, Angola, Brasil, Cabo Verde, Portugal, São Tomé e Príncipe,
Timor Leste e Moçambique, bem como aos distintos convidados a esta reunião que a nossa Pátria Amada tem a honra
de acolher. Fazemos votos que todos se sintam bem e em casa, nesta pérola do Índico.
Na verdade, o sorriso carinhoso e acolhedor de Moçambique e dos moçambicanos, o
nosso calor humano, são algumas marcas que nos distinguem, de forma invejável,
como um povo amigo de si próprio e amigo dos seus amigos. Boas vindas, caras e
caros presentes! Acolhemos a presente
VII Reunião dos Ministros de Turismo da CPLP num momento em que o nosso País
vive ainda, com muita intensidade e emoção, os efeitos causados pelas recentes
cheias e inundações que fustigaram o nosso País, tendo ceifado vidas humanas,
destruído culturas, danificado infra-estruturas económicas e sociais e atirado
muitas famílias à condição de sem lar e à mais absoluta penúria. O Governo de
Moçambique enaltece a solidariedade humana manifestada de moçambicano para moçambicano,
que criou as condições para que mais rápido e eficazmente o Governo tivesse
prestado, de forma eficaz e a tempo, a assistência devida aos necessitados.
Igualmente, temos em alto apreço o apoio prestado pela solidariedade
internacional, pelos países irmãos, amigos e outros, no socorro às vítimas e no
restabelecimento da normalidade da vida dos nossos concidadãos que tudo
perderam, reconstruindolhes a auto-estima e devolvendo-lhes a esperança. Em
Junho de 2012, por ocasião da IX Conferência dos Chefes de Estado e de Governo
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que o nosso País teve a honra de
acolher nesta nossa bela e hospitaleira capital, a cidade de Maputo, cidade das
acácias, Moçambique assumiu a Presidência da Comunidade. Naquele encontro, os
Estados Membros da CPLP decidiram definir as bases de um entendimento comum para
a definição de uma Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional, com uma
abordagem do direito humano à alimentação adequada, sendo a erradicação da
fome, das carências nutricionais e da pobreza, propósitos da mais alta
prioridade. Na VI Reunião dos Ministros do Turismo da CPLP, realizada em São
Paulo, no Brasil, em 2010, os Esta dos membros da Comunidade assumiram o
compromisso de criar um portal da CPLP e provê-lo de conteúdo, visando
facilitar a troca de informações e de conhecimento entre os países da Comunidade,
nas áreas de promoção turística, oportunidades de investimento e formação
profissional. A VI reunião dos Ministros do Turismo da CPLP deixou também
expressa a forte intenção de estreitar a cooperação técnica com a Organização
Mundial do Turismo (OMT), considerando o carácter estratégico do Turismo, no
quadro geral da cooperação entre os Estados membros da CPLP e entre estes e o resto
do mundo, bem como o papel relevante que esta actividade pode desempenhar na
elevação do padrão da vida das populações dos países de Língua Portuguesa,
através de uma participação cada vez mais relevante na economia e bem-estar
social, por via da geração de mais postos de trabalho e riqueza. A presente
reunião, que se realiza sob o lema "Turismo: gerando renda, emprego e bem-estar
para a Comunidade!", tem como objectivo avaliar o desenvolvimento do
turismo nos Estados Membros, apreciar a estratégia de cooperação da CPLP em
matéria de Turismo, e a proposta de Acordo de Cooperação entre a CPLP e a
Organização Mundial do Turismo. Estes assuntos a serem tratados neste encontro,
consolidam em nós a convicção de que o Turismo constitui hoje uma das
principais plataformas sobre a qual assenta o desenvolvimento económico, social
e cultural de qualquer país, no contexto da globalização É, por isso nossa
expectativa que se produzam directrizes sobre as estratégias que os nossos
países devem adoptar com vista a assegurar o desenvolvimento de um Turismo cada
vez mais responsável e sustentável, que dignifique o Homem, que promova a conservação
e protecção da biodiversidade, assumindo o ambiente e os seus diversos
ecossistemas como a sua própria casa, uma casa própria e sã e uma causa a
defender em benefício das gerações actuais e as vindouras. O Turismo é, na
verdade, o espaço do desenvolvimento, preservação e respeito dos valores culturais.
De facto, o Turismo, como actividade de estímulo à nossa auto-estima, faz com
que nós sejamos sempre nós mesmos, cada vez mais nós próprios, erguendo bem
alto a bandeira da nossa dignidade e emancipação. O Governo da República de
Moçambique considera que a indústria turística desempenha um papel estratégico
na promoção do desenvolvimento económico e social, através da geração do
emprego, criação da renda, valorização do património histórico-cultural, promoção
da unidade nacional e da auto-estima dos cidadãos, famílias e comunidades,
sendo, ao mesmo tempo, um estímulo do desenvolvimento das outras actividades
económicas e sociais e culturais e um dinamizador de actividades economicamente
rentáveis e sustentáveis, tais como a conservação, a agricultura, a pecuária, a
pesca e o desenvolvimento de infra-estruturas económicas e sociais. A
localização geográfica privilegiada de Moçambique, com uma vasta costa de cerca
de 2700 km, a hospitalidade do nosso Povo, os recursos faunísticos, florestais,
marinhos, lacustres e fluviais, as nossas invejáveis riquezas paisagísticas e
culturais, colocam o nosso País numa posição estratégica para o desenvolvimento
do Turismo doméstico e internacional. Estamos, pois, cientes de que esta é uma
oportunidade ímpar para a troca de experiências, a promoção e divulgação das
potencialidades turísticas de todos os Estados membros da CPLP e, do nosso lado,
para, uma vez mais, formularmos o nosso convite ao sector privado nacional e
estrangeiro a investir no nosso País, sobretudo neste momento em que o nome de
Moçambique encerra em si mesmo, uma marca de confiança que ecoa vigorosa no
mercado internacional. Em Moçambique, o sector do Turismo contribui substancialmente
no combate que travamos contra a pobreza, pois emprega, directa e/ou indirectamente, as comunidades onde
os projectos estão implantados, e estimula a sua participação na conservação da
biodiversidade, promovendo a criação de acampamentos turísticos comunitários e
fazendo com que 20% das receitas de exploração das áreas de conservação sejam
canalizadas para as populações residentes nessas áreas e seus arredores. É,
pois, nossa ânsia que os países da CPLP adopte estratégias que promovam o
desenvolvimento de um Turismo baseado nas comunidades rurais e suburbanas, como
forma de valorizar algumas iniciativas das camadas mais desfavorecidas e criar
oportunidades de negócio e emprego. Por isso, fazemos votos que esta reunião
constitua um momento de celebração da nossa união que nos orgulha, tomando a
Língua Portuguesa, por pretexto e respeitando a grande diversidade cultural que
somos e que, ainda que fisicamente distantes uns dos outros, nos torna tão
próximos e tão amigos. Façamos, pois, deste encontro, um espaço para criar
sinergias, de modo a que a nossa comunidade possa tirar os maiores proveitos
possíveis do actual crescimento do Turismo internacional, sendo urgente na
nossa Comunidade a definição de uma estratégia de cooperação neste domínio, que
seja verdadeiramente vantajosa para todos e cada um de nós, assumindo a nossa
grande dispersão geográfica ao mesmo tempo como um desafio a transpor e como
uma vantagem comparativa e competitiva. Esperamos, pois, que esta reunião possa
potenciar a diversificação da indústria turística, abrangendo a imensidão dos
nossos recursos naturais e manifestações culturais dos nossos
países, incluindo
a gastronomia, a arte e o turismo cinegético. Acreditamos que a reunião vai reforçar
os entendimentos alcançados, com vista a tornar as nossas instituições mais modernas
e facilmente adaptáveis aos novos desafios que o sector do turismo impõe,
contribuindo, deste modo, para o combate à pobreza rumo ao bem-estar dos nossos
concidadãos, famílias, comunidades e povos. Não podíamos deixar de nos referir,
com preocupação, à situação actualmente vivida na Guiné-Bissau, membro da CPLP
que se encontra a atravessar uma fase difícil da sua vida como Nação.
Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para reiterar o nosso total apoio
ao Presidente José Ramos-Horta, mandatário do Secretário-Geral da ONU, nos
esforços de pacificação e de busca de estabilidade política para a
Guiné-Bissau. Esperamos que este país irmão volte, com a maior brevidade
possível, ao convívio desta nossa comunidade. Temos certeza que os nossos
irmãos guineenses saberão encontrar os melhores e mais eficazes caminhos para
restaurarem a confiança do povo guineense, o qual tem o direito de olhar o
futuro com mais esperança.
*Primeiro-MInistro, discurso na abertura da
VII Reunião dos Ministros do Turismo da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa(CPLP)
que teve lugar semana finda em Maputo
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